Honestamente, era um jogo que me deixava algumas preocupações, aquele que tínhamos de disputar no passado sábado, em Vila Verde. É certo que o Vilaverdense vinha denotando uma visível quebra de rendimento, mas a verdade é que a equipa minhota havia imposto neste mesmo campo, um surpreendente empate a um golo, ao Braga, e sido derrotada somente por 2-3, frente às campeãs nacionais, em Alcochete.

Para além das razões aduzidas, há sempre uma motivação acrescida das nossas adversárias, quando se defronta uma equipa invicta há época e meia, nas provas nacionais, mas que vinha a denotar um abaixamento da qualidade exibicional, mais notada na última jornada.

Quando comecei a ver a transmissão oferecida pelo Sporting CP Futebol Feminino – Apoio, via Facebook, facto que é justo aqui realçar, e vi as condições de um sintético fustigado por fortes chuvadas, torci o nariz. As atletas do Vilaverdense, dotadas de boa compleição física, até começaram melhor do que as nossas Leoas, mas rapidamente se fez sentir a diferença de qualidade entre as duas formações que, volto a dizer, não se tinha verificado, de maneira vincada, no jogo da primeira volta.

Pela nossa equipa alinharam: Patrícia Morais, Matilde Fidalgo, Matilde Figueiras, Carole Costa e Ana Marchão; Carlyn Baldwin, Tatiana Pinto e Fátima Pinto; Ana Borges, Diana Silva e Ana Leite. Com uma defesa, muito bem comandada pela imperial Carole Costa, um meio campo muito generoso (o esclarecimento num terreno assim, só a espaços) e a dupla Ana Borges/Diana Silva em muito bom plano, não surpreendeu o primeiro golo, num lance pela direita, em que a nossa capitã, com a fantástica atitude costumada, roubou a bola à lateral adversária, entrou rapidamente na área, batendo a desamparada guarda redes adversária.

Eram decorridos somente oito minutos e o mais difícil estava feito. Aos 23, Diana Silva (excelente jogo fez a nossa avançada!) fazia o segundo golo, numa excelente combinação com Ana Borges, recebendo um passe de morte da nossa capitã. Ainda antes da meia hora, o jogo foi interrompido devido a uma chuvada intensa, acompanhada de forte granizo. Reatado que foi o encontro, agora com algumas “piscinas” aqui e além, Carole Costa foi chamada, cerca dos 31 minutos, à marcação de um livre, sensivelmente na mesma posição de que resultou o seu espectacular golo obtido frente ao Albergaria, na jornada anterior. Outra execução notável, a papel químico, com a bola a colar-se às redes no mesmo ângulo direito da guarda redes, a fazer um muito confortável 3-0, resultado com que viria a terminar a primeira parte. Golo que deu origem ao comentário do amigo luisvt quando o anunciei aqui na Tasca: “Diz que a Carol tem treinado livres com o Iuri, Bruno Fernandes e Mathieu a
altas horas da noite!”

Na segunda parte, direi que se lutou mais do que se jogou, dado o estado do terreno, embora tenham existido trechos de bom futebol por parte da nossa equipa. O nosso meio campo, principal motivo da minha desconfiança inicial, “quis demonstrar-me”
que os receios eram infundados. Embora a Tatiana Pinto demonstrasse melhoria considerável face aos seus recentes desempenhos, uma figura emergiu de forma impressionante. Refiro-me à Fátima Pinto que, em meu entender, encheu o campo com uma exibição plena de garra e determinação, bem secundada pela “formiguinha”, a Carlyn Baldwin (se aqui vem, as minhas desculpas, cara
Leoa, por lhe ter chamado Catlyn na última crónica!). Acho que há uns tempos atrás a Tatiana aqui vinha espreitar. Este àparte serve para ela também e para toda a equipa, quanto a algum cepticismo da minha parte face a este jogo…

Aos sesenta e cinco minutos, a Diana Silva em excelente antecipação à defesa contrária, encostou de pé direito, após centro milimétrico da Ana Borges, fazendo o quarto golo. Pouco antes do fim da partida (86 minutos) aconteceu o seu terceiro tento,
num subtil toque à saída da guarda redes contrária, obtendo o sempre muito saboroso hat-trick e fixando o resultado em 5-0. Excelente passe da direita, em zona intermédia, vindo da Matilde Fidalgo, a isolar a nossa avançada. Números que não estariam nos nossos prognósticos mais optimistas (nos meus, muito longe disso, homem de pouca fé!) e igualando o resultado obtido pelo Braga, em sua casa. nesta jornada, frente ao Futebol Benfica.

Para a segunda parte, a primeira jogadora que a nossa equipa técnica quis poupar, foi a Joana Marchão pela Rita Fontemanha, entrada logo no reinício. Decisão justificada também pelo maior poderio físico da nossa menina “talismã nos sorteios”. Depois do 4-0, se a memória não me trair (e a nossa televisão não me fizer corrigir…) a Ana Borges (que entrega e importância deste Leoa no jogo!) deu o seu lugar à Neuza Besugo, não sem que bem antes a Joana Martins tivesse substituido a Tatiana Pinto. Neuza que veio para o lado esquerdo do nosso ataque, passando Ana Leite para o lugar habitual da Ana Borges.

Numa análise a uma exibição de “barba rija”, num daqueles jogos em que subiu mais ainda a minha admiração pela bravura e classe das nossas atletas, Patrícia Morais, se os meus olhos me não traíram, evitou o 1-3 já na segunda parte, saindo corajosamente na “piscina” que se formou na sua área, para uma excelente e decisiva intervenção, quando a sempre briosa equipa do Vilaverdense procurava amenizar o marcador, e esteve igualmente bem no pouco trabalho a que foi sujeita, nomeadamente nos cantos, contribuindo para o merecido destaque de uma equipa que completou o décimo jogo seguido sem sofrer golos.

Matilde Fidalgo terá estado nas suas sete quintas, em face de um jogo em que se exigia muito empenho, algo a que ela, particularmente, nunca se furta. Para além disso, e não foi pouco, o magnífico passe a isolar a Diana no último golo. Matilde Figueiras, a nossa tranquila central que alinha no lado direito (obrigado Matilde por aquele fantástico corte no jogo da final da Taça que revi na passada sexta-feira a evitar, provalmente o 1-2 para o Braga) não comprometeu minimamente, um pouco abaixo da excepcional exibição da Carole Costa, uma vez mais o afirmo, a grande contratação do Sporting para esta época,
com mais um golo de livre admiravelmente executado. Aqui vou contrariar o amigo luisvt, pois aquilo será mais inspirado no Cristiano…

carole

Da Joana Marchão, a minha “netinha”, não me posso pronunciar com muita exactidão, mas pareceu-me bem no entendimento com a Fátima e a Ana Leite pelo nosso lado esquerdo. Não se visionava bem aquela zona do terreno, devido às condições atmosféricas e dificuldades da transmissão. Do meio campo já falei. Do ataque, parabéns à Diana, pelo seu “ressurgimento” e também à Ana Borges (que alma a desta mulher!). Reservei a Ana Leite para o final. Se na primeira parte me pareceu, como atrás referi, relativamente bem, na segunda esteve muito pouco inspirada, se bem que nunca regateasse esforço sendo, para mim, a unidade em menor destaque. Se estivesse a falar de algum jogador da nossa equipa principal de futebol, usaria por certo de maior contundência na apreciação… Ana Leite, dos pouco jogos vistos em condições de conveniente análise, parece-me ser,
das contratações desta época, a jogadora em menor evidência. Carolina Venegas à parte, pois a costa-riquenha fez apenas um jogo, creio…

Das jogadoras entradas na segunda metade, Rita Fontemanha, face à sempre denodada réplica do Vilaverdense, contemplou a parte defensiva, não se aventurando como a Joana Marchão nos lances ofensivos e esteve certinha. A Neuza procurou mexer com o jogo, tem “pinta” de jogadora, mas aquele campo não ajudava a tecnicismos. A outra Joana, a Martins, rendendo a Tatiana cumpriu, particularmente no denodo que era necessário naquela zona do terreno. No banco, estiveram ainda a Inês Pereira, a Ana Capeta, a Inês Salvador e a regressada às convocatórias, a promissora central Bruna Costa, afastada
por lesão há sete meses.

Com o hat-trick conseguido, a Diana Silva retomou a liderança das marcadoras, agora com 14 golos, ultrapassando a Vanessa Marques, autora de um golo de grande penalidade ao cair do pano, atingindo os 13. A Ana Borges, rainha das assistências, é agora a segunda melhor marcadora do Sporting com 9 golos, já que, como Ana Capeta (no banco) era autora de oito. Igual marca para a Sara Brasil, melhor marcadora do Vilaverdense, com um início de campeonato fulgurante mas, como a equipa, a descer de fulgor. Tatiana Pinto com sete e Fátima Pinto com cinco, formam o quinteto das melhores goleadoras da equipa. Realce-se que a Diana não tem golos de grande penalidade.

Temos agora, devido a compromissos da selecção, duas semanas de interregno, a que se segue no dia 4 de Fevereiro, o jogo com o Braga. Que não hajam lesões de molde a que a equipa se apresente na máxima força num jogo em que, se não acontecer uma derrota da nossa formação, se pode pensar na encomenda das faixas de campeãs, embora eu não goste de comemorações
antecipadas… “Obrigatoriamente”, espera-se, a realizar em Alvalade… e com transmissão pela Sporting TV…

Demais resultados da jornada:
Quintajense, 0 – Estoril, 6
Boavista, 3 – U. Cadima, 2
Valadares Gaia, 2 – U. Ferreirense, 0
Clube Albergaria, 3 – A-Dos-Francos, 1

Caso pontue no jogo em atraso com o A-Dos-Francos, no dia 21, o Valadares ascenderá ao quarto lugar da geral com 22 ou 24 pontos, deixando o Boavista a 3 (ou 1) aproximando-se mais do bom percurso da época transacta. Resultados normais, mas com realce para a vitória escassa da equipa do Bessa.

P.S. (1) – Nada de acordo com o resumo lido no Sporting Grande Jornal, de sábado, acerca do jogo, pela sua exiguidade (o que não me surpreende) e porque não foi um jogo de sentido único como se adiantou. Volto a referir que só a excelente exibição e postura das nossas jogadoras, poderá ter impedido o Vilaverdense de repetir uma gracinha que tanto jeito nos deu na possível decisão da Liga Allianz… Sim, POSSÍVEL, porque nada está ganho ainda! E é este espírito de não facilitismo, uma das razões do êxito da nossa EQUIPA! Uma lição, sem dúvida para aqueles que resolvem adormecer de quando em vez… Estive demasiado absorvido pela transmissão do Sporting Apoio e não dispensei a atenção que o Sporting-Fundão me merecia. O meu interesse na modalidade e o foco na feitura desta rubrica, justificam essa escolha. Mas um amigo Sportinguista atento já me fez saber que enquanto decorria o jogo da nossa equipa B, foi feita referência apenas ao resultado final do
jogo do futsal…

P.S. (2 ) – Aquando da visita do Vilaverdense a Alvalade no jogo para a Taça de Portugal, cheguei a dizer aqui que gostaria que o Sporting prescindisse da sua parte na receita do jogo, face à precariedade financeira da equipa minhota. Ontem, um “anormal” de um adepto da equipa da casa, a injuriar tudo o que mexia (até as jogadoras da sua (?) equipa), acompanhado de mais um ou outro adepto menos fã das nossas cores, aliado à notícia dado por um velho amigo Sportinguista, que para aquelas bandas proliferam os lampiões, fez-me pensar que bem estivemos em não fazermos de Pai Natal… Pela primeira vez na vida pensei no quanto desagradável deve ser para um árbitro ouvir os mimos habituais, nomeadamente quando se é mulher e se é tratado de “mula” para cima…

Numa breve ronda pelas outras equipas femininas em acção:
As nossas juniores venceram o terceiro classificado, o Futebol Benfica, por 1-0, resultado escasso, que não confirmou a robustez dos números do jogo da primeira volta (4-1). O golo foi da Beatriz Conduto. O Estoril, segundo classificado, venceu pela margem mínima, o último classificado, o Ginásio C. Alcobaça, por 3-2.

miudasjunires

As infantis venceram o CD Estrela “B” por 3-2 somando assim a segunda vitória no campeonato em que, relembre-se, competem com equipas de rapazes.
No nacional feminino de Futsal, a nossa equipa venceu, em casa, a formação do Golpilheira, terceiro classificado, por 2-1. mantendo o atraso de 6 pontos e tendo já assegurada a passagem à fase final. O jogo contou para a 13ª. jornada da fase zonal, das 14 que a compõem. Golpilheira e Quinta dos Lombos completam o grupo dos 4 apurados. O último jogo desta fase do Sporting é na visita ao Arneiros, último classificado. Na zona norte, por esta ordem, Novasemente Cavalinho, Vermoim e Nun’álvares estão apurados, sendo o quarto classificado a decidir ainda na última jornada, entre o Gondomar (19 pontos) e o Santa Luzia (17) que, curiosamente, se defrontam em casa do Gondomar. A última jornada de ambas as zonas tem lugar no próximo sábado, dia 20.

Resta-me desejar-vos uma boa semana, enquanto vou magicando na forma de arranjar tema que não vos adormeça, para as duas crónicas seguintes…

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino