Depois de uma AG agitada, mal conduzida e organizada, com grandes responsabilidades para Jaime Marta Soares, os principais pontos polémicos (6 e 7) foram adiados para dia 17 fevereiro.

Neste momento os sócios já têm suficiente informação sobre quais as alterações propostas, em alguns casos foram explicadas as razões para a mudança, as quais satisfizeram/esclareceram mais uns que outros. De qualquer modo, as pessoas estarão mais que nunca preparadas para votar em consciência se concordam ou não com as mesmas.

Continua, ainda assim, por responder porque surgiu este tema numa altura crucial da época e qual a real necessidade e urgência das medidas propostas. Aliás inicialmente foi dito que só entrariam em vigor dentro de três anos e aí ainda menos se compreendia essa urgência. No entanto, nos últimos dias foi anunciado que afinal o regulamento disciplinar iria entrar em vigor de imediato e não depois do final deste mandato.

Foi também referido o exemplo dos rivais, que podem ter normas que terão semelhança com as agora anunciadas, mas tal não será propriamente o argumento mais convincente, até porque sinceramente nunca os vimos exatamente como modelo a seguir pelo nosso clube… não esquecer que estas novas normas que facilitarão muito mais a suspensão/expulsão de sócios passarão a ser válidas não apenas para esta direcção, mas para toda e qualquer futura, exceto se por sua iniciativa as vier a alterar.

Alega o presidente que a maioria das alterações tem a ver com questões linguísticas… obviamente que numa embalagem as pessoas pouco se preocupam se esta tem muito ou pouco papel de embrulho, mas com o verdadeiro conteúdo.
Não há dúvida que BdC tem sido bastante atacado pelos rivais, por uma comunicação social hostil, e também por um ou outro adversário interno. Terá assim razões para se sentir amargurado e acossado, embora não possa negar que trava demasiadas batalhas, muitas das quais desnecessárias e que apenas o desgastam, tanto respondendo ao presidente do rival como ao comentador de vão de escada. A publicação de uma lista onde misturou pessoas que nem sequer são sócias (logo que nunca poderão estar sob a alçada disciplinar interna com os novos estatutos), com outras que fazem oposição lamentável como o Sporting Independente ou comentadores hostis como Ribeiro Cristovão, com outros que apenas o têm criticado mais ou menos intensamente, além de ter acusado diretamente um sócio de ter entregado um vídeo ao Record sobre a AG – uma coisa é a autoria eventual do vídeo outra é se foi ele a entregá-lo que são duas questões diferentes e ambas muito complicadas de provar, foi um ato incompreensível e mesmo irresponsável. Tornou estas pessoas alvos da ira de sócios sem juizo crítico e sem capacidade de pensar no que sentiriam se em vez de outros fossem eles a ser assim acusados, de forma leviana, tendo alguns de imediato começado a retransmiti-la. Ou seja, fez-se uma condenação sem julgamento e decretou-se uma sentença, mesmo antes do CFeD ter podido analisar os vários casos.

Posteriormente e com apenas dois dias de antecedência viria a convocar os listados para uma “sessão de esclarecimento” que foi filmada para as câmaras da Sporting TV onde de facto deu para perceber a variedade de acusações que pendia sobre cada pessoa, dando a entender que se tratavam de publicações em grupos fechados ou páginas pessoais de facebook, ficando por saber como teve acesso a tais conteúdos.

Quando justificou a remarcação desta AG, alegou que já não pode ir ao café, que vive com um recluso em casa, sofrendo pois muitas limitações na sua vida pessoal. A questão que surge de imediato é se de facto uma mudança nos estatutos vai alterar esta situação, ou se são os ataques ou críticas internas que lhe provocam todas estas situações. Penso que a resposta é claramente negativa. Também não me parece que seja por causa dos estatutos que a equipa de futebol está a entrar numa fase da época em que se nota o cansaço dos jogadores e em que as pessoas questionam mais uma vez as opções e o discurso do treinador, embora todas acreditemos ainda que nos vai dar mais alegrias… E de qualquer modo se a questão é impedir as críticas nas redes sociais, o que impedirá um sócio depois de expulso de o fazer, ainda com vigor mais redobrado, nem que seja com um perfil falso? Serão os novos estatutos?

Porém, neste momento já não está em causa o que os sócios pensam sobre estas alterações. Porque sabem que se menos de 75% votarem a favor destes pontos, o presidente apresenta a demissão, de acordo com o que prometeu quando marcou a AG. Ou seja, o que vai ser votado é um plebiscito sobre a continuidade ou não do presidente.

Ora, isto é colocar uma pressão difícil de entender sobre os sócios e entrar por um caminho perigoso, onde sinceramente acho que ninguém sairá vencedor e o Sporting poderá ser o maior derrotado.

brunopreocupado

Bruno de Carvalho foi reeleito com 86% dos votos numa votação muito concorrida, há quase um ano. Embora esta percentagem incluísse pessoas de diferentes sensibilidades, incluindo alguns que tiveram sobretudo temor da alternativa que se perfilava na figura de PMR, a legitimidade deste presidente ficou bastante reforçada. A franja de sportinguistas que não deseja que o presidente continue ou termine o mandato é muito reduzida. Portanto não se percebe porque se sente na necessidade de subir a parada deste modo. Capricho? Insegurança? Medo que a equipa de futebol baqueie e que isso possa levar a descontentamento que recairá sobre si e para isso sentiu necessidade de arranjar esta manobra de diversão?

Se esta fosse a razão, BdC devia ter mais confiança nos sportinguistas. A maioria saberá verificar e valorizar as condições únicas que têm sido dadas ao treinador Jorge Jesus e no final da época, (que é quando se deve fazer o balanço) depois de 3 épocas em que se investiu como nunca e se cedeu ao modelo preconizado pelo técnico, se as coisas correrem mal, será o treinador que deverá ser responsabilizado. De qualquer modo ainda estamos na luta pelas 3 competições, depois de termos vencido a Taça da Liga. Os sportinguistas confiam aliás que BdC também saberá fazer essa avaliação sobre a atuação do técnico. Além disso, não esquecem a excelente carreira do Sporting nas várias modalidades, em que, ainda recentemente se conquistaram mais dois títulos europeus em atletismo e em que estamos a discutir o título em andebol, hóquei, futsal (onde vamos mais uma vez disputar a final da UEFA Futsal Cup) e voleibol, além da excelente prestação no ténis de mesa. Ou seja, se as coisas correrem mal no futebol no resto da época, ninguém vai pedir a demissão de BdC. Nem tal faria sentido algum. Para além disso, o Carnide e o seu presidente estão finalmente a ser pressionados sobre o conteúdo dos emails e várias outras situações vergonhosas, que não permitiram mais à CS continuar a fingir-se de morta em relação ao tema. Obviamente que esta polémica no Sporting caiu que nem uma bênção dos céus por aquelas bandas e se houvesse dúvidas bastava ver o contentamento de escroques como Rui Gomes da Silva e André Ventura a comentarem as incidências da AG do Sporting.

Considerando tudo isto, chego então ao título do post. Haverá forma de ainda se poder encontrar uma solução aceitável e que não acentue as fraturas internas que se antevêem e se não desejam quer no dia 17, quer principalmente depois dessa data?

Analisemos os cenários… uma das hipóteses seria BdC nem sequer ter avançado com o reagendamento das propostas, tendo em conta a controvérsia gerada e a sua não urgência. Infelizmente, depois de ter insistido na sua votação e dramatizado a questão já não parece lógico supor que pura e simplesmente desista da ideia.

Por outro lado, tem obviamente a possibilidade de manter tudo como está em relação aos 3 pontos, avançar para a AG exercendo pressão sobre os sócios, que deixarão de votar sobre as propostas mas sobre a sua continuidade, correndo sérios riscos de provocar várias cicatrizes e fraturas no interior do clube, como se vê já em pessoas que apesar de tudo continuam a apoiar a sua permanência e a reconhecer o seu trabalho. Na verdade, muitos votarão a favor das medidas, não porque concordem com elas, mas porque querem que ele continue à frente do clube, mas a partir de agora terão muito menos disponibilidade para continuar a dar o mesmo crédito ao presidente que davam até aqui.

Acaba aliás mais um pretexto que tem sido invocado para os problemas e menor desempenho do clube, sobretudo no futebol, embora não se entenda como dois ou três casos isolados ou mais graves como o de André Figueiredo que trocou mails com Pedro Guerra, são assim tão uma ameaça tão relevante para o clube. Ou seja, BdC pagará na mesma uma fatura, apesar de aparentemente ficar com o seu poder e força reforçados. Será mais um capital de crédito que gastará, apesar de obviamente também existirem pessoas que nem pestanejarão na hora de votar favoravelmente as propostas. Além disso, criar-se-á mal estar, seguindo-se tentativas de ajustes de contas e vendetas internas que só criarão mais instabilidade no nosso clube e que não trarão nada de positivo. E relembro que os atuais estatutos já prevêem penalizações para quem desrespeite ou difame os órgão sociais…

Sendo assim, quais as alternativas? No meu entender há duas:

Na primeira hipótese, BdC mantém tudo como está, mas adia a AG para o final da época. Os sportinguistas podem assim focar-se no apoio à equipa e em tentar inverter este ciclo negativo que se iniciou recentemente, tentando ajudar à obtenção dos êxitos que todos queremos. Entretanto a temperatura interna arrefecerá, o próprio presidente que parece atravessar um período de alguma saturação e perturbação, poderá serenar e tranquilizar mais os adeptos e provavelmente a discussão nessa altura será muito mais calma.

Na segunda hipótese, BdC manterá a data do dia 17, deixando apenas de vincular a sua permanência no clube à condição dos 75% de aprovação dos 2 pontos iniciais. Pode na mesma submeter o ponto 3 (a sua continuidade) a votação e não tenho grande dúvidas que muitos que não quererão aprovar as alterações nos estatutos (pelo menos na totalidade das que são propostas) lhe dirão que querem que ele continue. Não se tratará de uma cedência mas de demonstração de consideração pelos sócios e pela sua sensibilidade, ao mesmo tempo que mantém a coragem de se submeter (e sem que fosse necessário) novamente a um “subfrágio” menos de um ano depois de ter sido reeleito por uma votação expressiva.

Qualquer destas duas alternativas me parece preferível à que se perfila e reforçará claramente a posição interna do presidente e defenderá os interesses do clube. Resta agora ao presidente Bruno de Carvalho e aos que o rodeiam, que infelizmente parecem muitas vezes contribuir mais para o agravar da agitação do que para serenamente encontrar as melhores soluções, refletir adequadamente sobre o assunto e sobre o que será mais positivo para a direção, adeptos, sócios e sobretudo para o futuro do Sporting Clube de Portugal.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Leoníssimo
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]