Luís Pina, adepto do Benfica que estava em prisão preventiva por suspeitas na morte por atropelamento de um ‘tiffosi’ italiano em abril do ano passado, vai ser libertado.

O advogado, Carlos Melo Alves disse ao Expresso e à agência Lusa que Luís Pina, em prisão preventiva desde 29 de abril, “vai ser libertado de imediato”, porque não foi proferida a decisão instrutória no prazo máximo de dez meses, após a data em que lhe foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva. Esse prazo de dez meses terminou na quinta-feira, 1 de março, e a instrução – fase facultativa e que visa confirmar a acusação do Ministério Público ou o arquivamento do processo -, requerida pelo arguido, começa no final de março no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

O irmão de Marco Ficini não compreende como é que a justiça portuguesa deixou que a prisão preventiva do adepto do Benfica responsabilizado pela morte do italiano, nas imediações do Estádio da Luz, tivesse chegado ao fim e que ele aguarde em liberdade por julgamento.

luispina

«Fiquei a saber pela Imprensa que o assassino que matou o meu irmão Marco será libertado e sinto como tivesse sido atingido por um murro na barriga. Mais uma dor que vou ter de aguentar. A nossa família, nos últimos meses, sempre preferiu a total privacidade, recusou convites, embora tenham agradecido, da Fiorentina e do Sporting para participar em eventos em memória de Marco. No entanto, não podemos ficar calados após esta notícia que dói bastante. Não esperávamos isto das autoridades judiciais portuguesas, que tinham capturado o assassino, isto depois de ele ter fugido. Nestes meses, todas as necessárias investigações por parte da acusação contra os numerosos imputados (22 no total). Num processo complexo como este, como é que deixam que o tempo da prisão preventiva termine. Nós perguntamos: Porquê? Por respeito ao nosso irmão que foi brutalmente assassinado em Lisboa, o assassino deveria de esperar as decisões dos juízes preso. Mas isso não vai acontecer, pelo que parece. Agora, existe o perigo que ele fuja, se levarmos em conta o seu comportamento depois do assassinato, faz com que estejamos com medo», revela o comunicado do irmão de Marco Ficini.

Nuno Saraiva, director de comunicação do Sporting, também abordou a situação.
“O alegado assassino de Marco Ficini – membro da claque No Name Boys que, como todos sabem, não existe –, que beneficia do patrocínio de um dos mais caros advogados criminais do país – resta saber se quem está a pagar a fatura dos seus serviços não é a mesma entidade que diz que “nunca sube que o benfica tinha claques” [sic] –, foi libertado por razões de natureza burocrática. Isto é, tendo-se esgotado o prazo de prisão preventiva sem que tenha sido proferida decisão instrutória, o suspeito estará de pantufas a aguardar que a Justiça funcione. Isto é um escândalo e uma vergonha só verificável em países de terceiro mundo”, escreveu o diretor de comunicação do Sporting na sua página de Facebook.

“Sem prejuízo do pilar fundamental que é a presunção de inocência, um crime de sangue e de ódio – Marco Ficini foi morto porque era do Sporting CP –, é um crime de sangue e um crime de ódio, por isso, não pode ser tratado como se de um furto de gel de banho se tratasse. Por respeito à memória das vítimas, por respeito às famílias das vítimas e por respeito à vida humana. E, tão importante como as razões anteriores, é o alarme social que esta decisão provoca que é manifesto, e que a Justiça tem que ter em conta, mesmo sabendo que estamos perante uma medida de coação e não uma pena.”

E concluiu: “Confiamos na Justiça? Claro que sim, até porque no dia em que deixarmos de confiar mergulhamos na anarquia absoluta. Mas só podemos respeitar a Justiça se ela própria se der ao respeito. E, no caso do assassinato de Marco Ficini, como em tantos outros, é a Justiça quem se está a pôr a jeito”.