Muito, muito difícil escrever estas linhas depois do que aconteceu na Madeira. Não tenho idade para levar cargas de porrada e, como, felizmente, nunca levei nenhuma a sério, atrevo-me a dizer que a sensação resultante deve ser muito semelhante à que sinto… Mas impus a mim mesmo, desde o início desta participação, que enviaria a crónica para o Cherba, nas tardes ou noites de domingo. Como tal, vamos a ela. Pode ser que ajude…

Jogadoras convocadas para a segunda mão das meias finais da Taça de Portugal, frente ao Estoril Praia:
Guarda-redes: Inês Pereira e Patrícia Morais
Defesas: Bruna Costa, Carole Costa, Joana Marchão, Matilde Fidalgo e Mariana Azevedo
Médias: Carlyn Baldwin, Fátima Pinto, Patrícia Gouveia, Sharon Wojcik, Tatiana Pinto e Joana Martins
Avançadas: Ana Borges, Ana Capeta, Solange Carvalhas, Diana Silva e Carolina Venegas

Surpreendeu-me um pouco a exclusão da Matilde Figueiras, pese a exibição pouco feliz no jogo em que o Sporting se sagrou bi-campeão, frente ao Valadares Gaia, e também da Rita Fontemanha, pela sua capacidade de jogar em ambas as laterais…

Equipa Inicial: Patrícia Morais; Matilde Fidalgo, Mariana Azevedo, Carole Costa e Joana Marchão; Carly Baldwin, Tatiana Pinto e Sharon Wojcik; Ana Borges (cap.) Diana Silva e Fátima Pinto. A única alteração face ao último jogo foi precisamente a entrada da Mariana Azevedo para o lugar da Matilde.
A árbitra nomeada foi a Diana Henriques, da AF de Coimbra que, nos 77 minutos que tivemos de transmissão da Sporting TV, fez um trabalho muito equilibrado. Louve-se, apesar de uma cobertura bastante deficiente, o esforço feito na iniciativa da mesma, por parte do Clube.

Receava-se um jogo complicado face aos dois últimos resultados frente às estorilistas, mas a verdade é que a nossa equipa entrou determinada a resolver depressa o jogo a seu favor e, apesar do susto logo no primeiro minuto de jogo com a lesão da Joana Marchão (muito boa exibição nos 45 minutos em que esteve em campo) depressa aconteceu o primeiro momento de perigo para
a baliza do Estoril, precisamente na marcação do canto ganho pela Joana e que originou a sua lesão, com o mesmo a ser marcado ainda com a nossa jogadora a receber assistência fora do relvado, com a defesa visitada a afastar a bola da sua baliza.

Mas essa predisposição atacante da nossa equipa, depressa deu frutos, com a preciosa e decisiva intervenção das “suspeitas” do costume: passe muito bom da Diana Silva a servir a Ana Borges, com excelente centro rasteiro da Ana Borges e conclusão irrepreensível da primeira a ir receber mais à frente e a desferir um remate na passada com o pé direito, sem qualquer hipótese de defesa para a Vitória Antunes que, é justo referi-lo, foi batida inapelavelmente em todos os restantes golos da folgada vitória das nossas Leoas. Jogava-se o minuto 13.

O Estoril não se entregou, apesar do golo sofrido deixar antever uma missão quase impossível no virar do rumo da eliminatória, lutando com denodo, sobretudo a meio campo e aos 19 minutos, beneficiou de um erro da Patrícia Morais que, ao falhar um passe para a zona central do terreno, destinado à Carole Costa, colocou a bola nos pés da Beatriz Fonseca, não tendo esta a frieza necessária para igualar a partida, rematando à figura da nossa guarda-redes. Ficou-se por aqui a turma adversária no tocante a reais ocasiões de golo, com evidente mérito do nosso meio campo, muito batalhador e esclarecido.

Aos 22 minutos remate de longe desferido pela Tatiana Pinto, detido com alguma dificuldade, mas com segurança, pela guardiã da equipa da Linha. Minuto 26 e a primeira substituição no jogo, com Catarina Amado, lesionada em lance anterior, a dar o seu lugar a Mariana Coelho, a melhor marcadora da equipa na Liga Allianz, com 15 golos. Aos 32 minutos, a Tatiana faz um espectacular segundo golo, após bela jogada de entendimento na direita entre a Diana e a nossa capitã, com esta a cruzar atrasado para remate por alto, fortíssimo e de pé direito, da nossa Leoa.

E começou então a ouvir-se a nossa claque com o “Eu quero o Sporting no Jamor” com nítida predominância de vozes femininas… E não demorou muito o terceiro tento, com a incansável Fátima Pinto a servir a Ana Borges e esta a centrar preciosamente para a Diana concluir de cabeça, sem dificuldade. Decorria o minuto 35. Mais três minutos, em período de grande fulgor exibicional, Diana Silva a dar na esquerda para a Fátima Pinto, com excelente cruzamento desta de pé esquerdo e entrada fulgurante de cabeça da mesma Diana para o 4-0, e a fazer o hat-trick.

Perante um atarantado Estoril a nossa equipa chegou ao 5-0, aos 42 minutos, desta vez pela Sharon, que dentro da área rematou para o lado esquerdo da Vitória Antunes, após alívio deficiente de uma defesa estorilista, e após um cruzamento bem medido da Joana Marchão. Foram dez minutos brilhantes das nossas Leoas, a darem-nos certamente outro alento para o difícil compromisso no dia 27 no Jamor, frente às minhotas. Atrevo-me a arriscar, com pouca margem de erro, que terá sido um dos mais conseguidos 45 minutos que vi nestas duas épocas da nossa equipa, perticularmente os últimos 30.

No reinício, a Joana Marchão deu o seu lugar à Solange Carvalhas, talvez para a poupar face ao toque do lance inicial e simultaneamente dar minutos à nossa avançada, e o Estoril fez entrar a Mafalda Marujo para o lugar da Beatriz Fonseca. Entrada forte das canarinhas que, após a marcação de um canto no lado esquerdo do seu ataque, viram a internacional Filipa Rodrigues, apontar o 1-5, com um excelente cabeceamento, a fazer a bola entrar por alto, junto ao poste direito da Patrícia Morais, aproveitando alguma passividade da nossa defesa. Foi ao minuto dois da segunda metade.

Mas não demorou muito a reposição da diferença no marcador. Aos 54 minutos, a Tatiana serviu muito bem a Ana Borges, com esta a centrar de pronto, a Diana a fazer uma excelente simulação e a deixar a bola seguir para a Solange regressar aos golos com um imparável tiro de pé direito, dentro da área. Outro belo golo, este com um significado especial para a nossa valorosa jogadora, bem merecedora do feito após longa e penosa paragem.

Aos 58 minutos a Sharon teve um excelente remate de fora da área, a fazer passar a bola perto do poste esquerdo da baliza do Estoril. 7 minutos decorridos a Ana Borges saiu para entrar a Ana Capeta, passando a Fátima Pinto a ostentar a braçadeira de capitã. Apesar do desnível no marcador, realce para a intensidade do jogo, com o Estoril sempre animoso e com a única ameaça de perigo a ser cortada por uma intervenção corajosa e felina da Patrícia Morais, saindo fora da área, a afastar para longe de cabeça, quando se cumpria o minuto 70.

Em termos de substituições, a equipa visitada esgotou as suas, fazendo entrar a Tânia Rodrigues para o lugar da Inês Silva aos 72 minutos e aos 76 o Sporting fez o mesmo, com a Carolina Venegas a entrar para o lugar da inspiradíssima Diana Silva. Um minuto depois deu-se o “apagão” referido no início. O resultado não sofreu alteração e o Sporting saiu assim do Estoril com um resultado impensável, fruto de uma prestação colectiva de grande nível.

Vem na hora certa, a prometer uma grande final com o Braga, que no outro jogo da ronda, recebeu e bateu o Ouriense por 6-0, a juntar aos quatro golos sem resposta da primeira mão. Gostava muito de ver batido o record de assistência no próximo sábado em Alvalade, numa prova de confiança dos nossos adeptos para a final do dia 27.

alvalade feminino

Na formação, as infantis fizeram o último jogo do campeonato e, para se ter uma ideia da evolução desta equipa, venceram o Clube Oriental de Lisboa por 4-2, equipa com a qual tinham sido derrotadas na primeira volta por 1-7! Dizem aqueles que conhecem estas meninas que muito talento por ali existe e que poderão ser futebolistas a ter em conta daqui a uns anitos…

Finalmente a nossa equipa de futsal, em jogo que pudemos presenciar na televisão dos “vermelhos da queimada”, foi derrotada por 1-2 pela equipa rival, num jogo em que começou muito bem, em que se chegou à frente no marcador, muito justamente, por intermédio da Kika aos 11 minutos. Aos 13 a Fifó empatou e aos 21 a Cláudia Pereira, num golo muito consentido pela nossa defesa, deu a vitória à sua equipa. Considero que não fomos inferiores em jogo jogado, mas o adversário mostrou a sua habitual superioridade física. Destaque para as duas guarda-redes e para o “desaparecimento” da Cátia Morgado, uns bons furos abaixo da goleadora que conhecemos na época passada. Porque será? Deixo a questão em aberto, mas em crónicas anteriores, creio ter deixado pistas…

Falar em boa semana para todos, não é algo que possa ser espontâneo (e aceitável), no que ao Sporting diz respeito… Escrever este texto fez-me esquecer um pouco uma tarde/noite negra. Acabado que está, voltou inevitavelmente a neura. Sejam, ao menos, bem sucedidos profissional e familiarmente.

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino