O Sporting entrou apostado em surpreender o Porto, com Piccini a fazer de terceiro central e Gelson como vagabundo pronto a partir para o contra ataque, mas a manta ficou curta. De um bom jogo de futebol, com uma péssima arbitragem, sobra uma derrota que deixa a decisão do acesso ao Jamor totalmente em aberto para o jogo de Alvalade

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É inegável que foi um clássico bem melhor do que o último, a contar para a Taça CTT. Não sei se seria coisa para um 3-3 ou 2-2, como disse Jorge Jesus no final, mas teve inegavelmente mais lances de perigo junto de cada uma das balizas.

O primeiro veio de uma cabeçada de Soares, aos 6 minutos, que passou por cima e que resultou da dificuldade que o Sporting teve, ao longo dos primeiros 20′, para se organizar do lado esquerdo da defesa. Jesus entrou no Dragão apostado em surpreender com uma espécie de 3-4-3, o que pedia a Piccini que fosse terceiro central e aos laterais Coentrão e Ristovsky que esticassem e recuperassem constantemente. Coentrão entrou mal, Mathieu tinha que derivar constantemente para a ala, e o Porto carregava por aí.

E foi preciso esperar até aos 18 minutos para ver o outro lado da táctica leonina funcionar: Gelson, qual vagabundo, no apoio directo a Doumbia (que jogo terrível do costa marfinense), liberta-se de dois adversários, flecte para o meio e dispara para defesa fácil de Casillas. Na resposta, novamente pelo lado esquerdo da defesa leonina, Corona isola Brahimi que quando levanta a cabeça fica cego com a luz de Rei Patrício. Depois, os disparos de longe: Bruno Fernandes para defesa de Casillas; Sérgio Oliveira, de livre, a fazer a bola bater no poste.

Com isto já se tinha passado meia hora, Herrera não tinha acertado numa bola na pequena área e Ristovsky acertava, e bem, num lance desenhado por Gelson que terminaria com defesa de Casillas (a melhor jogada leonina em toda a primeira parte, num contra golpe desenhado com princípio meio e fim). Por esta altura, o árbitro João Pinheiro já tinha derrapado no que de bom prometeu nos primeiros minutos, apostando numa arbitragem caseira, tendenciosa e com uma dualidade de critérios gritante na amostragem de cartões amarelos.

E piorou no segundo tempo, agora deixando que quase todas as saídas e recuperações de bola leoninas fossem cortadas em falta, mas antes disso Doumbia teve oportunidade de renascer para o jogo, mas o seu remate desviou na canela de Ricardo. O golo veio do outro lado, numa cabeçada de Soares que apareceu solto entre Piccini e Ristovsky e as coisas podiam ter piorado se três minutos depois Rui Patrício não tivesse feito a defesa da noite e atirado a decisão da eliminatória para Alvalade.

Uma segunda mão que, em vez de começar 0-1, poderia começar 1-1, não tivesse Ruben Ribeiro, após combinação com o também entrado Montero, tremido quando tinha a baliza totalmente à sua mercê e procurado o passe em vez do remate. Foi o melhor período do Sporting em todo o jogo, aqueles dez minutos finais em que as peças voltaram a ficar mais nos seus lugares e em que, efectivamente, se tentou jogar mais a pensar em marcar do que em defender. Diz que fica para a segunda mão (e é o que todos desejamos).