Quando nos propômos a uma responsabilidade de gerir transitoriamente um clube desportivo durante o período de defeso, não seria ajuizado ter assegurado uma equipa que desse garantias de conseguir operar no mercado de transferências, definindo alvos e assegurando-os?

A pergunta é retórica, mas talvez na mente de 90% das pessoas que constituíram a nossa Comissão de Gestão tal necessidade estivesse longe de ser uma prioridade. Enganaram-se redondamente. Por várias razões, a construção do plantel de futebol para esta época era o ponto mais fundamental da missão da CG. A começar na destruição quase total da base da equipa e a terminar na evidente carência de motivar os adeptos para um novo paradigma de liderança e gestão, não havia forma de ignorar a urgência em escolher as pessoas certas para junto de vários empresários, encontrarem os melhores jogadores para moldar uma equipa que terá de carregar quase sozinha todos os pecados cometitos nos últimos meses.

Não preciso de dons adivinhatórios ou sequer espiões bem colocados para ter uma certeza quase segura que esta CG se entregou às mãos de um enorme problema chamado ignorância e pior que isso, confiou em garantias saloias de quem descontruiu o mercado de transferências como algo passível de ser delegado “à confiança”. Quase dois meses depois e a duas semanas do fecho de mercado a factura de azelhice vai aumentando.

E se já não era bom assistir diariamente às poucas movimentações de mercado, narradas ao segundo por meios de comunicação social “amigos da casa”, mais penoso fica entender a parca imaginação no tipo de alvos que são eleitos para debater contratos com os empresários. Levar negas sucessivas é a cereja no topo de um bolo cada vez mais recheado de preocupação.

A brincar, a brincar…esta CG adquiriu Renan Ribeiro e…Sturaro, ou seja, em dois meses de trabalho garantiu dois jogadores que não entrarão tão cedo no 11 titular. E se quisermos olhar pelo lado das dispensas, o cenário não melhora. Muito poucos resultados, más escolhas, negociações falhadas, incapacidade de persuasão, escolham os “dont do’s” do mercado de contratações e esta CG fez o pleno.

Desconfio que esta última leva de nomes seja já o prenúncio de desespero de quem tanto protelou nas semanas decisivas. Diaby, Horta, Enzo Perez, Quaresma…mau, péssimo, inútil e tarde. Em quatro nomes, quatro provas da incompetência quer dos dirigentes, quer dos mandatados para escolher as melhores soluções. Sinceramente, se é para este tipo de operações, mais vale olhar bem para o que temos (Petrovic’s e Castaignos de parte) e instruir Peseiro para trabalhar com o que já está disponível.

Por outro lado se a CG está a tentar criar as melhores condições para fazer sobressair a próxima direção, retiro tudo o que disse e só posso dizer que estão a fazer um óptimo trabalho. O próximo presidente parecerá um génio de gestão desportiva. Pena só que uma época tenha ido pelo cano nos entretantos.

*às quartas, o Zero Seis passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca