Este foi, na íntegra, o meu comentário, NÃO PUBLICADO (!?) no blog Tu Vais Vencer, ao post com o título AS DISPENSAS, datado de 3 de outubro de 2018:

“As pessoas são dispensadas porque quem toma as decisões acredita que há alguém mais identificado com o projeto para o cargo. Tal como aconteceu quando Bruno de Carvalho assumiu o cargo. É apenas natural.” (fim de cit. – blog Tu Vais Vencer, post 3out2018).
Aceito, compreendo e até concordo com esta premissa. Não posso é considerá-la um axioma tão absoluto que dispense qualquer escrutínio.
“Dar tempo à Direção para trabalhar também é entender que haverá gente a sair e gente a entrar. Devemos olhar com sentido crítico (…)” (fim de cit.- blog Tu Vais Vencer, post 3out2018).
É exactamente essa ausência de sentido crítico neste seu comentário, que eu acabo por estranhar (tudo o resto é a elaboração de princípios básicos de gestão de recursos humanos e de valores a prevalecer numa Associação/Clube desportivo, com os quais é difícil não concordar): porque o que comentou no post não são apenas princípios genéricos, mas um acto concreto de gestão que afectará a vida pessoal e profissional de uma funcionária específica do Clube.
E aqui acho que é NOSSA OBRIGAÇÃO requerer aos dirigentes do Nosso Clube mais transparência e Esclarecimento. Porque essa funcionária era, “apenas” a coordenadora do Departamento de Futebol Feminino, cujo trabalho apresenta resultados de EXCELÊNCIA, absolutamente inatacáveis, sob qualquer prisma que seja avaliado (desde os resultados desportivos, à comunicação do departamento, passando pela formação, pela promoção da Modalidade, pela promoção da Marca Sporting, pela difusão dos Valores e Princípios Desportivo, Sociais, Culturais e Éticos da Instituição Sporting Clube Portugal, pelo enriquecimento do espólio do Nosso Museu, etc). Ela foi, desde o seu início, a coordenadora, a gestora e a arquitecta “administrativa”, daquele que, na minha opinião é o Projecto (não apenas desportivo) mais bem concebido e executado das últimas 4 décadas de Sporting.
Nesta situação, a transparência comunicacional, torna-se mais que uma questão funcional.Ela passa a ser uma exigência de DECÊNCIA.”

A supracitada dispensa refere-se à ex-funcionária do SCP, Raquel Sampaio, que durante mais de 2 anos, exerceu – com enorme dedicação, paixão e competência – um trabalho de excelência enquanto Directora do nosso Departamento de Futebol Feminino.
Permitam-me realçar que aceito que a hierarquia superior do Clube entenda dispensar uma sua funcionária, seja para a substituir, seja para extinguir as suas funções. E até compreendo que, tratando-se de um(a) funcionário(a) cujas funções não sejam de chefia ou de coordenação, a informação sobre essa dispensa se confine ao departamento, secção ou escritório em que trabalha.

Aquilo que não acho aceitável é que se dispense uma dirigente do Departamento mais bem sucedido do Clube, sem uma única informação e explicação aos associados. A entrada ou saída de qualquer funcionário ou director da SAD é comunicada à CMVM! O mesmo princípio é exigível ao Clube, quando se trata dos seus atletas, dos seus treinadores e técnicos, dos profissionais dos seus departamentos médicos (e tem sido essa a prática) ou dos seus seccionistas. E, nos últimos anos, tem sido essa a prática.

O resultado desta omissão comunicacional, provoca uma falta de transparência, que tem dado azo a todo o tipo de comentários e especulações nas redes sociais. A Raquel Sampaio não o merece! O Departamento de Futebol Feminino não o merece! As nossas equipas de Futebol Feminino (Jogadoras e Técnicos/as) não o merecem!

Não sei o que se terá passado para esta tomada de decisão por parte dos dirigentes do Clube, mas, independente de quaisquer justificações, não posso concordar com a forma da sua execução.

À Raquel Sampaio, enquanto sócio e fervoroso adepto do Sporting Clube de Portugal, e enquanto incondicional apoiante e admirador do projecto que tão bem soube dirigir, cumpre-me aqui, publicamente, expressar aquilo que devia ter sido expresso pela Direcção do Clube: Por toda a paixão e entusiasmo com que abraçaste e dirigiste este projecto, por toda a competência que a ele dedicaste, por toda a exigência que nele imprimiste (o lema da secção e assimilado por TODAS e TODOS é “Não há desculpas!”), por todo o teu contrinuto para o (à partida) inimaginável sucesso na conquista de ínúmeros objectivos, por toda a raça, força, ponderação, fair-play, alegria e simpatia com que soubeste contagiar tudo e todos, por teres ajudado o Sporting Clube de Portugal a ser ainda maior e melhor (a comprová-lo estão, no Nosso Museu, os 6 troféus, das 6 competições oficiais que disputámos nas duas primeiras épocas do Departamento), MUITO OBRIGADO RAQUEL SAMPAIO!

p.s.1 (continua a significar post scriptum) Para que fique bem claro: embora o candidato F.Varandas não tenha merecido o meu voto, o democraticamente eleito F.Varandas passou a ser o meu Presidente (porque respeito TODAS as decisões democráticas, maioritáriamente assumidas pelos meus consócios); esta submissão à vontade maioritária dos sócios e esta colocação dos interesses do Sporting acima de preferências ou escolhas pessoais, não me inibe, todavia, de escrutinar as acções dos Órgãos Sociais eleitos. A democracia não se limita ao acto do voto, antes deve ser um exercício permanente dos dirigentes eleitos e dos membros da instituição que dirigem. O escrutínio que, neste post, faço a um acto (ou, mais precisamente, a uma omissão) do actual Conselho Directivo, fá-lo-ia de igual modo se tivesse sido eleito Preidente o candidato em que votei. Aguardo que o assunto possa merecer o devido reparo e desejo, com toda a sinceridade, que todos os meus actos de escrutínio à gestão do nosso clube possam se positivos.

p.s.2: A Raquel Sampaio até no acto de saída foi uma leoa do tamanho do Mundo. Declarou apenas: “o sorriso com que aqui entrei é o mesmo que levo à saída”

p.s.3: o Comunicado que, entretanto, a Direcção da SAD colocou no site do Clube (6 Out.) para comunicar a nomeação de Filipe Vedor para o cargo é espartano de tão lacónico; mais parece um comunicado à CMVM (e provavelmente é uma cópia do que fez à CMVM, por obrigação de lei). Insisto, a Raquel Sampaio merece muito mais que aquilo; mas também o merecem os sócios e os adeptos do Clube, particularmente aqueles que foram “aprendendo” a amar a Modalidade.

raquel sampaio

* às segundas, o Álvaro Antunes faz-se ao Atlântico e prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino