Neste fim de semana, mais uma vez, as nossas 5 equipas de Futebol Feminino fizeram um pleno: 5 jogos 5 vitórias.

Comecemos pelas mais novas que é delas a primazia: no sábado 24, à 11h, no Campo nº 6 Estádio Universitário Lisboa e a contar para o Campeonato Distrital da AFLisboa de Futebol Masculino, escalão Infantis sub 13, em Futebol de 7, o Sporting CP (Femin.) venceu o Ollivais e Moscavide (Mascul.)por 4-2 com golos de Lara, Rita, Laura e Filipa.

À mesma hora, mas para o Campeonato Distrital da AFL de Futebol Feminino, escalão Juvenis sub 17, em Futebol de 7, jogámos no Campo Novo do GD Ponterrolense e vencemos o Torreense com golos de Andreia Bravo (Meio/Campo – 13 anos: 3g), Catarina Mairos ( Meio/Campo – 14 anos: 1g) e Maria Cavalheiro (Ataque – 14 anos: 1g).

Também no sábado, mas às 15h, em jogo para o Nacional de Juniores sub19, futebol de 9, 1ª Fase Série E, recebemos no Campo nº 6 Academia Sporting, o Grupo Desportivo A-dos- Francos que vencemos por 6-1 com golos de Margarida Caniço (Ataque – 15 anos – 4 golos), Raquel Ferreira (Meio/Campo – 16 anos – 1 golo) e Alícia Correia (Meio/Campo – 15 anos – 1 golo). Notem que o jogo era de sub 19 e 5 dos nossos 6 golos foram apontados por 2 meninas de 15 anos e o outro por uma de 16 anos. Dá para perceber as palavras da treinadora Mariana Cabral, falando aquando da sua “nomeação” para o “júri” da Bola de Ouro: “Creio que, mais ano, menos ano, vamos ver uma jogadora portuguesa formada no Sporting na lista [de nomeadas para a Bola de Ouro]”.

Já no Domingo entraram em acção as 2 Equipas “Séniores” (sendo que a do Sporting “B”, apenas contava com 1 jogadora com 21 anos e todas as outras tinham 19 anos ou menos. Para a História, as “fichas dos 2 jogos:
LIGA BPI – 1ª Divisão Séniores: 15h – Complexo Desportivo de Valadares – Valadares Gaia FC 0-Sporting CP 2. Golos SCP: Diana Silva (Ataque/23 anos/1.60m – 1 golo), Carolina Mendes (Ataque/ 30 anos/.73m – 1 golo)
Campeonato Nacional da 2ª Divisão Seniores 1ª Fase Série D: 15h – Est. Mun. Almeirim – UFC Almeirim 1-Sporting CP “B” 12. Golos SCP: (Marta Ferreira/Meio-Campo/16 anos/1.64m – 4 golos), Beatriz Conduto (Ataque/18 anos/1.66m – 4 golos), Joana Martins (Meio/Campo/18 anos/1.64m – 2golos), Rita Barreto (Meio-Campo/18 anos/?m – 1 golo) e Bárbara Lopes (Meio-Campo/16 anos/?m – 1 golo).

Feitas as “contas” do fim de semana, permitam-me “voltar à carga” com a questão da composição do nosso plantel senior A.
Primeira nota: deram-se bem conta da declaração da Mariana Cabral, acima citada? Pois, fiquem então cientes que elas só são possíveis (e credíveis) porque o Sporting optou por um projecto de formar uma equipa competitiva com base na jogadora portuguesa (foram campeãs, logo no 1º ano sem uma única estrangeira e a equipa do Braga, que “entrou” na Liga no mesmo ano, contava com 7 estrangeiras) que seria progressivamente alimentada com jogadoras formadas praticamente desde a base, no nosso clube; até à 1ª “fornada” da formação estar pronta para a alta competição senior, procurar-se-ia ajustar o plantel com algumas contratações de jogadoras estrangeira, contratações essas mais ditadas pelo critério da oportunidade do que o do investimento na melhoria substancial do plantel (cuja base, repito, se pretende de jogadoras portuguesas).

Atentemos então nos exemplos de Braga e Sporting e como ambos os clubes desenharam os seus projectos de Futebol Feminino:
Na FORMAÇÃO, como vimos, o SPORTING tem equipas a competir com atletas desde os 9 anos e sempre em escalões de idades “acima” dos que normalmente integraria as idades das nossas atletas: as infantis entre os 9 e 12 anos competem contra rapazes de 12 e 13 anos; a equipa de sub 17 iniciou a sua competição com atletas entre os 12 e os 15 anos; o plantel de sub 19 conta com atletas entre os 14 e os 18 anos, muitas das quais competem aos sábados em sub19, futebol de 9 e aso domingos em Futebol de 11 sénior da 2ª Divisão.

Ora, o BRAGA, na FORMAÇÃO, apenas compete no escalão de sub 19 que iniciou o ano passado. Mas, para perceberem melhor como o projecto do Braga assenta nas contratações de estrangeiras ou dejogadoras já “feitas” para obter resultados desportivos no curto prazo, basta atentarem nesta significativa diferença: na AFD de Lisboa não existe competição feminina senão a partir do escalão sub17, mas o sportin tem equipas em competição com atletas desde os 9 anos; na AFD de Braga existe competição feminina desde o escalão sub 13, mas o Braga só no ano passado iniciou a sua “formação” restrirta ao escalão sub 19. Tendo em atenção que, a partir do próximo ano começarão a contar com a “concorrência regional” do Vitória de Guimarães, até o “municiamento” da sua equipa sub 19 será mais dificultado e exigirá mais investimento alocado.

Passemos agora à análise da tão propalada deficiência da composição do nosso plantel sénior. Tentemos fazer o mesmo exercício de comparação:
– na época 2016/17 o Sporting não tinha qualquer jogadora estrangeira e o Braga tinha Barrinha (brasileira), Andréa Miron (espanhola), Carla Alvarez (espanhola), Natália Sanchez (espanhola), Otti (brasileira), Géssica (brasileira), Gabi Morais (brasileira), Clau (espanhola) e Pauleta (espanhola), num total de 9 estrangeiras; (*1)
– na época 2017/18, o Sporting contratou 3 estrangeiras, Carly Baldwin e Sharon Wojcik (ambas norte americanas) e Carolina Vanegas (venezuelana); o Braga, “despachou” 7 das nove estrangeiras que tinha, asim transitando do ano anterior apenas Pauleta e Gabi Morais, mas contratou Ophélie Wasner (França), Jana e Bruna Rosa (ambas do Brasil), ficando, deste modo, nessa época, com 5 estrangeiras no plantel; (*2)
– na época em curso, o Sporting dispensou Carolina Vanegas e contratou a sérvia Nevena Damjanović e a sueca Nathalie Persson; o Braga apenas fez transitar da época anterior a brasileira Jana e fez 8 novas contratações: 3 norte americanas (Denali Murnam, Carly Gould e Hannah Keane, a canadiana Laris Staub, a venezuelana Daniuska Rodriguez, a ganesa Ahialey, a nigeriana Chinaza Uchendu e a camaronesa Farida Machia. Em 3 épocas o Sporting fez um total de 5 contratações de estrangeiras e o Braga fez um total de 20 (de que detém, agora, 9).

Sobre assertividade nas composição do plantel, só com estes dados, poderíamo “ficar conversados”. Mas, dizem os críticos, o problema está neste ano: o Braga reforçou-se muito e bem … com jogadoras altas … com mais poderio físico. Bom, admitamos que sim! Tudo foram rosas na recomposição do plantel do Braga! E alguém sabe dizer quanto custou isso? Quais os reflexos no futuro do projecto? Mas deixemos isso também “de lado”: Será que essas 8 novas contratações foram todas tão assertivas assim? Vejamos o quadro das jogadoras do Braga com mais utilização nos jogos oficiais até o começo da jornada deste domingo:

tabela braga

Como podem ver, só a capitã, Vanessa Marques, é totalista (e, já agora, a maior goleadora da equipa, sendo centro-campista e “portuguesa”). Das 8 estrangeiras contratadas, só 3 estão no top 10 de utilização no 4º, 7º e 10º lugares!!! Se calhar, as contratações não foram um “plus” assim tão grande quanto isso. E se falarmos da relação custo benefício, provavelmente, haveria muito a apontar à recomposição do plantel.
(*1) Nessa época o Sporting jogou 3 vezes com o Braga, ganhou 2 e empatou 1 e conquistou Campeonato e Taça
(*2) Nessa época o Sporting jogou 4 vezes com o Braga, ganhou 3 e empatou 1 e conquistou Campeonato, Taça e Supertaça

* às segundas, o Álvaro Antunes faz-se ao Atlântico e prepara-nos um petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino