“Eu sou eu e a minha circunstância” – disse Ortega y Gasset, e esta constatação marcou-me desde muito cedo por ver nela o retrato fiel da formação e desenvolvimento de cada um dos seres humanos: uma pessoa molda-se não só pelas suas capacidades inatas mas também através de tudo à sua volta, que o potencia ou condiciona.

Por isso, não sou apologista do culto da personagem, acreditando que por trás de alguém há sempre outrem ou, puxando pelo dito, “atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher” (eu sei, foi arriscado esta, dado os movimentos atuais da igualdade de géneros…) Portanto, dizia eu, acredito piamente que a liderança é fundamental e preciosa porque se uma pessoa pode ser excecional, uma equipa (nem que seja de 2) pode ser fenomenal.

Ora, individualmente, não conheço o Bruno de Carvalho (pronto, lá vem o gajo falar outra vez do passado!), nem nunca apreciei muito a sua postura tensa e agressiva desde o início, mas vi o que ele e a sua equipa estavam a fazer ao Sporting nos últimos anos, ao liderar o Conselho Diretivo. E foi bom, muito bom, notável mesmo, de encher de orgulho a qualquer adepto e sobre o qual já muito se disse, não valendo a pena enumerar novamente. Mas não acreditem no Pai Natal, porque se o quiseram destituir, quiseram sobretudo que o projeto que ele liderava não tivesse seguimento, pois ao provocar a sua queda, o resto da Direção viria abaixo!

Por isso não me fecundem! Este assassinato de caráter perpetrado contra BdC foi oportunista e conveniente, muito conveniente, aproveitando um tiro no pé numa AG para simular um ataque de metralhadora. E o discurso está muito bélico porque puseram os sportinguistas à cabeçada uns com os outros como, p.ex. o que ocorreu comigo no sábado, dia 30/6, à noite, quando encontrei um leão amigo, que já não via há algum tempo, e a primeira coisa que ele me diz/pergunta é: “Então, tu és brunista?!”

É que tínhamos acabado de ser tricampeões de futsal à meia dúzia de horas… Eu passei-me dos carretos e falei alto, gesticulei e para quê?! Não adianta, porque houve muita manipulação, desinformação, falsos testemunhos, calúnias sem qualquer prova e tantas outras merdas! Mais valia ter ido discutir com uma bica de jolas!!!

Adiante: também o que tenho lido e ouvido ultimamente é um fantástico apelo à calmia entre os adeptos, ao serenar dos ânimos, que temos de andar para a frente porque temos de preparar uma nova época e que quem vier vai continuar o bom trabalho. Até apetece darmos todos as mãos, apertar com convicção, fechar os olhos e, ao olhar para o céu, dizer: “Força, Sporting!” Isto até era capaz de ressuscitar um morto-matado!

Não pode!!! A sério?! Agora já apelam ao serenar, acalmar, unir?! E onde esteve essa ponderação e o pensar no Sporting nos últimos meses, ahn?! Onde?! Isso é conversa para boi dormir… Assistir a tudo isto, calado, conformado, ir ao estádio ver jogos, pagar bilhetes, viagens ou até estadias ou ir aos núcleos, ao café com amigos e desembolsar uns valentes cobres a ver o Sporting e passar uma borracha em tudo o que se passou?! Não, não me parece que o vá fazer. Eu até tolero que me rapem os pêlos do cu, agora enrabarem-me é que não!

ESTE POST É DA AUTORIA DE… Carlos Vítor
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]