Segundo fonte próxima da administração do Sporting, (um homem que vamos apelidar de Jorge Jesus para preservar a sua identidade) os leões pretendem atacar apenas mais uma peça neste mercado de Inverno e trazer para o plantel um jogador “que possa acasalar com Bas Dost”. A afirmação, para além de épica do ponto de vista comunicacional, revela uma necessidade que fica cada vez mais patente há medida que avançam as competições.

A ideia inicial, como todos sabemos, era a de garantir muito cedo Luciano Vietto, que acabou por optar por prosseguir a sua carreira em Espanha, com um treinador que bem conhece e num clube que pretende regressar aos grandes palcos europeus. Uma decisão que se entende mas que nos deixa órfãos de um jogador de créditos firmados, que chegaria no princípio da segunda volta e que nos daria garantias de golo na posição que Jorge Jesus se viu forçado a retirar do onze.

A verdade é que desde que Teo desistiu de jogar futebol que não encontramos um jogador com as suas características. Ficou claro desde cedo que Doumbia seria sempre uma alternativa a Dost, nunca um complemento, que Bruno Fernandes foi uma solução cozinhada mas que oferece uma criatividade a meio-campo que não deve ser ignorada e que Podence, apesar da quantidade de assistências que oferece, não tem sido opção nos grandes jogos, muito pelo que não consegue garantir defensivamente. E mesmo existindo Bryan Ruiz e Bruno César, nenhum deles prima especialmente pela velocidade, capacidade de pressão ou pelo instinto goleador.

Jorge Jesus quer um avançado com mentalidade de avançado. Um homem golo que não se limite a receber um cruzamento, mas que saiba criar, encontrar espaço e baralhe as marcações adversárias. Um homem complicado de marcar, como era Teo, pelo seu instinto mais vagabundo na linha que separa o meio-campo do gigante holandês. E que falta nos fez essa posição em jogos como os do Porto e Benfica, em que sentimos um isolamento total da nossa referência ofensiva, pelas amarras tácticas dos seus companheiros que mais vezes o alimentam. Se é verdade que Gelson, Bruno Fernandes e Acuña são os principais reis magos de Bas Dost, também é verdade que os jogos grandes exigem que se concentrem em muito mais vertentes do jogo e abandonem à sua sorte um avançado que não tem a velocidade nem a capacidade de pressão para resolver as coisas sozinho.

De todos os nomes que têm sido apontados, poucos são uma solução a longo prazo e todos nos dariam a mesma dor de cabeça daqui a seis meses. Contratar um jogador caro, por empréstimo, que nem pode jogar a Liga Europa, é uma daquelas decisões à Lopetegui que me arrepiam. Subir o patamar competitivo e o ataque ao mercado são sinais extremamente positivos, que sempre desejei para o meu clube e que vejo finalmente concretizarem-se. Gastar dinheiro para valorizar activos de terceiros sem qualquer perspectiva de os poder manter é entrar numa espiral perigosa em que o desejo de vencer nos tolda da responsabilidade enquanto clube. O Sporting tem de continuar no caminho da valorização dos seus “achados” ou das suas pérolas da formação. É a única forma de continuarmos a subir degraus neste caminho que está longe de estar concluído.

Nesse sentido, embora o nome de Sandro nos faça a todos soar as campainhas de “truta”, existem pelo mercado europeu muitos jogadores de qualidade, em clubes que disputam excelentes campeonatos, mas que não têm a ambição nem a dimensão do Sporting.
Espanha, França, Itália, Alemanha ou Holanda estão pejados de jogadores de enorme qualidade que procuram uma oportunidade num clube que lute por títulos e lhes permita jogar as competições europeias. Rapazes como Bruno Fernandes, Bas Dost ou Piccini. Mesmo que o Mister tenha de esperar mais um pouco, seria uma aposta mais segura da parte do clube.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa