Depois de uma semana alucinante, em que vimos o nosso clube ser esmiuçado um pouco por todos os jornais, noticiários e redes sociais, a bola volta finalmente a rodar para aquele que será (muito provavelmente) o último jogo europeu da temporada. E quando a bola roda, pelo menos durante quase duas horas, interessa muito pouco qual o lado da barricada que escolhemos ao longo de todo este surreal episódio, qual a irritação que andamos a discutir e como nos posicionamos no meio da tempestade.

Hoje o Sporting joga contra um dos melhores clubes do mundo. E só durante aquele tempo poderemos respirar um pouco. Depois (já sabemos) seja qual for o resultado será um problema de comunicação, uma resposta dos jogadores, o Jorge Jesus irritado ou os adeptos que querem destituir a direção. No meio de tudo isto, pouco tem sido o tempo de antena para falar de futebol. Compreendo que assim seja, é um caso inédito de loucura desportiva em Portugal, num clube que adora encher as primeiras páginas com polémicas e que não sabe, simplesmente, viver tranquilo. Aproveitemos a noite de hoje para discutir lances, jogadores e jogadas, já que muito em breve vamos regressar à realidade instável.

Pedem-me para acreditar. Porque somos o Sporting, porque coisas mais impossíveis já aconteceram, porque o futebol é o desporto mais incerto do mundo e porque temos de acreditar. Está no nosso ADN ser assim, crentes, agarramo-nos aos pequenos momentos de impossíveis que tornamos possíveis. Recordamos como nos agigantámos frente aos maiores. Sabemos que somos uma massa adepta que apoia incondicionalmente, em qualquer momento, e que isso por vezes também joga.

Mas hoje, como acreditar? Como voltar a olhar para aqueles jogadores, para aquele treinador e para aquele presidente com o olhar de quem tem esperança? Como acreditar que no meio de tamanha tempestade vão existir forças para dar a volta a uma eliminatória praticamente perdida, frente a uma equipa melhor e muito mais estável? Como é que alguém desliga estes dias de frustação, de raiva e de desespero e volta, como se nada fosse, a focar-se nos objetivos desportivos (agora cada vez mais longe de acontecerem)?

Acreditamos porque somos nós. E existe algo que nem presidente nem jogadores conseguem ainda compreender: o dia em que joga o Sporting, nós também jogamos. Nós. Com os nossos rituais, com os nossos nervos, com os nossos “estágios” e copos e músicas.
Somos adeptos diferentes porque não somos adeptos. Quando há jogo e eles têm de trabalhar, para nós também é dia de trabalho. Quando eles correm muito mais e defendem muito mais, nós chegamos a casa estafados como se em campo tivéssemos estado. E quando eles estão felizes porque venceram, nós agarramo-nos aos amigos e à família, como se tivéssemos lá em baixo, responsáveis por aquela vitória.

Somos Sporting Clube de Portugal, uma fonte inesgotável de esperança, um amor que não conhece crenças, nem raça, nem sexo. Somos Sporting Clube de Portugal e apoiaremos sempre, seja onde for, todos aqueles que servirem com brio a nossa grande paixão, a nossa profissão e a nossa fé. Somos Sporting Clube de Portugal e acreditamos todos os dias, a todas as horas, na vaga esperança que um dia voltaremos a ser felizes. Como acreditar? Basta que eles entrem em campo!

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*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa