Tempo de mudanças e reestruturações é tempo de reflectir sobre tudo aquilo que podemos e devemos melhorar em torno do nosso clube. Muitas têm sido as sugestões de sportinguistas um pouco por todo o lado e muito o silêncio da parte da nossa direcção neste primeiro mês sobre quase todos os temas quentes e por resolver. O assunto que trago hoje não será (pelo menos para já) prioritário, mas é um que tenho na calha para escrever há quase um ano.

Impressiona-me todas as semanas que projectos como o Sporting160, a Tasca, o Artista do Dia entre muitos outros espaços leoninos, despertem mais interesse e movam mais pessoas do que a televisão que deveria unir toda esta gente espalhada por aqui. Conheço bem a qualidade e o carinho de todas as pessoas que se dedicam a estas plataformas, sei que o fazem e se movem por dedicação ao clube do seu coração e que a sua motivação diária é o de dar tempo em prol do Sporting. Mas não deixa de ser um alerta gritante que pessoas sem qualquer interesse financeiro, que desenvolvem blogs, podcasts, espaços em redes sociais, tenham mais sucesso e movam mais entusiasmo do que profissionais de comunicação com recursos infinitamente superiores e obrigações infinitamente maiores.

A Sporting TV é hoje uma plataforma fechada. Os conteúdos são, na sua generalidade, fracos, o design francamente sofrível e sua capacidade de inovação simplesmente estagnou. É um canal que vai vivendo à custa dos jogos das modalidades e de algumas fantásticas entrevistas esporádicas, mas que não conseguiu ainda fidelizar uma massa adepta de um clube de futebol (algo verdadeiramente estranho em Portugal).

Falta mais espaço para pensar o Sporting, para debater o mesmo livremente, para discutir futebol, andebol, futsal na sua verdadeira essência. Falta catapultar melhor os momentos de vitória, faltam mais reportagens, mais entrevistas, mais conteúdos originais, e que os mesmos não estejam fechados no circuito da televisão. Reconhecendo que muitas das dificuldades virão da falta de orçamento, tempo e profissionais disponíveis, existe sempre espaço para inovar e para aprender com muitos dos fenómenos que por aqui temos visto.

Quantas vezes pretendo ver um conteúdo e tenho de o encontrar em canais YouTube em nada relacionados com a Sporting TV (que já agora fazem dinheiro com a publicidade dos meus cliques)? Quantas vezes oiço os podcasts dedicados ao nosso clube e penso como é possível que o Sporting não grave programas destes em estúdio e depois os difunda nesta era tão digital? Como é que ninguém vê o quanto mais poderemos fazer com muito menos?

Sinto-me absolutamente desligada do canal oficial do clube. Ligo quando sei que teremos jogos nas principais modalidades e assim que terminam as entrevistas, termina a minha estadia por lá. Mesmo assumindo que posso estar a ser profundamente injusta e que existe muito e bom conteúdo na Sporting TV (tive apenas o azar de nunca o apanhar) não o poderia descobrir sozinha. E essa falta de ligação ao adepto e o encosto à sombra de um grande clube que acaba sempre por garantir bons resultados ao final do dia, acaba por demonstrar uma falta visão preocupante para um projecto caro e que tem dado retorno em momentos muito específicos.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa