Não consigo entender como o mundo do futebol é completamente incapaz de se colocar ao lado do Sporting. Nas tvs, nas rádios, nos jornais, nas conversas de rua, nos empregos, em todos os lados, todos se demitem de entender o que está verdadeiramente em causa nesta altura.

Num momento de enorme fragilidade e sentindo nele uma oportunidade, várias pessoas se uniram. Uns com a firme vontade de retirar BdC do poder, jogaram a estabilidade do clube pela imprensa, recorrendo aos mesmos expedientes que denunciaram e os fizeram reagir contra este CD. Outros, espreitaram uma chance única de ganhar dinheiro rápido e ainda saírem aclamados pela opinião pública.

Neste particular momento até líderes de movimentos radicais se sentem legitimados para terem os seus 15 minutos de fama. Tudo é feito com vista a ter vantagens pessoais ou a favor de organizações que não tem por nome Sporting Clube de Portugal. E tudo o que vem a praça usar o nome do nosso clube, tem via aberta para declamar todo o tipo de disparates. Destrói-se o clube, minuto a minuto, opinião a opinião. O deleite pelo escândalo é total roçando a luxúria com a queda de toda a dignidade de um dos maiores alicerces do futebol português.

Ninguém parece preocupado com todas as precedências que se estão a criar e assusta-me que a FPF ou a Liga se coloquem completamente à margem de toda esta violação de imagem, tendo à cabeça a rescisão de atletas, em massa, uma inovação tão grave como absolutamente arrasadora para o já desiquilibrado poder entre clubes e empresários de jogadores.

É óbvio que as ocorrências na Academia de Alcochete são graves e não vi uma única pessoa que não admitisse que os jogadores ficariam marcados pelo que aconteceu. Mas cabe na cabeça de alguém que BdC ou qualquer funcionário do clube fosse o mentor daquele acto de violência? Qual seria a vantagem? A poucos dias de uma final da Taça de Portugal e o correspondente final da época, o que haveria de lucro para BdC “ordenar” um arraial de pancada em pleno centro de estágios?

Ninguém foi capaz de explicar este simples raciocínio, ninguém teve interesse neste entendimento. Ninguém quis ou quer esclarecer os sportinguistas, ao invés glorifica-se a deserção e a traição, como se fossem a legitimação da vingança dos jogadores. Será mesmo essa a verdade? Não estará o futebol a abrir um caminho perigoso, defendendo os que já têm tanta defesa, protegendo os que serão sempre protegidos? Repito, o acto que foi cometido em Alcochete não fez só vítimas entre os jogadores, mas a opinião pública prefere apenas ver esse resultado. Ignora-se que há um clube que sofre e adeptos que são agredidos diariamente, tudo em nome do quê? Dos jogadores? Da justiça? Do desporto?

O mundo virou costas ao Sporting e está a deixá-lo cair desamparado numa batalha desequilibrada com investidores com interesses especulativos e empresários que terão toda a vantagem de retirar de campo os dirigentes de um clube que tanto tem ajudado a parar a sede por dinheiro e influência aumentando o sufoco dos clubes. Não tenho dúvidas que o Sporting, com este ou aquele dirigente, este ou aquele jogador, irá continuar. Mas também tenho a certeza que não continuará igual. 2018 marcará uma viragem no clube e nos seus adeptos e muito da ingenuidade natural e até desejável dos mesmos, perdeu-se. E essa factura transformará um clube já por si isolado, numa massa ainda mais revoltada e disassociada do futebol no nosso país.

Não temos respeito, amizade, solidariedade de nada ou ninguém e não sejamos hipócritas, isso nada tem a ver com BdC. É um cenário que não se iniciou com este CD e perdurará depois do mesmo cessar funções. E o mais engraçado é que todos reconhecem os sinais e são incapazes de parar. O prazer de ver algo grande ruir sobrepõe-se claramente à racionalidade de saber que as ondas de impacto, também chegarão a outros emblemas.

Mas estamos em Portugal e este é um país onde o Correio da Manhã se substitui aos tribunais. Onde provas desaparecem da Justiça. Onde os bancos se aliam a partidos políticos para se legitimarem em orgias de desvios de dinheiro ao Estado. Este é um país onde a corrupção é estimulada e a desinformação tem mais destaque que a verdade.

*às quartas, o Zero Seis passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca