Três míseros pontos nos últimos três jogos para a Liga, que nos afastam dos lugares cimeiros e tornam a luta pelo título não só complicada como praticamente impossível. Era uma questão de tempo até que a fantástica estratégica de Keizer começasse a vacilar perante a incompetência de quem não planeou uma temporada com seriedade, que o plantel curto e sem alternativas começasse a dar de si e que, sem resolver os problemas defensivos colectivos, algumas equipas encontrassem forma de marcar sem sofrer cabazadas todas as partidas.

Este Sporting não foi pensado. Não é mais que um conjunto de cacos que fazem mais ou menos um plantel, sem grandes alternativas para qualquer treinador, sem grandes elementos que possam alterar estratégias e que, durante muito tempo, teve resultados bem a cima daquilo que é espelhado pelo planeamento da temporada.

Janeiro é uma oportunidade única da nova direcção de inverter esta tendência, armando o seu treinador de jogadores com perfil e qualidade de jogar no Sporting, construindo as próximas temporadas com uma base sólida e sem os verdadeiros êxodos que se verificam Verão após Verão, de erros de casting atrás de erros de casting, potenciados pelo crescente desaproveitamento dos atletas que formamos.

Disse, e continuarei a dizer, que é muito complicado que um clube que troca de treinador a meio da temporada consiga ser campeão. Seja que clube for e seja que treinador for. As provas estão dadas um pouco por todo o mundo do futebol, mesmo nos emblemas mais poderosos e mesmo nos planteis mais valiosos. Um homem que não pode planear, escolher, pensar e treinar desde o princípio as suas ideias dificilmente consegue vencer uma prova de regularidade. O que não significa que não possa vencer alguma prova.

São necessárias alternativas urgentes para a frente de ataque, é necessária uma alternativa urgente ao meio-campo defensivo, precisamos de um lateral esquerdo de raiz que não se tenha esquecido de jogar futebol, um guarda-redes com categoria para ser titular do Sporting (por muito que simpatize com Salin e Renan, nenhum dos dois é este homem) e até de um central para ser alternativa séria a Mathieu (esquerdino, rápido, confortável com a bola no pé).
E enquanto o tempo vai passando, Francisco Geraldes parece-me a única coisa boa que o mercado trouxe e muito dificilmente se assumirá como titular se Wendel e Bruno Fernandes mantiverem o nível alto dos últimos meses, ainda mais com a crescente importância de Miguel Luís no grupo.

O Keizerball tropeçou e não será a última vez esta temporada. A ilusão trazida por aqueles primeiros jogos não disfarça a mancha da incompetência que se perpetua neste clube há décadas. Mas Marcel Keizer tem a postura, a visão e o futebol que podem construir um clube melhor, valorizar jogadores e vencer troféus. Merece mais qualidade ao seu dispor, mais jogadores e tempo para implementar tudo aquilo em que acredita.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa