Este fim de semana, o regresso das nossas “meninas” às competições proporcionou-nos mais uma série de resultados vitoriosos que vale bem a pena analisar. Sigamos a cronologia do sucesso.

sub19 femSábado, dia 13, pelas 15h, a equipa de Sub 19 deu início à sua participação na série E do campeonato Nacional do Escalão com uma sempre difícil deslocação ao Estádio Francisco Lázaro , reduto do histórico Futebol Benfica, clube popularmente conhecido por “FóFó” e com enomes pergaminhos no que ao futebol feminino diz respeito. Não podia ter corrido melhor a estreia das jovens leoas. O resultado foi de Fófó 0- Sporting 3, com golos de Marta Ferreira, Margarida Caniço e Nicole Araújo. Como apontamento “curioso”, as idades das goleadoras de serviço:Marta e Nicole fizeram 16 anos há 2 meses e a Margarida só completará 16 anos em fevereiro de 2019. Ou seja, num escalão de sub 19, as goleadoras poderiam estar todas a alinhar nos sub 17 (e uma delas até nos sub15 se houvesse esse escalão etário nas competições femininas). Outra curiosidade, é a de que neste escalão, o futebol feminino é jogado apenas com nove jogadoras de cada lado.

sub23 femNo dia seguinte, voltava à competição a recém criada equipa de sub 23. Primeira explicação que se impõe: o plantel de sub 23 compete na 2ª Divisão Nacional Seniores absolutas. Segunda explicação que se impõe: as meninas que compõem o nosso plantel de sub 23, são as mesmas que compõem o plantel de sub 19. Esta última constatação implica duas condicionantes: primeiro que, tal como aconteceu este fim de semana, o mesmo plantel efectua 2 jogos de campeonato nacional (um de sub 19, que implica o uso de, no mínimo 9 das suas jogadoras) e outro de seniores absolutos que implica o uso de, no mínimo 11 das suas jogadoras); ora o plantel totaliza 2 Guarda-redes; 10 defesas; 7 média e 4 avançadas, num total de 23 jogadoras. O que nos leva à segunda condicionante: para não colocar jogadoras a repetir jogos com menos de 24 horas de diferença; a treinadora Mariana Cabral não pode usar todas a substitições disponíveis, pois, para isso necessitaria de um plantel de 26 jogadoras e sem lesões. Narrado o contexto, anotem só: domingo, 14 de Outubro, a Sporting SAD B (sub 23- com média de idades inferior a 19 anos) foi vencer fora o Torreense (equipa senior absoluta), por claros 7-0 (Vera Cid (12 min.); Beatriz Conduto (26m., 37m. e 72m); Inês Macedo (32m.), Inês Gonçalves (45m.) e Bruna Costa (68m)
Infelizmente, neste caso, não posso “presentear” os tasqueiros com mais dados sobre o jogo porque essa informação não estava disponibilizada no site oficial da FPF (que até demorou mais que o tasqueiro Serjão a colocar o resultado na sua página da competição); mais curioso é verificar como a FPF ordena a classificação da Série D. finda a 3ª jornada:

classifica errada

Ora, algué que me explique como é que a instituição organizadora da competição consegue colocar o Sintrense em 2º lugar com 6 pontos em 3 jogos e tendo uma diferença entre golos marcados e golos sofridos negativa em 3 golos (8-11), à frente do Sporting, que aparece em 3º com os mesmos 6 pontos mas menos um jogo e com uma diferença entre golos marcados e golos sofridos positiva em 20 golos (20-0)? Ninguém acha isto estranho? Porque nos dois últimos lugares o critério se altera e (apesar do Pego ter menos um jogo que os Vidreiros, mas até em factor inverso ao do Sporting) o que conta é o (mal) chamado goal average. Aliás, o critério para ordenar os 3 segundos lugares é um completo absurdo porque não se entende também por que fica o Damaiense atrás do Sintrense. Enfim, “mariquices” federativas.

O essencial a reter destes dois resultados é que se está claramente a fornecer um contexto altamente competitivo e exigente às nossas formandas. A chamada equipa B não foi feita “para dar minutos” às seniores A menos utilizadas; foi criada para dar um outro contexto de competição senior (jogando futebol de 11 e não de 9 e competindo com seniores “mais rodadas”) às nossas sub 19. Talvez percebendo isso (e o contexto de constituição e de competição dos plantéis de sub 17 e de “Infantis”) se consiga perceber meljor o porquê de o Sporting não construir o seu Plantel Senior A numa lógica de aquisição de muitas jogadoras estrangeiras.

Mas falemos então das Seniores A, porque foi delas o outro jogo do fim de semana. Recebendo no Aurélio Pereira as meninas do Estoril-Praia (equipa bem reforçada mas parecendo estar ainda a construir os seus processos e ideia de jogo, as leoas obtiveram uma boa vitória por 3-0. Não foi fácil vencer a resistência das Estorilistas muito contidas e remetidas ao seu espaço defensivo, bastante aguerridas na procura de fechar espaços, mas raramente criando situações ofensivas de algum perigo. Essa resistência sóo viria a ser quebrada perto dos 40 minutos, através de um golo de Carolina Mendes, uma das aquisições desta temporada. Para o segundo tempo, o Estoril apareceu um pouco mais solto e mais afoito a manobras ofensivas (mesmo que nunca causando verdadeiro perigo). Todavia, os espaços criados por esse “esticar de jogo” das estorilistas não estavam a ser bem aproveitadas pelas médias e pelas atacantes sportinguistas (onde se notou algum desgaste das seleccionadas Diana Silva e Solange Carvalhas).

O professor Nuno Cristóvão (como usual) leu muito bem a situação e substituíu Diana Silva pela jovem Neuza Besugo (19 anos , 2º ano de senior!) e os resultados foram imediatos: neuza mexeu mais com a nossa frente de ataque, proporcionou mais jogo interior a Solange, favorecendo também uma maior propensão ofensiva a Rita Fontemanha (a jogar na lateral esquerda). Foi numa dessas jogadas que surge o 2º golo: Solange flete para o interior e deixa a bola com Neuza que primeiro simula uma devolução a Solange, mas depois inflecte para o lado inverso e abre à subida de Rita Fontemanha que faz um belíssimo centro para Carolina Mendes bisar de cabeça. Minutos mais tarde, na sequência de um canto, Tatiana pinto faz um passe-abertura a rasgar toda a defesa estorilista para aparecer Tatiana Damjanovic a marcar um golo de belo efeito (o 3º na competição da defesa, também ela reforço desta temporada). Faltando menos de 10 minutos para terminar o encontro as leoas limitaram-se a gerir o jogo.

A reter deste encontro (e voltando às anteriores “polémicas”, sempre positivas, nesta rubrica) diria que, se calhar até continuamos a ser algo assertivos nas aquisições que fazemos. Afinal, os 3 golos pertenceram a 2 delas. E por falar em aquisições, a nota final para os primeiros minutos de competição da sueca Hoff Larsson, a aquisição de “última hora” para o nosso plantel: ainda não deu para ver muito, mas destaco a vontade (procurou sempre criar linhas de passe) e alguns bons pormenores a nível da visão de jogo e do passe. Ainda com espaço para se integrar melhor nos processos da equipa, parece-me ser mais uma atleta que pode vir a acrescentar algo no meio campo.

* às segundas, o Álvaro Antunes faz-se ao Atlântico e prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino