16 Maio 2018. No rescaldo o bárbaro ataque à Academia Sporting, Marcelo Rebelo de Sousa não hesitava. “Tive o sentimento de alguém que se sente vexado pela imagem projetada por Portugal no Mundo. Vexado porque Portugal é uma potência, nomeadamente no futebol profissional, e vexado pela gravidade do que aconteceu”.

Indignado, Marcelo considerou necessário travar a escalada [de violência]: “Se não é travada agora, então quando for, mais adiante, é por meios mais drásticos e penosos. E todos queríamos evitar isso. Para mim, uma coisa é óbvia: é que não podemos fazer de conta. Nós, portugueses, somos muito bons a fazer de conta, fazer de conta que o que é grave não é grave e que aquilo que é anormal é normal. Fazer de conta que é um caso isolado. E não há um clima como há sempre relativamente a atividades potencialmente ou alegadamente criminosas. Sobretudo coletivas”.

Também o primeiro-ministro, António Costa, foi célere a reagir ao ocorrido, afirmando que os atos de “selvajaria” ocorridos na Academia do Sporting, em Alcochete, não podiam ficar impunes, e defendendo que os comportamentos “inaceitáveis” no desporto têm de ser banidos. “O desporto é uma forma de transmissão de valores e não pode ser uma forma de promoção da selvajaria, como ontem pudemos assistir, que obviamente a todos repugna e não pode ficar impune de forma alguma”. António Costa sublinhou, ainda, que houve “uma infiltração grande no mundo do futebol de comportamentos que são inaceitáveis, que nada têm a ver com o desporto, e que têm de ser banidos. Temos de nos dotar dos meios legais necessários para banir este tipo de comportamentos e devolver ao desporto, neste caso ao futebol, a pureza própria”, defendeu.

E porque não há duas sem três, Ferro Rodrigues, presidente da AR e sócio do Sporting, apelidou este tipo de incidentes como “atos terroristas”, responsabilizou o ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho pelos acontecimentos e deixou um “É bom que autoridades judiciais, que investigam tanto o os políticos, investiguem bem os dirigentes desportivos”.

Ora, cerca de seis meses volvidos, adeptos do benfic@, vestidos de preto e encapuzados, atingiram com pedras e cadeiras um hotel junto ao Estádio da Luz, onde se hospedaram vários adeptos do Ajax.

O grupo chegou pouco depois do final da partida, em que os encarnados empataram 1-1 com o Ajax, e de acordo com o jornal holandês De Telegraaf, “os adeptos do Ajax foram surpreendidos por adeptos encapuzados no terraço do hotel, que lançaram garrafas de cerveja e pedras contra os holandeses”. A publicação adianta ainda que os “adeptos do Ajax foram obrigados a correr para os quartos” para se protegerem do ataque.

Fonte da PSP confirmou “os desatacados provocados por adeptos do Benfica”, adiantando que quando as autoridades chegaram ao local, parte dos adeptos envolvidos no incidente já teria dispersado do local. Apesar de os elementos da PSP terem alcançado alguns dos envolvidos, não houve detidos. “Os funcionários do hotel não conseguiram identificar os suspeitos”, explica a PSP.

Curiosamente, quando já passaram cerca de 15 horas sobre o ocorrido, não existem reacções por parte de quem quer que seja. Não há quem, com responsabilidades governamentais, se sinta vexado por aquilo que se passou e que corre mundo no vídeo que mostra as agressões. E, desta vez, o país não corre o risco de passar uma má imagem para o exterior e o pobre do presidente do clube ao qual pertencem esses adeptos está totalmente isento de culpas. Afinal, é o benfic@ e o seu presidente nunca soube que as claques existem.