Quase sem darmos por isso, passaram cinco anos. Cinco anos desde que nos mudámos para esta casa a quem, em conjunto, demos um nome. Não houve festa, é verdade, mas houve tempo para fazer um balanço ao fim de dez anos a escrever para vocês, metade deles num Cacifo onde foi cabendo cada vez mais gente e outra metade numa Tasca aberta a toda a gente que sinta este clube chamado Sporting Clube de Portugal.

É esse o mote. Sempre foi. “Somos do Sporting, somos enormes e cabemos todos na Tasca“. Ou, resumido numa frase mais curta para cerca de 50 pessoas reunidas à mesa, “a Tasca é isto!”. E o “isto” sempre foi, na minha cabeça, a possibilidade de ter um espaço onde se respirasse Sporting e onde coubessem todas as formas de defendê-lo, de celebrá-lo, de senti-lo. Sou e sempre serei um defensor da pluralidade de ideias e opiniões como motor para tornar-nos mais fortes e conseguir reunir fora da web esses Sportinguistas com pensamentos mais ou menos diferentes foi um extra que me encheu de orgulho.

Não foi por isso à toa que, este ano, preferi fazer o balanço ao invés de tentar marcar uma almoçarada, uma jantarada ou uma futebolada. Não dá para fingir que não me incomoda e entristece o que vem acontecendo nas caixas de comentários. E não estou a falar dos pessimismos incontroláveis, dos desnortes totais e dos descarregares de frustrações nos comentários que são feitos enquanto as nossas equipas jogam.

Estou a falar do peso, do cinzentismo, da falta de respeito que grassa a cada novo post, afastando mais e mais Sportinguistas que, ao invés de comentarem, preferem manter-se em silêncio a ter que levar com uma trupe de equilibristas a fazer chacota ou a ofenderem-no face ao que escreveu.

A isto chama-se “matar a liberdade de expressão”. Ou, se preferirem, chama-se fazer exactamente o que os lampiões tentaram fazer quando pediram os dados dos bloggers à google: promover o silêncio. Castrar a opinião. Estragar.

Sim, tu tens estado a estragar a Tasca. Tu que criticas os lampiões por quererem amordaçar os Sportinguistas. Tu que lamentas que o GAG tenha interrompido o seu trabalho e te esqueces (ou finges) que ele, como outros, deixou de comentar na Tasca por tua causa. Tu que não hesitas em ofender quem aqui escreve. Tu que não hesitas em lançar suspeições sobre tudo e todos. Tu que te estás marimbando para o trabalho que dá escrever um post e não hesitas em mudar o assunto só porque achas mais giro fazer trocadilhos ou puxar temas que vão descambar passado pouco tempo. Tu que estragas um post e depois outro e mais outro, como se o teu dia dependesse dessa miserável conquista.

Não sei se tudo isto é propositado. Não sei se acharias giro fazeres o luto porque a Tasca fechou a porta. Mas sei que também conseguiste tornar-me, várias vezes, pior pessoa. Sei que conseguiste promover em mim a vontade de atacar pessoas do meu clube, de esfregar-lhes na cara cada vitória dizendo-lhes que não a merecem. E sei que, sim, a culpa de tudo isto também é minha por, provavelmente durante demasiado tempo, ter acreditado que, pese a diferença de opiniões e da forma como sentimos o clube, cabemos todos na mesma casa.

Esta é a minha grande derrota ao fim destes cinco anos de Tasca: perceber que há quem esteja a querer destruir a casa a quem demos nome em conjunto, oprimindo aquilo que sempre a tornou numa casa única. E isso é algo que eu não posso permitir mais, por todos aqueles que aguentam estoicamente a sujidade e a maldade que algumas pessoas trazem agarradas a si. Por todos aqueles que aceitaram o desafio de assinar os seus próprios posts. Por todos aqueles que sei que aqui andam, mas a quem conseguiram cortar a palavra da qual tenho saudades e que já só consigo ler ou ouvir se com eles falar directamente.

Conforme vos disse no início, quase sem darmos por isso, passaram cinco anos. Cinco anos desde que nos mudámos para esta casa a quem, em conjunto, demos um nome. Não houve festa, é verdade, mas houve tempo para fazer um balanço e para decidir qual o caminho a seguir. Um caminho onde cabem tantas e tantas ideias para celebrar o Sporting e para transmitir Sportinguismo (assim o Jusko esteja para aí virado, também). Um caminho onde não cabem, decididamente, pessoas como tu.

Não penses, no entanto, que me é simples escrever o que acabei de escrever. Ter que abrir a porta da rua a um de nós será, sempre, uma tristeza para alguém que continua a querer acreditar que há espaço para todos e para todas as opiniões. E que, sem isso, no fim perde o Sporting…

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