Esta súbita aparição de António Salvador e do Sp. Braga como setas apontadas ao Sporting Clube de Portugal, só espanta quem andar desatento. Aliás, o que se tem passado ao longo desta pausa no campeonato, com constantes acendalhas atiradas para as capas do pasquins desta vida de forma a atear pequenas fogueiras que causem fumo suficiente para desviar atenções do e-toupeira e de todo o escândalo de corrupção envolvendo o benfic@, é uma estratégia tão visível que se torna patética.

Quando me perguntam a minha opinião a respeito do Braga, resumo tudo num exemplo: final da época 15/16, o Sporting vai a Braga tendo que ganhar e esperar um deslize do benfic@ para ser campeão. E ganha, espetando quatro batatas aos arsenalistas que, mesmo goleados em casa, terminam a partida em festa, entoando o “bailando” e celebrando o facto do Sporting não ser campeão.

É esta a cultura do Braga, clube que diz querer intrometer-se na luta pelo título, mas que tem como principal objectivo agarrar as migalhas de benfic@ e fcPorto, fazendo o que estiver ao seu alcance para se posicionar como eterno 3º e aliado de peso na estratégia de bipolarização do futebol nacional que se arrasta há décadas e que tem o Sporting como principal empecilho. É, aliás, de uma total falta de honestidade, ouvir António Salvador, porta-voz do G15. Para os mais desatentos, o denominado G15 foi formado pelos 15 clubes ‘pequenos’ da 1ª Liga com o objectivo de reunir consensos sobre uma série de assuntos em que se sentem prejudicados pela ação dos três ‘grandes’, tais como direitos televisivos e organização e regulamentação de competições. O presidente do Marítimo, Carlos Pereira, foi o primeiro a sugerir publicamente a formação deste grupo, numa perspetiva de pensar o negócio futebol, sendo prontamente apoiado por António Salvador e Rui Pedro Soares. Preciso escrever algo mais?

vieira-salvador

Por esta altura, muitos de vocês perguntarão: mas, ó Cherba, e o post do nosso Presidente no facebook. Não gosto. Não é que o dito senhor não mereça ouvir aquilo ou pior, mas voltamos ao mesmo problema comunicacional: a forma esmaga o conteúdo e isso é dar trunfos aos adversários e aos haters.

Mas voltemos a viajar no tempo, desta feita até 2016, poucos meses após esse jogo em Braga de que já vos falei. benfic@ e Sp. Braga foram os protagonistas do negócio desse verão: a mudança de Rafa da Pedreira para a Luz aconteceu a troco de 16,4 milhões de euros e passou a ser a transferência mais cara de sempre entre emblemas portugueses. Um negócio que se revelava um preâmbulo do entendimento que existe entre os dois dirigentes e que já se notava antes de ambos serem eleitos, em 2003, líderes das SAD’s de Benfica e Sp. Braga.

O sentimento de admiração entre ambos é constantemente evidenciado e jamais colocado em causa nem mesmo quando as ‘águias’ desviam jogadores do Minho, como aconteceu com Guillermo Celis. Aliás, uma mão lava a outra e o Jorge Mendes lava as duas, ou não fossem estes os dois clubes que servem de lavandarias aos superM e que nos oferecem maravilhas do contorcionismo como a novela André Moreira, um guarda-redes que veio do Atlético de Madrid para fazer a pré-época no benfic@ e que acaba a passar do futuro dono da baliza encarnada para o jogador que é emprestado por uma época aos arsenalistas.

Os negócios também envolvem treinadores. Quem não se recorda, por exemplo, da colocação de Jesualdo Ferreira em Braga, em 2003, com o Benfica a financiar os 35 mil euros mensais relativos à restante duração do seu contrato (nunca desmentido), ou do ar meio zangado, mas condescendente, de Salvador quando Jorge Jesus rumou à Luz?

Vieira e Salvador conheceram-se quando Salvador era presidente da Britalar, uma empresa de construção civil, e Vieira vice-presidente para o futebol encarnado. O ponto em comum é Vespasiano Macedo, ex-colega de faculdade de Salvador, em Coimbra, e jurista de confiança de Vieira, motor de ignição para o nascimento de um relacionamento estreito e de uma amizade que passa para negócios fora de campo, como um empreendimento no setor imobiliário, em Tavira, no Algarve. A obra seria conduzida pela Britalar e a venda dos imóveis viria a ser conduzida por uma imobiliária de um familiar do presidente do Benfica. Mais tarde, ambos viriam a equacionar a compra de terrenos em Moçambique, onde iriam construir um evento turístico, mas o projeto caiu por terra ainda na fase de prospeção.

É este Salvador que, agora, faz esta barulheira toda sobre dinheiro que o Sporting deve, esquecendo-se que está em dívida com as nossas cores desde 2016. O mesmo gajo a quem enfiam o punho pelos entrefolhos de cada vez que joga com benfic@ ou fcporto, mas que salta para a sala de imprensa, berrando ser prejudicado, quando joga contra o Sporting. É este Salvador que faz tudo por um sonho. Um sonho que tem em Vieira um dos seus principais patrocinadores e quem sabe, poderá terminar numa cadeira de sonho não no Minho, mas em Lisboa, quando o padrinho meter os papéis para a reforma ou comprar uma viagem só de ida para a China.