Mais uma patética exibição, mais 90 minutos sem ligar sectores, mais uma mão cheia de desculpas para a ausência de algo que mostre trabalho. O Sporting segue em frente na Taça, mas quem teve motivos para sorrir foi a equipa do Loures. Ah, e Peseiro, claro. Mas aposto que provocado pelos nervos…

peseiro-fuck

Passaram onze horas e a imagem de Peseiro, Presume e Tiago Fernandes a olharem para o relógio, cada um deles à procura de local para onde se virarem quais baratas tontas, não me sai da cabeça. O Loures havia acabado de reduzir para 1-2, num dos cerca de sete momentos bonitos que o jogo teve, e o técnico leonino berrava “Bruno! Bruno!”, provavelmente querendo pedir a Bruno Fernandes que mandasse Castaignos juntar-se a Petrovic na cabeça da área, não fosse a coisa descambar e termos que ir para um prolongamento.

«Queríamos vencer e passar a eliminatória. Isso foi conseguido. Criámos muitas oportunidades, mas hoje, com tantas mudanças, não era dia para fazer muito melhor.»

Criámos muitas oportunidades, diz ele. Mais um bocadinho, tínhamos feito uma exibição do cacete… pena, por exemplo, aos 35 minutos de jogo os nossos lances de perigo frente a uma equipa dos sintéticos fossem bolas paradas: livre de Nani, livre de Bruno Fernandes, cabeçada de Marcelo. Do lado contrário, um remate, de bola corrida, para defesa fraca do Renan.

Não há ideias, não há ligação entre os sectores, não há a capacidade de subir em bloco e encostar o adversário às cordas, não existe dinâmica ofensiva e tudo se resume às acelerações do Jovane ou do Raphinha, aos lampejos de classe do Nani ou do Montero ou às aparições esporádicas da qualidade de Bruno Fernandes, também ele cada vez mais afectado por este vírus ribatejano. Foi uma dessas aparições que resultou em golo, num remate surpresa seguido de um frango épico do redes que mais parecia um puto dos traquinas desesperado por não chegar à trave quando a bola lhe passa por cima.

E assim fomos para o intervalo, cantando e rindo com a eliminatória bem encaminhada, que podia ter ter sido carimbada aproveitando o recomeço às costas de Jovane. O puto acelerou e foi o suficiente para o adversário abanar por todos os lados (imagine-se se os outros também tivessem acelerado…). Primeiro, ganhou um penalti que Bruno Fernandes desperdiçou, com o redes a redimir-se do frango da primeira parte; depois, foi por ali fora, flectiu da esquerda para o meio e rematou em arco para uma defesa incompleta que deu a Nani a oportunidade de mostrar que a classe não é para qualquer um, sentando dois adversários antes de encostar calmamente para golo; por último, tentou duas ou três vezes criar as condições para o esforçado Castaigos quebrar a maldição.

E tão absorvido estava pelo facto de ser ele o faz tudo, que o jovem Cabral veio à sua defesa fazer um alívio horrível e colocar a bola nos pés de Thompson que, com tudo para marcar, mostrou o porquê de estar na divisão em que está. Do outro lado, Castaignos fazia uma picadinha sobre o redes, mas a bola passava ao lado e ao lado de todos nós passavam os minutos de uma exibição paupérrima e enfadonha que Peseiro quis tornar mais paupérrima e enfadonha quando tirou Mané (mete o puto a avançado, estúpido de merda!) para meter Petrovic.

Ah, agora com a casinha arrumada vamos poder gerir frente a este colosso com equipamento para fazer lembrar o Dortmund e poupar as pernas para a recepção ao Arsenal!

«Até ao 2-0 dominámos, controlámos, fomos melhor equipa. A partir do 2-0, gerimos um pouco. É verdade que alguns jogadores não estão habituados a jogar, o ritmo não é o mesmo, a intensidade não é a mesma. Temos jogo quinta-feira e talvez isso tenha pesado e tenhamos desacelerado. Não estava de forma alguma previsto gerir o esforço, mas parece que a equipa baixou o ritmo e a intensidade.»

Ah, afinal a culpa foi dos jogadores, que não perceberam que a entrada do Petrovic era um sinal para um assalto final à área do Loures, partindo para a goleada com a confiança de ter as costas guardadas pelo gigante! Hum, desculpe? Ainda não terminou? Ah, faça favor

«Até ao 2-0, fomos a única equipa em campo. Normal, somos melhor equipa, temos mais recursos que o Loures, infelizmente não fizemos o penálti para proporcionar outro resultado e lançar mais jogadores.»

Obviamente. Sim, claro. Compreensível. Era totalmente diferente fazer o 2-0 de penalti do que fazê-lo meia dúzia de minutos depois, de bola corrida. Quase aposto que era coisa para, em vez de meter o Miguel Luís aos 90′, tê-lo metido aos… hmmm… 87′. Tirando o Jovane na mesma, claro!

«Evidente que temos obrigação de não sofrer golo, não estou satisfeito por isso.»

Só por isso, certo? De resto, correu tudo conforme previsto até porque como dizes, numa das mil e uma choradeiras e desculpas que vais ensaiando semana após semana, com direito a mega entrevista na bola, ontem só estiveram em campo um ou dois jogadores que eram titulares do Sporting na época passada. Importa é sermos felizes e continuar a percorrer a estrada que, garantes, nos vai levar ao arco-íris.

Pelo meio, deixa-me só pegar nas palavras do Juninho, rapaz que nos marcou o golo e que é filho de um ex-jogador, Mário, que nos deixou boas memórias. «Vou ter com ele (pai) agora e vamos chorar mais um bocadinho, porque é uma emoção muito grande». É mais ou menos como eu, José. Vou ter com pai, irmão, amigos e qualquer outra pessoa que sofra pelo Sporting e choro mais um bocadinho. Por aquilo que não jogamos. E por ter que ter-te como treinador.

Theres a look on your face I would like to knock out
See the sin in your grin and the shape of your mouth
All I want is to see you in terrible pain
Though we won’t ever meet I remember your name

[…]
Pray to god I can think of a kind thing to say
But I don’t think I can… so fuck you anyway!