O Sporting sofreu a primeira derrota da temporada, mas, mais do que o facto de perder, incomoda o facto da equipa não ter entrado para ganhar. Peseiro voltou a apostar no contra-ataque para uma deslocação difícil e nem quando se viu em desvantagem deu um safanão numa equipa sem fio de jogo e a viver da vontade e qualidade das individualidades

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Pode um resultado ser uma lição e injusto ao mesmo tempo? Pode. E passo a explicar-vos porquê. Em jogo jogado, o Sporting jamais foi inferior ao Braga. Ok, entrou pior e, durante 10/15 minutos esteve a terminar o aquecimento, mas no somatório de toda a partida acaba por ter mais bola, mais remates e mais oportunidades claras de golo (ou, se preferirem, a melhor oportunidade de golo). Esse é o lado injusto da derrota. Mas, por outro lado, o Sporting, tal como havia feito na Luz, chegou a Braga com um posicionamento e uma forma de estar que, se fosse legendada, seria descrita como “sim, queremos ganhar, mas se ficarmos com um ponto não nos chateamos nem um bocadinho”. E deu merda, claro que deu merda, como dá quase sempre merda este tipo de abordagem às partidas. É a lição que fica desta derrota. Resta saber se Peseiro tomou notas.

Depois daquela entrada manhosa de que já vos falei, um pouco à entrada manhosa de quinta-feira, frente ao Qarabag, veio de Raphinha o primeiro sinal de inconformismo. Bela bola de Bruno Fernandes (ou do gémeo esquisito do gajo que jogava na época passada) sobre Claudemir e remate cruzado de Raphinha a passar por cima. Pouco, muito pouco, sublinha o facto do primeiro canto a favor do Sporting surgir aos 19 minutos de uma partida que, com o correr dos minutos, foi-se transformando mais em luta do que e futebol jogado, com vantagem para os arsenalistas que quase sempre ficavam com as bolas divididas. Depois veio um remate perigoso de João Novais, de fora da área e o lance de maior frisson em todo o primeiro tempo: livre de Bruno Fernandes e Nani arranca uma cabeçada a roçar a perfeição, obrigando o redes adversário a grande defesa.

E assim se chegou ao intervalo. Pouco, certo? Era altura de perceber o que o Sporting queria do jogo. Era altura de mexer. Mas nada disso aconteceu. A partida recomeçou, o Sporting até pareceu apostado em pressionar um pouco mais alto, mas os minutos iam passando e o nó não desatava. Até que surge a melhor oportunidade de golo de todo o jogo: contra-ataque conduzido por Montero, com uma arrancada impressionante pela direita e cruzamento para o lado contrário: Bruno Fernandes mata o no peito, tira bem um adversário da frente e fica com linha de tiro no coração da área, mas o remate sai rasteiro e a rasar o poste.

Tudo de mãos na cabeça, mais ainda quando, logo a seguir, numa perda de bola ridícula à saída para novo contra ataque, o Sporting sofre um golo. Abel já tinha mexido, trocando Wilson por Eduardo (que faria a assistência para o golo), era altura de Peseiro mudar algo. Acontece que, mesmo a perder com uma equipa de estalinhos de carnaval (é o que é o Braga, neste momento), o técnico não abdicou do seu duplo pivot, Battaglia e Gudelj, uma dupla que poucas vezes se entendeu, quase nunca atacou e que errou demasiadas vezes na cobertura da sua área. Sai Nani e Montero, entram Jovane e Castaignos.

Castaignos seria um a menos, Jovane voltaria a mostrar que já merece a titularidade e que o Sporting precisa de incorporar mais um jogador rápido no seu esquema. Foi, aliás, do mais rápido de todos, Raphinha, que nasceriam dois remates a dar a ilusão de golo, nomeadamente o segundo que a entrar, ao ângulo, seria um golaço. Mas eram, sempre, remates de fora da área. Ou quase, como aquela última oportunidade, de Jovane, depois de lance individual e quando Diaby já tinha entrado para o lugar de Gudelj só para fingir que “se tinha colocado toda a carne no grelhador”.

No final, Peseiro diria ter gostado da reacção dos seus jogadores e aí reside parte do problema: o Sporting não é devia ser equipa para reagir, antes para agir. E isso passa por assumir os jogos de início, indo para cima do adversário. Como? Para este adepto que estas linhas escreve, a resposta é fácil. Resta saber se também o será para o treinador…

Talk talk talkin ‘bout who’s to blame
But all that counts in how to change
Stop stop talkin ‘bout who’s to blame
When all that counts in how to change
Lalalala
lalalala
lalalala