Peço desculpa por não embarcar na dramatização generalizada que se gerou após a derrota frente ao Neuchâtel. Primeiro jogo treino a sério, 24h horas depois de outro treino de conjunto e de duas semanas a levar carga física nas pernas, com uma equipa totalmente nova e onde nem a dupla que poderia dar algum suporte à base, Coates e Mathieu, esteve presente. Se quiserem, juntem-lhe o verdadeiro buffet de experiências que até nos levou a estar em campo com quatro laterais (Ristovski, Bruno Gaspar, Lumor e Jonathan Silva) e um deles, Risto, a fazer dupla de meio-campo com Ryan Gauld.

Assim sendo, prefiro destacar o que me fez esboçar leves sorrisos.

Viviano é guarda-redes. Vê-se na postura, na colocação e nos diversos movimentos de ataque à bola. Parece-me, inclusivamente, mais comunicativo do que Rui Patrício (o que não significa que seja melhor) e acredito que poderá formar um trio de aço de respeito com os dois centrais acima citados.

Depois, os extremos. Matheus Pereira foi claramente o homem do jogo (enquanto o houve, na primeira parte) e mostrou estar pronto para partir tudo pela direita. E quando não era ele a agitar, era Raphinha, do outro lado, com um pormenor muito interessante: qualquer deles mostrou ter a perfeita noção da importância de surgir em zonas de finalização quando o extremo contrário ganha a linha e oferece bolas de golo.

Foi dessa forma que o Sporting desperdiçou três ou quatro golos e é esse, para mim, o maior destaque deste primeiro teste. Uma mudança de enorme contraste em relação à época passada, onde a rigidez de processos tornava a equipa num autómato com sérias dificuldades em surpreender os adversários. Se tivermos em conta que teremos Nani, Bruno Fernandes e Chico Geraldes (ou Wendel) a serem as correntes de ligação entre as duas alas, tudo indica que a equipa será muito menos previsível nos seus movimentos atacantes. Onde falta, efectivamente, um ponta-de-lança goleador e com capacidade física.