Escrevo este texto depois de mais um jogo de muito sofrimento da equipa principal de futebol, em que vi um Sporting perdulário mas crente e determinado em vencer, depois de dois resultados negativos e das vitórias dos rivais. Adianto, ao prosseguir esta crónica, que os motivos que me levaram a não comentar aqui na Tasca há quase uma semana, se prenderam com cansaço visual, com os habituais sintomas bem desagradáveis e que nem o descanso a que me propus, dissiparam de todo.

Antes de me debruçar sobre o jogo de ontem frente ao Quintajense, quero pedir desculpa de não ter cumprido a promessa de me debruçar sobre os comentários feitos ao jogo com o Braga, mas as razões que invoco explicam esse facto. Não desisti de o fazer porque alguns me pareceram pertinentes, ficará para outra altura mais favorável.

Assisti ao jogo frente à equipa da região de Palmela através da plataforma mycujoo, numa transmissão de qualidade deficiente de um jogo disputado num mau sintético ou, talvez melhor, num sintético em más condições. Assisti provavelmente à exibição mais descolorida da nossa equipa feminina desde que a conheço mas, antes de entrar em pormenores, adianto a constituição do nosso onze.

Na baliza, a Carolina Vilão; Depois um quarteto composto pela Matilde Fidalgo, Mariana Azevedo, Bruna Costa e Matilde Figueiras; meio campo com Nadine Cordeiro, Joana Martins e Fátima Pinto; ataque reservado à Bárbara Marques, Diana Silva e Ana Leite. Ou seja, das habituais titulares, alinharam somente a Matilde Fidalgo, a sua homónima Figueiras (desviada para a lateral esquerda, ela que é central) a Fátima Pinto e a Diana Silva. Embora com presenças como titulares, a Mariana Azevedo, a Bruna Costa e a Ana Leite, têm, normalmente, ficado no banco, embora por diferentes motivos.

Fosse pela má qualidade do piso, fosse pelo ineditismo do onze, a verdade é que fiquei decepcionado com a exibição da nossa equipa frente à formação última classificada, com apenas 4 pontos e 4 golos marcados. E cedo foi aberto o marcador pela Fátima Pinto, após bom trabalho na ala direita da Diana Silva, embora me parecesse que a guarda-redes adversária não tenha estado isenta de culpas. Estavam decorridos 8 minutos.

Depois e sensivelmente até aos 25 minutos, o pior momento da nossa equipa, com desconcentrações sucessivas, como o atestam um canto cedido de forma inexplicável pela Matilde Figueiras num atraso para a Carolina Vilão. Passavam 16 minutos após o início. Dezoito minutos e a Diana Silva escapa-se pela direita, tendo a guardiã oponente defendido com o pé esquerdo, quando o golo se afigurava certo. Aos 19 nova fífia da nossa zona central defensiva e remate de uma jogadora adversária, a uns 20/25 metros da nossa baliza, com a bola a sobrevoar a nossa guarda-redes e a embater na barra! Foi a primeira e única oportunidade de uma equipa abnegada mas muitíssimo limitada.

Aos 29 minutos e numa altura em que se começou a assistir a uma melhoria exibicional do Sporting, novamente a Diana Silva, nada egoísta como é seu timbre, a ter novo bom trabalho, desta feita pela esquerda e a servir de bandeja a Bárbara Marques para o 2-0. Aos 32 minutos e na execução de um livre ligeiramente descaído sobre a direita do nosso ataque, a Matilde Figueiras bateu com intenção, obrigando a guarda-redes a defesa pouco ortodoxa, novamente com o pé esquerdo. Aos 36 nova grande oportunidade para o Sporting, com Diana Silva a escapar-se pela esquerda mas a atirar alto e ao lado. Aos 38, novo desplante, agora da nossa linha média, com uma jogadora do Quintajense a rematar fraco e sem direcção. O intervalo chegou com o 2-0 e uma exibição muito pouco conseguida da nossa equipa.

A segunda parte não trouxe melhoria na qualidade do jogo. O nosso domínio foi uma constante, mas o acerto não acompanhou a equipa onde, na construção, só a Fátima Pinto mostrava a sua valia, bem acompanhada pelas laterais, as duas Matildes. Apesar de me parecer mal batida no nosso primeiro golo, destaque para a guarda-redes adversária, com um punhado de boas intervenções que, aliado ao nosso desacerto da finalização, contribuiu para o escasso 2-0, ampliado mesmo no final da partida, numa jogada de insistência da Diana Silva que, isolada, atirou a contar.

diana-silva1

Repito: exibição muito descolorida das nossas Leoas que, espero(amos), não se venha a repetir até ao final da competição. Faltam 7 jogos, cinco dos quais em casa, há que não repetir a desinspiração de ontem… Compreende-se o descanso dado a muitas das titulares mas, como adepto, espero sempre o melhor das nossas meninas. Não esqueço que o Estoril foi, há duas jornadas atrás, bater esta equipa, neste mesmo campo, por 6-0 e igual resultado se verificou com o Futebol Benfica na jornada 14, na recepção à turma da região de Palmela…

Esperava também que a Diana Silva pudesse reforçar a sua posição como melhor marcadora da competição mas, o único tento marcado, impediu-a desse desiderato, já que Laura Luís, com 5 golos, (dos 13 com que o Braga brindou o A-Dos-Francos) chegou aos 16, mais um do que a nossa menina e dois do que a sua companheira de equipa, Vanessa Marques que, tal como a Diana, se ficou por um tento apenas.

Quanto às exibições individuais, destaco, como já deixei perceber, a Fátima Pinto, as Matildes (a Figueiras, apesar da fífia inicial esteve muito assertiva pelo seu flanco atacante) e a Diana Silva. Esta pelo seu espírito de lutadora não pelo discernimento em muitos lances. Ah, e um “pequeno” pormenor: apesar de não ter estado brilhante, esteve em duas assistências e marcou um golo. Talvez por ser só um e não ter mantido a vanguarda das marcadoras, fica em mim uma certa desilusão… A Bruna Costa está algo pesada, o que se compreende e a parelha feita com a Mariana, teve alguns lapsos, felizmente sem consequências. No ataque, a Bárbara, sem deslumbrar, esteve melhor do que a Ana Leite, muito inconsequente em termos de decisão já que teve iniciativas interessantes pela esquerda. Parece-me uma jogadora muito frágil fisicamente. A Neuza Besugo que rendeu a nossa jogadora vinda da Alemanha, também não deu as promissoras indicações de outras participações, revelando
algum individualismo. Pareceu-me a única substituição feita mas não garanto que esteja certo…

Admito alguma imprecisão nesta análise, atendendo às deficientes condições da transmissão. Se tal acontecer, apresento as minhas desculpas, embora que a atenção por mim dispensada ao jogo e a vaidade de me considerar minimamente competente para a fazer, não me suscitem muitas dúvidas.

Os resultados, para além dos acontecidos com Sporting e Braga, foram estes:
Valadares, 3 – U. Cadima, 1
Vilaverdense, 4 – Clube Albergaria, 2
Boavista, 0 – Futebol Benfica, 1
U. Ferreirense, 0 – Estoril, 3

A terminar as considerações sobre o tema, deixo este comentário:
“Estranho e muito, que uma estrutura do Futebol Feminino que está profissionalizada, na sua equipa sénior, esteja a ser gerida, no que toca à natural comunicação de boletins clínicos, com quase zero de informação. Quando a Solange Carvalhas se lesionou a 24SET2017 contra o Vilaverdense, a 28SET saiu um boletim clínico do futebol profissional do Sporting C.P. Entretanto com outras lesionadas, e algumas de longa duração (com intervenção cirúrgica, Constança Silva) e outras, não encontro registo dessa informação. Não será devida, sobre todos os aspectos?”

Uma pergunta formulada pelo Sportinguista e atento seguidor da modalidade, Humberto Fernandes e que julgo pertinente. O que aconteceu com a Carolina Venegas, agora regressada à convocatória? E com a Joana Marchão?
Quando um jogador do nosso futebol profissional tem um impedimento, recebe o mesmo tratamento? Claro que não. Não adianto mais nada… ou antes: que se reveja esta dualidade de critério.

As nossas juniores receberam e bateram o A-Dos-Francos por 10-1. Inês Macedo (por 3 vezes), Marta Ferreira (duas), Margarida Caniço (duas) Beatriz Conduto, Nicole Araújo e Laura Silva, marcaram os golos do Sporting. Carreira notável desta equipa, que conta vitórias em todos os jogos, com 91 golos marcados e apenas 8 sofridos. À hora a que escrevo, não disponho de qualquer informação sobre as nossas equipas de juvenis e infantis, mas não arriscarei muito se afirmar que não estiveram em actividade.

Em futsal, deslocou-se a nossa equipa ao muito difícil campo do Novasemente, tendo-se registado um empate a um golo. Lembro que foi uma derrota, em casa, com esta equipa, por 4-5. que nos terá afastado do título na época passada, pelo que, e atendendo a que defrontámos o vencedor da zona norte, se pode considerar este resultado, como positivo. Outros resultados:
Golpilheira, 3 – Santa Luzia, 1
Benfica, 3 – Nun’Álvares, 0
Vermoim, 2 – Quinta Lombos, 1

O FC Parada, cuja carreira faço questão de acompanhar aqui, defrontou, em sua casa, a A.D. Grijó, segundo classificado, tendo sido derrotado por 0-3, mantendo o terceiro lugar na sua série.

A terminar e porque vivo intensamente o meu Clube, face aos problemas de visão que referi, é meu propósito vir à Tasca somente na véspera da AG, deixando aqui a meu inequívoca posição sobre o momento que o Sporting vive, fundamentada na opinião aqui expressa por alguém cuja opinião muito prezo.
Uma boa semana para vós e para o Sporting.

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino