Foi um fim-de-semana de voleibol como há muito não havia memória para as bandas de Alvalade. Durante dois dias, alguns milhares de Sportinguistas voltaram a sentir-se na velhinha Nave, tantos e tantos deles acompanhados por pequenos Leões e Leoas que vibram com as modalidades no novo João Rocha e ajudaram a empurrar a equipa para uma virada na final.

No sábado, resposta a condizer aos 3-0 trazidos da Luz, com idêntico tratamento aos encarnados. Com Denis e La Bomba em clara gestão, o Sporting teve em Miguel Maia, Agaméz e Smith as suas peças chave para uma vitória onde a superioridade foi total, exceptuando o arranque do primeiro set onde os verde e brancos chegaram à primeira pausa técnica a perder 6-8.

Ontem, foi bem mais complicado e, também, bem mais épico. Há quem diga que foi o melhor dérbi da temporada, decidido na negra com os jogadores a terem que ir aos limites e a fazerem com que os adeptos passassem grande parte do tempo em pé, tanto pelos nervos como pela vontade de ganhar um jogo importantíssimo.

Depois de um primeiro set com vitória por 25-20, os Leões chegaram ao 16-12 no segundo e com a partida na mão deixaram o benfica recuperar e chegar a um 24-26 nas vantagens. Embalados, os lampiões começaram melhor o terceiro set, mas o Sporting pegaria no jogo e, com belíssimos serviços de Muagututia, chegaria aos 25-19 finais. Faltava um set para matar o jogo 3.

Com Agámez de fora a receber assistência nas costas, o quarto set foi dominado pelos encarnados, que venceram por 25-18 e empurraram a decisão para a negra ao fim de duas horas de jogo. E foi que se tornou necessário ir buscar forças e fé bem lá ao fundo, pois quando o benfica chegou aos 8-5 tudo parecia encaminhado para uma dolorosa derrota leoninas. Jogadores e adeptos acreditaram e o 15-13 final fez explodir de alegria o João Rocha, deixando a conquista do título a um jogo de distância.

No final, o técnico Hugo Silva afirmaria “O meu coração? Está tranquilo, lido bem com o stresse competitivo… Foi um grande jogo de voleibol, espetacular, muito equilibrado e com um último set a mostrar o que é esta equipa, a raça e a vontade. Não há vencedores antecipados e o fator casa não tem nada de especial, por isso tem de ser ponto a ponto, set a set. Acusámos um pouco mais o cansaço, o que já era de esperar tendo em conta a idade dos nossos jogadores, mas o crer superou isso.
Se houver clima de festa perdemos o próximo jogo. Temos de respeitar o adversário. A vitória poderia ter ido para o Benfica. Foi um dérbi épico. Não podíamos ter perdido o segundo set, mas a culpa foi minha, visto que pensei mal o tempo das substituições. Na ‘negra’, a alma e a calma de Miguel Maia no serviço, quando estávamos a perder por 6-3, fez toda a diferença. Serviu tacticamente, sem arriscar, pois era importante gerir os pontos no bloco. É o atleta no activo mais velho do Mundo. É extraordinário. Não vai haver outro nos próximos 100 anos. Tenho um privilégio enorme de poder privar com eles todos os dias. É enorme não só como jogador!”