A faltar 3 jogos para o fim da Liga, o Sporting pode ainda lutar por objetivos na mesma. Gostaríamos todos que nos 9 pontos que restam disputar, o Porto perdesse 6 (em igualdade pontual teriam vantagem sobre nós) e o Benfica perdesse pelo menos os 3 que disputará connosco. Seríamos assim campeões, finalmente. Mas, realisticamente, a primeira das hipóteses não é nada expectável. A nossa espera pelo maior título nacional, parece claramente ter de continuar. Não há porém qualquer ganho em chorar pontos perdidos nesta altura da temporada. O segundo cenário, que nos confronta com o nosso vizinho da 2ª circular, está bem longe de ser irrealista e uma vitória em Portimão, mais do que necessária, é obrigatória.

O Portimonense luta por uma classificação tranquila, mas não terá mais objetivos do que esse. Como é óbvio haverá outras motivações, daquelas que colocam jogadores do Boavista em prantos no final de uma partida onde nem sequer chegaram a obrigar Patrício a fazer uma defesa. Mas mesmo com malas recheadas de motivação, o Portimonense só terá hipóteses de pontuar se o Sporting ou elementos do nosso clero futebolístico o permitirem. Com uma semana para preparar o jogo e perante o objetivo de apuramento para a Champions intacto, não espero outra coisa, sinceramente, que um bom jogo no Algarve, uma Onda Verde semelhante à da última jornada e um regresso a Lisboa com um clássico para decidir.

A ebulição mediática dos últimos dias não é o melhor cenário para preparar calmamente uma partida desta importância, mas esta também é a hora de jogadores e treinador mostrarem que conseguem separar as águas entre o que são questões directivas e questões competitivas. Cabe-lhes a eles, mais do que todos os outros, entenderem que há corpos estranhos ao clube em jogo “a dar tudo” para que a concentração da nossa equipa se desvie ao máximo da matéria desportiva. E, meus caros, apesar de existirem factos que terão de ser avaliados, reavaliados e muito melhorados nas épocas futuras, quem cavalga nesta “Crise do Sporting” faz de alfinetes, espadas. Que ninguém se confunda com as proporções, concorde ou não concorde com a existência das… alfinetadas.

Se chegarmos, como espero, ao último clássico da época com 2 pontos de desvantagem sobre o Benfica, tenho segura certeza que sobre os ombros de Rui Vitória estará não um manto protector, mas sim um pesado manto de culpas, um manto de desconforto e uma pequena oportunidade para JJ voltar o relógio do tempo para trás e compensar um erro do destino. E quem diz JJ, diz Bryan Ruiz. Nesse clássico, a sorte e mais um par de decisões ridículas do árbitro, fizeram o Sporting perder um jogo que o Benfica pouco fez para ganhar. Nesta oportunidade, o Benfica sabe que perdendo ou empatando, dará imediatamente o título ao Porto, e desta vez, ninguém perdoaria a RV apontar o sucesso a um empate, repetindo a falta de ambição do clássico anterior.

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É interessante que os 3 anos de JJ no Sporting equivalendo aos 3 anos de RV no Benfica, é o treinador encarnado quem parece mais próximo de sair. JJ conquistará no máximo 1 taça de Portugal, 1 supertaça e 1 taça da Liga. RV tem 2 títulos, 1 taça de Portugal, 1 taça da Liga e 2 supertaças. Se isto não é uma medida do peso da “estrutura” e quanto de “colinho” têm os títulos recentes do nosso adversário, então desafio qualquer pessoa a explicar-me como pode Rui Vitória ser tão impopular perante os adeptos e a própria direcção. Neste, talvez último frente a frente, caberá a JJ desferir o último golpe e concentrar todos os desconfortos do adversário em 90 minutos de exposição completa. O Benfica de RV não é uma equipa que goste de jogar o jogo pelo jogo, não gosta de “ter de ganhar” e retirando o refúgio seguro do empate, frente a um adversário que privilegia o ataque, poderá quebrar muito mais do que torcer.

Ainda assim, mesmo ultrapassando o rival, teremos de na última jornada rumar ao Funchal para confirmar o 2º lugar. E penso que será mesmo um jogo em que muitas ofertas “pesadas” farão as delícias desse grande mestre do “jogo da mala”, Carlos Pereira, o homem que celebra com champagne, bancadas construídas ao ritmo de derrotas indignas. Esse será o jogo que selará o paradigma da nossa resistência enquanto equipa, enquanto clube, enquanto massa de gente, que usando a inteligência, sabe o que está em jogo e resiste a Carnavais de “Crise”, não permitindo que entrem novas polémicas no seio da discussão do que é e do que será melhor para o Sporting.

Depois da Final da Taça de Portugal, será tempo para reflectir, apontar erros e virtudes. Fazer contas à vida e à necessidade de conflitos internos ou pseudo-internos. Esse será o tempo para expor as feridas e curá-las. Para já é só tempo de todos, sublinho…todos, darem o melhor para a cada jogo, dar à equipa e aos adeptos o máximo de estabilidade e tranquilidade para vencermos partidas. Quem dirige, quem apoia, quem treina, quem comenta.

Que saibamos esperar o tempo das culpas, dos erros e dos dramas. Este é o tempo das vitórias!

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca