A “toupeira do Benfica” acedeu 385 vezes a dez processos em segredo de justiça, segundo o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa. José Silva, funcionário judicial dos tribunais de Guimarães e Fafe, consultou dez processos sobre investigações ao Benfica que estavam em segredo de justiça entre Julho de 2017 e Janeiro de 2018.

Silva está indiciado pelos crimes de corrupção, violação do segredo de Justiça, favorecimento pessoal, peculato e acesso ilegítimo. O jornal Expresso teve acesso ao acórdão, que indica que o funcionário judicial acedia aos processos diariamente e “até várias vezes ao dia” e com quatro passwords – as de duas procuradoras do Ministério Público, e de dois funcionários judiciais.

Para sustentar que José Silva não tinha acesso em tempo real aos processos, facultando informação privilegiada aos outros arguidos, a sua defesa alega no acórdão: “É tecnicamente impossível no programa informático dos tribunais portugueses aceder aos documentos propriamente ditos mas somente à visualização da movimentação processual.”

Os outros arguidos no caso e-toupeira são Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do Benfica, Júlio Loureiro, oficial de Justiça, Óscar Cruz, empresário de futebol, e José Ribeiro, um outro funcionário judicial já reformado.

Entretanto, a transferência de João Amaral do V. Setúbal para o Benfica pode estar a ser investigada pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto.
A informação foi avançada pelo blog Mercado de Benfica, que nos últimos meses tem revelado várias caixas de correio de dirigentes do clube e outras informações. “Ainda sobre o jogador João Amaral e a sua transferência para o SLB, corre termos no DIAP do Porto o inquérito com o NUIPC 602/18.9 JAPRT”, lê-se na última publicação do blog.

À SÁBADO, fonte da Procuradoria Geral da República confirmou “a existência” do referido inquérito “a correr termos no DIAP do Porto”. “O processo está em investigação e segredo de justiça”, explicou a mesma fonte.

O mesmo blogue divulgou recentemente o contrato assinado entre os “encarnados” e a Team of Future, empresa de agenciamento de jogadores. A contratação de João Amaral pelos “encarnados” gerou polémica por ter sido levantada a hipótese de o atleta ter actuado nos sadinos, em 2017/2018, já como jogador emprestado pelo Benfica. Segundo o Record, o documento de Maio de 2017 dá poderes à SAD para que fosse negociado um acordo com o V. Setúbal por um direito de opção de compra – que acabou por ser exercido este Verão. Na semana passada, o Benfica fechou a venda do jogador: Amaral será jogador dos polacos do Lech Poznan, que pagaram 1,5 milhões de euros pelo seu passe.