Eram 23:00 no auditório Artur Agostinho. Depois de uma semana de paulada e abandonos até pelos rafeiros que comem os restos à porta da cantina da academia, esperava-se a entrada de um homem derrotado, abatido, esgotado… e só. Para receber a estocada final. Afinal, durante o dia tinha havido debandada geral de órgãos sociais e ele estava finalmente isolado. Ouve-se o afiar das facas por esse cabo fora, os comentadores aguardam com expetativa o consumar do seu triunfo final.

A expetativa dá lugar ao espanto. Em vez disso, quem entra é um homem tranquilo, fresco, seguro, rodeado dos seus em grande número, os de sempre, e como sempre. Os outros, talvez até sportinguistas tão dedicados como eu ou tu, mas inseguros e medrosos, estavam a caminho de casa ou das TVIs da vida. Sucumbiram, não aguentaram a pressão. O momento não era para eles. Não tem a tempra necessária para enfrentar momentos destes. É sempre assim, a História ensina-o.

A horda inquieta-se: “Mas afinal o CD não tinha debandado? Ele não estava sozinho?” A resposta é não. Quer dizer não totalmente. Faltava o Bruno Mascarenhas. Não aguentou. Paciência, a guerra é assim, há sempre baixas. Os outros continuam firmes. Em frente.

Começa o espetáculo. Bruno na versão “Bruno-bom”, como gostamos. Qual comandante, sereno, tranquilo, projetando confiança, segurança e racionalidade às suas tropas e à sua nação. O ataque é curto, objetivo e certeiro. O comando retira-se rapidamente, deixa ficar o estrago, e começa o espetáculo do outro lado. Entrincheirado nas TVs, e surpreendido por um Bruno de Carvalho respirando frescura e tranquilidade, o inimigo esperneia e espuma de raiva e ódio, há comentadores quase em lágrimas, há comentadores com o discernimento toldado pela ira (um deles vocifera “mas o Bruno quer o quê, mais (?!) mortos?”), há comentadores com a voz alterada. A tropa de elite havia feito vitimas: o homem não se demitiu, está firme. Estava instalado o pânico na cmtv.

Isto para dizer que continuo a achar que Bruno de Carvalho deve permanecer no seu posto, e em boa hora o anunciou. Primeiro, porque ninguém credível se mostrou disponível para o substituir, e uma cadeira vazia é sempre um convite ao mais hábil, ao mais astuto, ao mais rápido, não ao melhor. Segundo, porque continuo a não conseguir vislumbrar qualquer razão válida e objetiva para demissão. Terceiro, porque quem manda no Sporting são os sócios, não é o Ferro Rodrigues nem o Álvaro Sobrinho. E o clube tem estatutos, pelo que façam favor de usá-los.

Eu não tenho vergonha de dizer que continuo a apoiar Bruno de Carvalho: no trabalho, no café, em casa, onde quer que esteja e o assunto seja o Sporting. Mesmo que seja o único. Não tem de ser sempre assim, mas por mim será assim, pelo menos enquanto a única razão objetiva para exigir a cabeça do presidente for fazer a vontade ao correio da manhã.

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Bala78
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