São 70 golos ao longo de duas temporadas em que nos foi aguentando nos lugares cimeiros da tabela, em que resolveu tantos problemas e tanto contribuiu para os mais largos sorrisos nas bancadas de Alvalade.

Bas Dost, o avançado que vive para distribuir abraços, que convenceu todos com a sua capacidade goleadora e sentimento altruísta e que teve a dura tarefa de substituir um dos avançados mais carismáticos do Sporting nos últimos anos, faz hoje 29 anos.

Feliz por viver em Portugal, contente com o clima, o carinho que recebe nas rua, a possibilidade de lutar por títulos e jogar as competições europeias, Bas Dost é um caso raro de jogador que procura mais a tranquilidade na carreira, num clube de grande dimensão, deixando para segundo plano a ideia de muito dinheiro muito rápido e provando que é mesmo um atleta especial (só o facto de sair da Alemanha para vir para Portugal é prova disso).

O que há uns meses parecia uma história de amor quase perfeita, de um jogador satisfeito e de uma massa adepta apaixonada pelo seu homem-golo, foi no espaço de semanas transformado num pesadelo e a relação sólida que tão rapidamente se construir sofreu um golpe tão duro que não sabemos se a poderemos recuperar. Hoje, Bas Dost tem ofertas de outros clubes e todos os dias aumentam os rumores de que existem clubes atentos à sua situação (o último é o AC Milan).

Pedir-lhe que fique depois de tudo o que passou não só é injusto como absolutamente inútil. Mais que nunca, cabe ao nosso gigante holandês decidir se pretende continuar o compromisso com o clube que tanta alegria pessoal lhe tem dado, ou sair à procura de novos desafios e certamente menos polémica do que aquela que se sentiu neste final de temporada.

Estou certa de que perder um jogador desta dimensão (humana e desportiva) é um retrocesso no projecto desportivo (seja lá ele qual for nesta altura). Mesmo reconhecendo que é urgente encontrar mais planos de jogo que não dependam de Dost, mesmo sabendo que lhe faltam características importantes em certo tipo de jogos, o holandês tem sido um verdadeiro farol, disfarçando as deficiências tácticas, inspirando companheiros com o seu compromisso e luta constante, sendo sempre um membro agregador dentro do balneário.

Aconteça o que acontecer, foi dos jogadores que mais gostei de ver jogar no Sporting, que mais sucesso pessoal parece ter tido apesar do fiasco desportivo colectivo e um dos tipos mais genuinamente simpáticos que já andou neste campeonato.

Que tenha um dia feliz, que beba cerveja, amanhã tranquilo e decida ficar mais uns tempos na companhia do estádio que canta a cada golo seu.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa