Este país não é para Sportinguistas. Podia ser o título de um filme, um filme que vemos há anos, mas que ultrapassou tudo o que era imaginário no espaço de 30 dias.

Jamais, nos 41 anos de vida que tenho, me recordo de um ataque tão doentio, tão concertado, tão forte ao Sporting. Podemos dizer que o ataque é a Bruno de Carvalho, mas creio que todos sabemos que para lá do prazer de poder assassinar em praça pública o homem que, com mais ou menos excessos, veio colocar na chapa os interesses da comunicação social, existe um ataque a um clube que começou a ocupar demasiado espaço num futebol nacional pensado e mecanizado para ser bipartido entre benfic@ e fcPorto.

Com uma enorme agravante: os anos e anos de clube que fazia falta ao desporto nacional fez com que em jornais, rádios e televisões tenhamos 90% de opinadores leoninos que facilmente podem ser utilizados como arma de arremesso contra Bruno de Carvalho. E a estratégia passa muito por aqui: convidas um anti-Bruno da vida, alguns adeptos pensam para si mesmo “porra, mas não há um gajo que o defenda?”, cavalga-se a onda de ódio centrada numa pessoa, provoca-se o tsunami que, ardentemente, se deseja que afogue o Sporting. Aliás, o pessoal já está submerso e não percebe, tal a delicadeza com que as coisas são feitas, ao ponto de muitos dos opinadores conotados com o Sporting se darem ao desplantes de utilizarem frases proferidas por Pedro Guerra ou André Ventura.

Com toda a tristeza que isto causa a quem cresceu a escrever jornais de rua e se sentiu realizado quando teve a sua primeira carteira profissional, como é o meu caso, digo-vos que é isto que vende e é isto que interessa à comunicação social: cada novo título, cada nova frase bombástica, cada novo archote colocado na fogueira representa milhares de euros em cliques. Os cliques que, hoje, impedem que jornais como o Record fechem as portas porque, verdade incontornável, não existe mercado em Portugal para três diários desportivos. Há que sobreviver e se a carcaça puder ser a de um Leão, melhor!

Mas se o jornalismo desportivo em Portugal se tornou num walker, não podemos nem devemos esquecer a comunicação do nossos clube. Ou falta dela.

Ao longo destes cinco anos foram inúmeras as vezes que chamei a atenção para a importância de uma comunicação envolvente, agregadora, informadora, interessante. Para a importância de um marketing afectivo. Para o nefasto que eram muitas das intervenções do presidente e para a estranheza que me causava não haver na estrutura alguém capaz de aconselhá-lo nas suas intervenções (futebol também é política, foda-se!).

Isso não só não aconteceu como, com o passar do tempo, se foi intensificando a comunicação belicista, assente na fomentação de divisões e de pequenos ódios. Entre Sportinguistas e sportingados, entre os heróis das modalidades e os cabrões do futebol (com funcionários do Sporting, escolhidos a dedo, a cumprirem esse papelinho em diversos programas). Fomentou-se o extremismo, seja com acções nas redes sociais (uma claque que aparece de surpresa no treino de hóquei a dizer que se revê na equipa e que, só por acaso, nesse dia está um funcionário do clube de telemóvel em punho, à espera de colocar nas redes sociais), seja com comportamentos balofos e desprovidos de estratégia, como aquele grito no final da puta da AG para que se boicotasse a comunicação social sem se ter um plano mínimo preparado para lidar com esse grito.

Não podemos esquecer-nos que estamos longe de ter meios de comunicação próprios devidamente eficazes. Não temos. A SportingTV foi um projecto fantástico, mas tem tanto caminho a percorrer. O Jornal Sporting é um projecto que devemos acarinhar, promover, assinar, mas que ainda não deu aquele passo para que todos lhe queiram deitar a mão. Uma rádio, mesmo que digital, já devia ter sido lançada.

E sem esta máquina de comunicação própria, é suicídio abrir guerra aos meios de comunicação tradicionais. Quer se queira quer não queira, é por eles que centenas de milhares de Sportinguistas recebem as notícias do clube. Sejam ou não verdadeiras, distinção que nem todos conseguem fazer. E, ao contrário do que acontece com os nossos vizinhos da 2ª circular, não vamos ter a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) a sair em nossa defesa e a reprovar veementemente a catrefada de mentiras que, lideradas pela Cofina, vão sendo lançadas diariamente.

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Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 1: Os Jogadores»

Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 2: Os Adeptos

Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 3: Claques e Criminosos

Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 4: Bandidos engravatados e soldados da paz apardalados

Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 5: Amar como Jesus amou

a seguir:
«Não esquecerei o que fizeste ao meu Sporting – Cap 7: Tanto que podia ter sido diferente, Bruno»