Os adeptos do meu Clube (sócios ou não), e presumo que da sua generalidade, têm uma enorme dificuldade em perceber a importância dos timings das suas posições. E que uma posição, correcta num determinado timing, pode já não ser certa no timing desadequado.

O recente Post (não sei se o último, já que o FB do BdC voltou em força) do ex-Presidente assim é exemplo disso. No dia seguinte à final da Taça de Portugal teria sido brilhante, com marcação de Eleições verdadeiramente esclarecedoras, em data que poderia bem ser a actual. Permitir-lhe-ia reflectir em tranquilidade, preparar a nova época sem « ficheiros em suspenso », evitar a intrusão deste grupo de marretas senis na liderança do Clube num período que vamos classificar diplomaticamente de « atípico », fazer o mea culpa que se lhe exige dos actos de gestão falhados da equipa de futebol neste final de época, e a sua defesa por eventos que lhe foram alheios, e apresentar soluções credíveis para o projecto futuro.

Porém, na data em que foi escrito, é desgraçadamente… fútil. Vem tarde, não serve, passou do prazo.

Tal como, por exemplo, o despedimento do JJ seria inaceitável antes dessa final, e passa a ser aceitável (concorde-se ou não, e eu não concordo) no dia seguinte.

Dito isto, aqui estamos neste curioso caldo em que os que se propuseram salvar o Clube do Rei-louco já se apressaram em dizer-nos que estamos falidos, e a precisar absolutamente da ajuda daqueles que contribuíram para a implosão do projecto anterior. A desfazer tudo aquilo que se estava a preparar para a época seguinte, para refazer à moda da porra (deles), quando, a seguir-se a mesma lógica, será tudo para desfazer/refazer novamente daqui a dois meses. Um pouco como BdC não fez quando tolerou Jesualdo, por exemplo. Tal como aliás, diga-se em abono da verdade e da Justiça, BdC « aspirante a candidato » nunca tinha contribuído para a implosão da gestão « mais ou menos legitimamente eleita » de Godinho Lopes, e que lhe valeu definitivamente o meu voto em 2013 (o mesmo que, em 2011, desconfiadamente lhe neguei).

Este era um BdC eticamente e institucionalmente admirável, cuja imagem foi sendo perdida ao longo dos anos, fruto de gritante má gestão da mesma.

A desilusão foi enorme, e não se iludam: uma esmagadora maioria de sócios (não confundir com « número de votos ») não compactua com uma mudança de rumo no Sporting! Mesmo sem BdC, a linha global de actuação do mesmo, tal como o crescimento sustentado que ele nos ofereceu, não é negociável para a maioria dos actuais sócios pagantes (os tais 170.000). Mesmo para muitos daqueles que votaram « sim ».

Temos por isso, voltando ao essencial, dois cenários em perspectiva:

1. Surgimento de uma equipa de sportinguistas que, propondo-se corrigir (a meu ver pequenos) lapsos de imagem e de comunicação/marketing do Clube evidentes na gestão final de BdC, surjam com uma candidatura DE CONTINUIDADE forte e vencedora em Setembro. Pode incluir membros da Direcção passada, ou apenas contar com o seu declarado apoio. E continuamos na senda de construção sustentada deste Sporting que nos voltou a arrebatar em 2013, mais passo atrás, menos passo atrás (e é nesta altura acessório o epíteto « escusadamente »).

2. Ou o regresso aos hábitos de gestão prévios que até já se começam a adivinhar, mesmo nesta « gestão provisória », com importantes decisões (como parcerias com certos empresários e órgãos de comunicação social) a passarem completamente ao lado da vontade dos sócios, e a serem da responsabilidade de uma mais ou menos iluminada « elite » que lá saberá o que é melhor para nós todos. Neste cenário, não nos enganemos, esta enorme franja « lábil » de sócios, que aderiram ao modelo anterior, vai desaparecer, e a mobilização em torno do Clube e respectiva vitalidade vai-se reduzir ao que era há cinco anos atrás. Vamos voltar ao desinteresse pelas AG’s e pelo Clube em geral, e ao sentimento de vergonha generalizada por uma gestão mansa e complacente face aos enormes poderes que se movem e dominam o Futebol (e não só) deste país.

Por fim, não é este portanto o momento para quem quer que se diga sportinguista deixar de ser sócio! BdC ganhou há cinco anos com um modelo revolucionário SEM esta franja enorme de sócios que entretanto aderiu ao Clube (e que será, por isso, « mais adepta » deste modelo de gestão).

Por isso agora, mesmo descontando o factor desilusão pelos factos recentes que nos abalaram, tal como o factor-punição à gestão de Godinho Lopes em 2013, a sobrevivência deste modelo tem tudo para persistir, bastando para tal que tenhamos a capacidade de propôr a mesma coisa, só que com outras caras, menos desgastadas e mais avisadas sobre as nuances da Estratégia de Comunicação dos dias de hoje. Por isso o essencial da questão HOJE é o seguinte, numa frase: somos mansos e desistimos, ou bravos e persistimos? E timing é AGORA!

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Placebo
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]