O voleibol é uma modalidade especial. Não sei as razões para se gostar tanto, mas tem ali uma mística. Normalmente há pouco dinheiro, poucas formas de o gerar e jogar voleibol requer um grande sacrifício pessoal (e financeiro) transversal a uma grande parte dos jogadores(as) das equipas. Na verdade, racionalmente, não há um motivo válido para se ser jogador de voleibol em Portugal, há sim razões passionais (coisas que a paixão explica).

Até dá para sorrir:
– O que é que queres fazer da vida?
– Ser jogador de voleibol!!
– Eia, porquê?
– Porque quero ser rico!

Ainda assim, os factos dizem que há centenas de praticantes da modalidade e dezenas de pessoas que entregam muito(íssimo) do seu tempo livre, de forma gratuita, ao voleibol. Se quem estiver a ler este post já praticou voleibol, certamente que há um “Sô Pinto” ou uma “Dona Ana” que imediatamente lhe vem à cabeça. O senhor roupeiro, o senhor director, o senhor condutor, tantos.

Gondomar, Madalena, Fiães, Santo Tirso, Martingança, Esmoriz, Oeiras, São Mamede de Infesta, Espinho, Gueifães, Castelo da Maia, Caldas da Rainha, Viana do Castelo, Famalicão, Fonte do Bastardo, Amora, Condeixa ou Lousã. Todas terras que o voleibol já se misturou com as pessoas que lá vivem.

Porquê? Porque é que continuam a existir tantos praticantes? Infelizmente não tenho a pretensão de fazer um post que aponte os motivos para este sucesso da modalidade. Sim é um sucesso porque fazer omeletes com tão pouco ovos é bem exigente!

Certo é que o título do post ainda não foi justificado. Todo este paleio romântico serve para introduzir uma das decisões do voleibol do Sporting me deixou mais orgulho e ajuda a justificar este mundo que tantos gostam: A sede semanal do Sporting é em Fiães.

treino-voleibol

Não vou argumentar motivações, vou argumentar factos. Não vou dizer que “isto” é assim “porque” bla bla bla. Irei mostrar o potencial deste protocolo.

Quem vive fora de Lisboa, a norte do país por exemplo, sofre o seu Sportinguismo à distância. Imaginem morar no grande Porto e decidir que o seu grande objetivo pedagógico como pessoa é tornar o seu filho adepto do grande Sporting Clube de Portugal. É uma tarefa bem complicada porque as ajudas são poucas. Evidentemente, pela proximidade geográfica com o epicentro leonino, os sportinguistas de Lisboa têm essa tarefa facilitada. Por aqui é mais difícil (difícil com um f).

Então como é que podemos ter ajuda? Como é que expandimos a marca Sporting ao ponto de esbarrarmos, literalmente, com o símbolo no dia a dia? Como é que descentralizamos? O voleibol tem uma lição para dar!

A nossa equipa masculina treina no “melhor recinto do país para a prática de voleibol”, palavras do presidente da Câmara de Santa Maria da Feira. O pavilhão municipal de Fiães, localidade que 99% das pessoas que me estão a ler nunca foram, é casa da equipa profissional do Sporting Clube de Portugal.

Consigo, apenas lançando este tema, motivar-vos para entender o impacto que isto pode ter nas crianças que por lá andam?

Esta localidade que conhece o voleibol, recebe o campeão nacional todas as semanas para treinar e preparar-se para as vitórias. Por ter sido uma vontade do Sporting, a câmara exigiu contrapartidas, como mostram inúmeras notícias relativas ao protocolo assinado. Então o município exigiu que “o clube de Alvalade terá que apetrechar a sala de musculação do pavilhão, (…) compromete-se também a dar formação desportiva nas escolas do concelho, assim como a apoiar o Clube Desportivo de Fiães na formação dos seus próprios jogadores e técnicos”.

Eu sorrio com isto porque onde está escrita a palavra “contrapartida” eu leio abertura das portas à marca Sporting a todos os jovens (e adultos) da região e à evolução do voleibol.

Evidentemente que não estou a sugerir que todas as modalidades estejam espalhadas pelo país, porém estou a insinuar que se analise esta decisão geografia com os olhos da marca Sporting.
Até onde podem chegar este tipo de iniciativas?
Até onde conseguimos o retorno de notoriedade?
Até onde podemos ir com esta espécie de descentralização?
Até onde já foi o voleibol do Sporting em Fiães?

É verdade que temos academias de futebol por todo o mundo, temos escolas de formação de futebol do Sporting pelo país, mas isto não poderá ser um novo paradigma?

Nós, o Sporting, temos a possibilidade de vibrar em tantas modalidades que se perde a conta aos campeões. O voleibol mostrou um caminho interessante e com um potencial gigante. Deslocalizou-se uma equipa profissional, aproximou-se a mesma com a população local e expandimos horizontes. Os sportinguistas gostam, os núcleos adoram e quem ganha é o Sporting, sempre!

Vamos olhar para a realidade com os olhos certos e vamos perceber outras formas de contagiar esta paixão verde por todo este país. Não é fortuitamente que surgiu o “Vocês sabem lá”
www.youtube.com/watch?v=cg4pMmWLXJg

Fim-de-semana desportivo
Os seniores masculinos folgaram e as seniores femininas venceram a AA São Mamede por 3-0 (21-25; 25-27; 14-25).

Bê-a-bá do Voleibol
Hoje é simples, rápido e objectivo porque não quero desfocar do tema do post, portanto:
– Pode-se jogar com os pés no voleibol?
– Pode.

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol)