A receita de jogar à Sporting ficou na lista de boas intenções e num discurso para motivar uma equipa sem processos de jogo assimilados, depois de meses a ser dirigida por uma nulidade. Valeu a solidariedade dos jogadores, o pontinho, a estreia do Miguel e a enorme exibição dos que vestiam a verde e branca na bancada

arsenal sporting

Sejamos pragmáticos e sinceros: não jogamos a casca de um tremoço. Não, não é “não jogámos”, é mesmo “não jogamos”. E não jogamos porque, conforme se percebeu nestes dois últimos jogos, tivemos um atentado à mediania como treinador, tanto a nível da implementação de processos como a nível de discurso. Se a isso lhe juntarmos a inenarrável gestão do mercado, entre dispensas de quem podia ser titular e de quem só por favor o poderá ser num Sporting Clube de Portugal, está mais do que visto que “jogar à Sporting”, como o Tiago queria, é uma utopia.

E sendo uma utopia, o Sporting ficou-se pela mediania. Foi competente qb a defender, solidário também, deixando a zeros um Arsenal que só não marcara ao City e colocando um ponto final em não sei quantos anos a sofrer golos fora de casa para as competições europeias. Faltou o resto, sendo que o resto é muita coisa quando dás cerca de 70% de posse de bola ao teu adversário, não fazes um remate digno desse nome e acabas a ter como maior conquista um cantinho, já o relógio caminhava para os momentos finais.

Perdão, a maior conquista… foram duas. Primeiro, a estreia a titular de Miguel Luís; depois a incrível demonstração de apoio dos nossos adeptos, capazes de fazer as delícias de uns adeptos ingleses que estão mais do que habituados a grandes performances vocais na bancada. (se não acreditas, podes clicar aqui ou olhar para baixo)

Mas a verdade é que, mesmo dentro desta mediania futebolística, o Sporting trouxe importante ponto de Londres e só depende de si para continuar em frente na Liga Europa. Domingo há mais, num fim-de-semana que até nos pode colocar em primeiro lugar no campeonato, antes de uma pausa e da entrada de Marcel Keiser, o homem escolhido para contrariar a ideia de que Everything Is Average Nowadays.

Ficha de jogo
Arsenal-Sporting, 0-0
4.ª jornada do grupo E da Liga Europa
Emirates Stadium, em Londres (Inglaterra)
Árbitro: Gediminas Mazeika (Lituânia)

Arsenal: Petr Cech; Lichtsteiner (Maitland-Niles, 74′), Holding, Sokratis, Jenkinson (Kolasinac, 60′); Guendouzi, Ramsey; Smith Rowe, Mkhitaryan, Iwobi e Welbeck (Aubameyang, 30′)
Suplentes não utilizados: Martínez, Mustafi, Torreira e Nketiah
Treinador: Unai Emery

Sporting: Renan Ribeiro; Bruno Gaspar, Coates, Mathieu, Acuña; Gudelj, Miguel Luís (Petrovic, 85′), Bruno Fernandes; Nani, Diaby (Jovane Cabral, 83′) e Montero (Bas Dost, 68′)
Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Jefferson e Carlos Mané
Treinador: Tiago Fernandes

Ação disciplinar: cartão amarelo a Lichtsteiner (20′), Bruno Gaspar (41′), Acuña (67′), Guendouzi (71′) e Miguel Luís (74′); cartão vermelho direto a Mathieu (87′)