A frase é de Carlos Carvalhal, recém apontado treinador do Swansea com passagens por clubes distintos e variados em fases que todos nós desejamos esquecer, e que tem em braços a dura missão de manter os homens do País de Gales na Premier, apesar da horrível situação em que se encontram.

Carvalhal é um homem genuíno, com um inglês digno de membro da máfia, e é o homem que trouxe bandas sonoras para as conferências de imprensa ao dizer que sua equipa dançava música clássica, mas ele pedia Rock n Roll. No fundo, é um treinador que sabe o que tem e também sabe que isso é diferente do que quer. E por isso, reconhecendo a tarefa que tem pela frente, foi a sua vez de pedir umas quantas lagostas no prato, na esperança que as mesmas possam reverter um destino que parece quase certo.

Antes de Carlos, foi José Mourinho a dizer que não tinha dinheiro disponível para concorrer com o City e ainda antes deles… Jorge Jesus. O nosso treinador não pediu lagosta, nem 100 milhões para gastar num defesa, pediu “duas ou três prendinhas” no sapatinho de forma a atacar a segunda metade da temporada. E ainda que reconheça a necessidade de oferecer algo ao nosso treinador e que cada vez mais se veja uma equipa cansada e a precisar de sangue novo, a verdade é que existem presentes em forma de bacalhau e prendas em forma de lavagante.

A altura do mercado chegou, os nomes multiplicam-se e, como quase sempre, os lados do sportinguismo dividem-se nos julgamentos apressados que se fazem um pouco por toda a esfera digital. A qualidade, o preço, a fórmula, os comentários dos ex-adeptos, tudo isso será discutido até ao mais pequeno detalhe na tentativa de antecipar aquilo que jamais conseguimos prever: se o recém contratado será ou não uma mais valia para o imediato. E não importa se custa 3 ou 10 milhões, antes de pisar o relvado e antes de conhecer a equipa, nenhum de nós pode saber se temos lagosta ou sardinha.

Hoje, e passada praticamente a primeira volta do campeonato, o Sporting reconhece que jogadores como Alan Ruiz, Petrovic e Mattheus Oliveira não corresponderam ao investimento que foi feito e que não têm, nesta altura, condições para discutir um lugar no onze do Sporting. Depois, a necessidade de deslocar Acuña como alternativa a Coentrão obriga a que se aposte numa opção do lado esquerdo, que aliás foi uma lacuna que fomos detectando desde o Verão e a contratação que faltou no passado defeso. Por fim, a tentativa de adaptar Bryan a 8 pode vir até a correr muito bem (cof cof), mas até ao momento não foi mais que um recurso mal amanhado, que não ofereceu nada de novo à equipa e que nos deixa a sentir saudades de Adrien sempre que defrontamos e equipas que, tal como nós, privilegiem a posse de bola (nunca vou perceber porque é que Bruno César e Bruno Fernandes não jogam mais vezes juntos a meio-campo).

Bruno de Carvalho já assumiu, dará a Jorge Jesus tudo o que ele considera necessário, com a condição de que o mesmo não despreze as competições europeias e lute pela final da Liga Europa em Lyon. Com a condição de que use as prendas todas em prol do crescimento do clube fora de portas, algo que o nosso treinador tem insistentemente deixado para segundo plano, pela obsessão de ser campeão nacional. Uma resposta à altura do pedido do seu treinador, que demonstra a ambição que todos desejamos e rompe de vez com um dos pontos que mais tenho criticado na era BdC: a falta de visão europeia.

Da minha parte, um médio centro e um extremo esquerdo são as necessidades mais imediatas e urgentes, até porque já no final deste mês disputaremos o nosso primeiro troféu, frente ao adversário que mais nos está a complicar a vida esta temporada e numa altura que precisamos de marcar pontos nesta longa caminhada. Os reforços devem chegar e ajudar a equipa nessa missão, sabendo todos nós que teremos cerca de 17 jogos nos próximos dois meses e que se começa a jogar a fase de decisões.

Que se pense sempre na sustentabilidade do clube, que se considerem as necessidades imediatas de uma equipa com tantos objectivos (vamos todos acreditar que é para ganhar tudo) e que se consiga sempre ter em conta o nosso ADN de clube formador, que não vai compactuar eternamente com a ausência de algumas das nossas promessas, sabendo sempre que se do lado de cá virmos competência e acerto na hora de decidir, responderemos como fazemos sempre: com apoio incondicional.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa