Pedro Barroca, filho de um bicampeão europeu e que chegou a ser apelidado de “Alex Ferguson do futebol português”, apadrinhou, como jogador, a estreia de Jorge Jesus, como treinador. Foi no Amora.

Com o atual treinador do Sporting, Barroca aprendeu muita coisa, mas também viu características com que nunca se identificou, principalmente a forma com Jesus lidava com os jogadores: “Era demais para os jogadores. Tinha colegas meus que não podiam com ele. Ele levava as pessoas ao limite. Lembro-me, nos treinos, quando ele explicava os exercícios aos jogadores e o que ele queria, caso os jogadores não conseguissem à segunda ou à terceira ele chamava tudo e mais alguma coisa à malta. ‘Vais mas é jogar para o Cascalheira’.

“Mas ele tem uma coisa boa que muito poucos treinadores conseguem e que para mim, é muito importante. Ele é muito bom a transportar os ensinamentos teóricos, ou seja, tudo o que nos explicava no quadro, para o treino, no campo. E isto é muito importante. É que há muitos treinadores que sabem muita teoria, mas depois têm dificuldade em replicar isso nos treinos práticos. E é nisto que ele é muito bom. Tem essa sensibilidade. Consegue transformar tudo o que é estático, em movimento.”

“Tanto que nós, com ele, jogávamos de olhos fechados. Já sabíamos que o nosso colega ia estar ali. Podíamos passar a bola que ele ia lá estar. Nesse aspeto, o Jorge Jesus é muito bom, agora em termos motivacionais peca muito. Muitas das vezes nem os titulares estavam satisfeitos com ele quanto mais os que não jogavam.”

Barroca recorda a incessante procura de Jorge Jesus pela perfeição, e para o, então treinador do Amora FC, havia um modelo a seguir: o Milan de Sacchi, Gullit, Ancelotti e Van Basten. “Ele obrigava-nos a ver o Milan jogar. Chegávamos a estar horas seguidas a ver o Milan, sempre que havia estágios lá estava o Jesus a meter os jogos do Milan.”

entrevista publicada no site Bancada