Depois de ficarmos a saber que os processos em aberto no Ministério Público contra o Benfica e em fase de investigação, tiveram de ser alegadamente retirados de várias plataformas informáticas e especialmente depois de sabermos que todas as buscas realizadas no Estádio da Luz ou nas residências de dirigentes foram, alegadamente, do conhecimento prévio dos visados, podemos todos imaginar o quanto irá ser difícil à nossa Justiça concluir com sucesso a acusação contra a Rapaziada do Benfica.

Todos estes factos que já vieram a público são de uma gravidade absurda e mesmo com toda a alegada máquina de propaganda a carburar alegadamente dia e noite, é difícil não conseguir identificar uma série de alegados crimes, todos eles punidos por lei. Alegadas infracções que abarcam um espectro bastante largo de penas, mas que já dão para fazer um retrato bastante fiel do que alegadamente esteve por detrás destes procedimentos alegadamente condenáveis. Vamos lá então tentar visualizar o alcance da “paródia”.

Em qualquer organismo que se relacionasse com o futebol, o Benfica alegadamente instalou no mínimo toupeiras, no máximo alegados dirigentes, com poder decisório, para nem sequer precisar de encobrimento. Polícia, MP, IPDJ, Liga, FPF, Conselho de Arbitragem foram alegadamente ocupados por ativistas acérrimos que alegadamente não hesitaram nunca entre a lisura do cargo que ocuparam e o alegado favorecimento ilegal do Benfica.

Seguindo o modus operandi que também foi alegadamente aplicado à imprensa, o clube da luz “plantou” alegadamente operacionais de confiança absoluta que desvirtuaram alegadamente durante anos a fio as competições nacionais, quer na regulação, quer nos castigos, notas ou nomeações. Se isto não é um parodiar de todo o futebol, fazendo dos competidores e adeptos um bando de alegados otários, expliquem-me o que é.

Em todo o caso convém reflectir que, se não for aplicada uma exemplar medida de justiça cível e desportiva a esta alegada máfia encarnada, será dada uma enorme e destrutiva luz verde a todos os que já defendem que não é possível deixar de entrar nestes esquemas alternativos de garantir sucesso desportivo. A partir desse ponto, todos os clubes, repito, todos os clubes, se sentirão autorizados a cometer as ilegalidades que forem capazes, numa espécie de oficialização de campeonato paralelo, onde os euros valem pontos e a verdade é substituída por um trágico “faz de conta que isto não é tudo mentira”.

Chegados a esse patamar e generalizando a corrupção e o banditismo, muitos virarão costas ao desporto português e preferirão ser adeptos de clubes que não sofram buscas de 15 em 15 dias, adeptos de clubes em que os seus dirigentes não tenham negócios de alegado tráfico de droga, alegada prostituição ou alegada segurança privada.

Não sei como, mas perante tudo o que se tem passado, o Governo continua a dar provas de verdadeiro autismo, assistindo a tudo de forma completamente passiva, aguardando dentro da carapaça que a tempestade passe. Não vai passar e como governantes mandatados para proteger instituições de ataques, como os que alegadamente, já ocorreram, têm mesmo de dar mostras que estão a levar estes processos muito a sério, têm de dar provas que também eles são independentes o suficiente para despromover qualquer clube que faça o que o Benfica alegadamente tem feito, têm de dar provas que não têm medo de colocar atrás das grades todos os dirigentes que façam coisas como os que o do Benfica alegadamente têm feito. E isso urge, ao contrário do que o Sr. Primeiro Ministro provou ainda ontem.

Para mim a questão deixou há muito de ser “se o Benfica for punido”, mas sim “se o Benfica não for punido”. Um clube não é o todo e como vimos já noutros campeonatos, um país não pode temer a força de um emblema, pois se o fizer, acabará por destruir todos, inclusivé esse mesmo clube. Deixar um crime passar impune é na verdade um duplo erro. Não se pune um infractor e estimula-se a repetição da infração. Ou seja, ou Portugal acaba com a paródia ou a paródia acaba com Portugal. Alegadamente.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca