A decisão sigilosa foi tomada há várias semanas: a procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, a procuradora-geral distrital de Lisboa, Maria José Morgado, e o director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Amadeu Guerra, decidiram criar uma equipa especial para investigar exclusivamente e de forma sistemática a maior parte dos processos relacionados com crimes financeiros, corrupção desportiva e viciação de resultados no futebol. Segundo informações recolhidas pela SÁBADO, a equipa será composta por três magistrados.

A SÁBADO apurou que a PGR, DCIAP e PJ receberam nos últimos meses diversas queixas anónimas relacionadas com crimes de corrupção relacionados com diversas equipas de futebol, nomeadamente com o Benfica, Sporting e Porto. Há, no entanto, outros processos que já se encontram em investigação há vários anos e que estão abertos em várias departamentos do MP espalhados pelo país e que vão desde corrupção desportiva até viciação de resultados através de apostas.

Fontes judiciais e policiais consideraram, porém, que a concentração de algumas investigações já em curso na equipa do DCIAP poderá provocar alguns contratempos. “A directoria da PJ do Porto e do DIAP, por exemplo, têm em curso processos muito delicados sobre viciação de resultados. Estar a mudar tudo nesta fase não faz muito sentido”, disse à SÁBADO uma dessas fontes, acrescentando que ainda não se percebeu qual será o papel do trio de procuradores. Fontes judiciais contactadas pela SÁBADO admitiram que os dois processos mais emblemáticos que estão em curso – o E-toupeira e o chamado “caso dos emails” – possam ficar com os actuais titulares, os procuradores Valter Alves e Andrea Marques, respectivamente, da 9ª secção do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa. Porém, outras fontes admitem que todos os casos possam ser avocados (chamados a si) pela equipa de procuradores nomeada directamente por Joana Marques Vidal. Porém, esta terça-feira um magistrado do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, onde esta equipa estará instalada, assegurou à SÁBADO que “nada está decidido”, uma vez que a entrada em funcionamento da equipa “ainda está numa fase muito embrionária”.