Rui Patricio no Wolves, William Carvalho no Bétis, Gelson Martins no Atlético de Madrid, Podence no Olympiakos, Rafael Leão no Lille. Todos os jogadores que rescindiram e não regressaram acabaram em clubes bastante próximos ou pertencentes à esfera de influência de Jorge Mendes. Não há acasos, nem leituras diversas. Findo este processo, ao Sporting cabe retirar imensas conclusões e quer a CG ou futuras direcções terão de, em nome dos interesses e imagem do clube perante os seus próprios adeptos, adoptar atitudes e medidas consonantes com o ataque que foi produzido por este empresário.

Tal como Jorge Mendes não hesitou em tirar partido da nossa fragilidade, aliciando e protegendo os jogadores que estivessem dispostos a sair à revelia do clube e do contrato, também deve o Sporting dar 4 passos, fulcrais na prova do seu sentido de dignidade e independência face ao poder dos empresários:

1/ Cortar relações com todos os clubes que acolheram os jogadores que rescindiram;
2/ Processar Jorge Mendes pela óbvia interferência em todos os casos mencionados;
3/ Levar os processos de indemnização até às últimas consequências;
4/ Declarar mais uma vez Jorge Mendes como agente hostil e não iniciar nenhuma negociação com jogadores representados por si ou pela Gestifute.

Qualquer passividade ou inação contra Jorge Mendes será lida como aceitação do ataque que fomos alvo, como uma relevação de medo perante a influência que este agente tem no mercado. Se o Sporting não demonstrar exactamente como se respeita e como respeita a defesa dos seus interesses, Jorge Mendes e os seus “parceiros estratégicos” terão de facto ganho mais esta batalha e provavelmente a guerra, deixando-nos com o embaraço da derrota e com ausência de resposta adequada.

Fica assim também bem nítida a nula razão em encarar Jorge Mendes como apenas mais um agente, indiferente dos demais. Não é. É de facto um inimigo do Sporting e um poderoso aliado do Benfica, que não teve qualquer dilema de ética moral ou profissional em retirar jogadores ao Sporting enquanto membros da Comissão de Gestão espalhavam aos sete ventos o quanto estavam preparados para criar novas relações com todos os agentes, pacificando as relações.

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Digo-vos que nunca acreditei no rumor de que a Comissão de Gestão e MAG estavam suportadas por outros poderes obscuros entre os quais se destacava Jorge Mendes. Mas ficarei bem mais perto de o fazer se, terminado este processo das rescisões e com os desfechos conhecidos, não existir uma afirmação forte e de forma pública de como interpretamos a acção de Mendes e que passos serão dados no futuro. É completamente impossível assobiar para o lado e culpar apenas os jogadores e os clubes, tanto como será impossível não entender que nenhum sportinguista pode aceitar a ser gravemente agredido e aceitar, qual vitima indefesa e incapaz, o gesto como circunstancial.

Uma última palavra aos jogadores. Para sempre com vocês ficará um sombra negra junto de uma massa associativa. O peso de uma vingança sobre quem menos a merecia. Vingaram-se, deixando a camisola, despojando o emblema, ferindo o orgulho e a idolatria dos adeptos, a fé nos ídolos e as finanças de um clube que sempre cumpriu com as suas principescas obrigações contratualizadas. Não espero que isso vos faça sequer gastar um segundo de arrependimento e isso prova o quanto vocês estiveram longe de provar como homens. Todos vocês, repito…todos…foram criados dentro do Sporting e ficou totalmente por provar que alguma vez se tenham sentido gratos por esse facto.

Por mais que tente menorizar as palavras, só há uma classificação para quem se alia a inimigos para infringir dano nas suas próprias cores, família ou equipa. Só uma. Traidores. A um inimigo deve-se luta, confronto e oposição. A um traidor deve-se apenas desprezo e distância.

*às quartas, o Zero Seis passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca