A começar pelo princípio, tenho começar pela infância, pelo doce ar das tardes de Verão, eternas. Quando os nossos primos distantes nos visitavam, e passávamos horas num ringue pomposamente chamado de Centro Desportivo a bater penalties, uns contra os outros, para decidir quem no final levava a “Taça”.

E nesses tempos já bem recuados, os nossos ídolos eram gigantes… e para mim ainda são. Manuel Fernandes, Rui Jordão, Oliveira… mais tarde, Ralph Meade, Oceano, Cadete, Balakov, Iordanov… e muitos mais, por certo. Ora bem, do outro lado também havia ídolos, mas não eram os meus, nunca foram… nem com outra camisola, a das quinas vestida, eram meus ídolos… nem lhes conheço os nomes, nem tive ou tenho essa curiosidade. E passávamos tardes de glória ora uns, ora outros a bater aquela bola, e a aninhá-la lá, bem onde a coruja mora.

Mas passando a parte dos penalties, e dos resultados dos mesmos, para o que interessa, nós acabávamos a sessão de ziliões de pontapés na chicha quase sempre ofegantes, abraçados, e a gozar com os pontapés que cada um de nós ia falhando. A caminho de casa levávamos uma melancia com mais de 10 kgs, e ficava a refrescar dentro do poço, até ao lanche já tardio.
E este foi o sentimento durante tanto tempo…

Mas acabou, era bom, sim senhor, mas já lá vai. A culpa, segundo me informaram, é do nosso Presi. É turbulento, mal educado, espalhafatoso, infantil, e incómodo. Vai pôr o Sporting num buraco, e nunca mais vamos sair dele. E não adianta nada eu contra-argumentar que eles mesmo me disseram, no tempo do ” … faz falta um Sporting mais forte…”, que é este o presidente que faz falta ao Sporting. Até apetece dizer que o Sporting forte fazia falta, mas não tão forte assim… E quando eles me dizem que o Presi fala desta maneira, ou daquela maneira, que é desbocado, etc…, nunca ,mas nunca conseguem arranjar contraditório para o que diz, arranjam para a forma, não para o que é dito.

Aqui chegado, confesso-me. Tenho saudades dos meus primos, muitas. Do bater penalties, a tudo o resto que acompanha o crescimento de meninos a adolescentes e a homens. Imensas saudades. E quero tanto esses meus primos de volta… tanto. Mas quando penso um pouco mais, e me passa a nostalgia, vejo que eles em mim, iam querer mais do mesmo, e que me resignasse a ouvir mais do mesmo, que “faz falta um Sporting forte…”.

Nunca mais. Prefiro-os chateados, que a dar uma de irmão condescendente… Antes preocupados, que descansados!

(Esta semana o arrazoado pouco tem a ver com o rugby e peço desculpa por isso).

*às quintas, o Escondidinho do Leão aparece com uma bola diferente debaixo do braço, pronto a contar histórias que terminam num ensaio