Aproveitando o acto eleitoral, o conselho de administração da SAD do Sporting liderado por Sousa Cintra revelou as contas do último ano, com valores calculados até dia 30 de junho de 2018.

Como não podia deixar de ser, o que salta imediatamente à vista é o facto do Sporting apresentar um prejuízo de 19,9 milhões de euros e a regressar ao universo da “falência técnica”, algo que acaba por não admirar se tivermos em conta que já se sabia que o terceiro trimestre se tinha traduzido num simples milhão de lucro e se nos recordarmos da não entrada na Champions e da debandada de jogadores que impediu que, até à data de 30 de junho, se tivessem verificado vendas que permitissem inverter os números.

De acordo com o relatório e contas enviado à CMVM, o ano de 2017/18 trouxe um volume de negócios de 126 milhões de euros, dos quais 34 milhões com venda de jogadores (no ano anterior a faturação da SAD foi de 173 milhões). E o resultado líquido foi negativo em quase 20 milhões de euros, colocando a SAD do Sporting em falência técnica, com os capitais próprios a apresentarem um valor negativo de 13,3 milhões de euros. Estes número são justificados pelo “investimento efetuado no plantel” para tentar dar a Jorge Jesus todas as condições para alcançar conquistas na época passada.

Soluções, claro que existem, como podemos constatar no próprio R&C, sendo uma das primeiras grandes tarefas da direcção de Frederico Varandas: além da necessidade de garantir a cobertura do défice de tesouraria de exploração, da ordem dos 60 milhões de euros, é preciso concretizar o princípio de acordo realizado com o Novo Banco e o BCP em abril deste ano (30 milhões de euros), com a recompra dessa dívida por uma entidade terceira. E é necessário garantir o empréstimo obrigacionista, também de 30 milhões, que vence em novembro.

Na despedida, Sousa Cintra desdramatizou a situação lembrando, por exemplo, que o regresso de alguns dos jogadores teve um impacto positivo de 18 milhões de euros no resultado e no ativo intangível (plantel) e que a SAD do Sporting está confiante em ver ser-lhe dada razão nos processos contra os jogadores que rescindiram e que, nesse caso, permitiria ao clube um encaixe superior a 220 milhões de euros, como pode ler-se no mesmo relatório (54,7 milhões de Patrício, 60 milhões de Podence, 105 milhões de Gelson Martins).

Esta questão das rescisões será outra das grandes provas de fogo desta nova direcção que, no meio de tudo isto, encontra o clube com um passivo global reduzido de 311 milhões para 283 milhões de euros.