Pretendo com este comentário “meter as mãos na massa” e questionar todo o raciocínio que os Sportinguistas têm sido levados a fazer relativamente ao plantel. Pretendo demonstrar que o nosso problema não se resolve antes de mais com compras, mas com vendas, bem como arguir que não temos hipóteses de ser campeões este ano, por isso só nos resta formar um plantel campeão para um horizonte de 2/3 anos. Peço-vos que analisem com atenção. Vejamos:

Plantel actual do Sporting (entre parêntesis jogadores que são formalmente parte do plantel actualmente, mas relativamente aos quais a ideia não parece ser que fiquem, com excepção do Thierry, do qual falarei em pormenor):

gr: renan, salin, luis maximiano
de: lumor, acuna, jefferson
dd: bruno gaspar, risto, (thierry)
dc: mathieu, coates, andré pinto
mdc: gudelj, petrovic, misic, batta (lesionado), (bruno paulista?)
mc: miguel luis, wendell, bruno fernandes, chico geraldes
ext:jovane,raphinha, nani, mane, (alan ruiz?)
av:freddy, bas dost, diaby, castaignos, luis phellype

total: 28 (+ 3)
dispensáveis de caras: castaignos, misic, jefferson (+ alan ruiz e bruno paulista)
total depois de dispensas óbvias = 26 (25 + thierry – é um lateral direito campeão europeu e julgo que deve fazer parte do plantel a 100%, porque não nos é fácil arranjarmos melhor – veja-se como gastámos 4M e contratámos o bruno gaspar, mesmo que contratássemos bem, custaria dinheiro que não me parece que devemos gastar quando podemos lançar o nosso dd para o futuro)

para recomposição do plantel
saídas: renan (jeitoso, mas defende “no buraco”, não assume a área nem a saída de bola); acuña (dava um bom negócio e não é um enorme jogador); coates? (não defende bem a profundidade); bruno gaspar (já se viu que não serve); gudelj (não serve para o queremos e não o queremos para o que serve); petrovic (não é jogador para o sporting); diaby (epah, é jeitoso, mas só – mt trapalhão); freddy ? (31 anos e já se viu que é bom jogador, mas não é aquele jogador que queremos ali)

Atentem que, mais coisa menos coisa, é esta a reestruturação que temos mesmo de fazer. Os jogadores que temos e que não têm lugar no nosso plantel são estes, não há volta a dar-lhe. Pelo menos, estes. Poderão vir dizer-me que, por exemplo, o mané devia sair também, mas eu decidi incluir o mané porque (i) é jovem (ii) da formação (iii) já provou que é bom jogador e pode ser muito útil (iv) nomeadamente, tem “golo”, (v) não é particularmente caro mantê-lo (vi) pretende relançar a carreira pelo que é um bom jogador de plantel, que poderá esperar novamente pela sua oportunidade e voltar a brilhar. São seis razões discutíveis, mas que eu decidi acolher.

Decidi manter o lumor porque, ainda que nos pareça que não conta, a verdade é que é um jovem internacional, com mercado e com margem de progressão. Pode não ser hoje o jogador de que precisamos, mas pelo menos tem o potencial, coisa que o jefferson e o acuña já não têm, para o bem e para o mal são “jogadores feitos” e, mais coisa menos coisa, foram feitos assim como estão.

Decidi ainda manter, para já, o andré pinto porque é 3.º/4.º central, cumpre como 3.º/4.º central,não é particularmente caro e não tem aspirações e sabe que vale como 3.º/4.º central. E é o que está. Mas, a prazo, pode ir à vida dele também.

Se fizéssemos esta reestruturação, ficávamos com 18 ou 20 jogadores (se mantivéssemos coates e freddy). Vou assumir que são 20, apesar de em rigor achar que deviam ser 18 porque a ideia é resolvermos os problemas e não adiá-os. Nesse caso, ficam assim distribuídos:

gr: salin, luis maximiniano
de: lumor
dd: risto, thierry
dc: mathieu, coates, andré pinto
mdc: batta (lesionado)
mc: miguel luis, wendell, bruno fernandes, chico geraldes
ext:jovane,raphinha, nani, mane,
av:freddy, bas dost, luis phellype

São 20 jogadores, sendo que há mais dois que devemos pensar em substituir o quanto antes. É curto, muito curto. Mas o 11 não ficava significativamente pior se apostássemos nos miúdos. Vejamos (e vou fazer ênfase nos miúdos que entrariam no 11 inicial):
GR – luis maximiniano (iria errar, mas temos o renan, não penso que fôssemos perder muito por aí, sendo que é um gr com escola do Sporting e potencial, só precisa de uma oportunidade e não há razão para que não imite o Patrício a partir de 2019/2020)
DE – Lumor (temos tido algum dos nossos laterais esquerdos pelo qual devamos suspirar se em vez deles jogar o lumor? não creio)
DD – Risto (ficaria igual à melhor opção que temos agora, suplente seria o thierry)
DC – Coates e Mathieu (ficaria igual ao que temo agora)
MDC – Aqui temos um problema, mas para efeitos deste raciocínio admitamos que adaptávamos o miguel luís ou o wendell. Perdíamos muito face ao Gudelj que temos? Não creio, provavelmente até ganhávamos.
MC – Wendell e Bruno Fernandes ou Miguel Luís e Bruno Fernandes, Chico Geraldes a morder os calcanhares, ficávamos pior? Não.
Extremos: Nani e Raphinha + Jovane e Mané. Ficávamos iguais ao que estamos.
Avançado: Bas Dost (+ Montero e Luis Phellype, na prática só perdiamos o… Diaby)

PRIMEIRO PONTO ASSENTE: Se fizéssemos uma limpeza radical, não perdíamos grande coisa em termos de 11 base, com excepção do caso particular da posição 6, devido à lesão do battaglia (e atenção que eu também acho que o battaglia poderia ir à vida dele quando fossem o coates e o freddy, porque não é o battaglia que queremos ali e tem mercado)

SEGUNDO PONTO ASSENTE: Com um plantel de 20 jogadores, mas com um lesionado na posição 6, que é a mais carecida, precisaríamos de compor o plantel com mais 5/6 jogadores, para ficarmos dentor dos 25/26 recomendados.

Quem ocupar esses seis lugares, jogadores da formação ou jogadores adquiridos no mercado? Em que posições? Julgo que a solução deve passar (i) pelo preenchimento das posições necessitadas de alternativas, (ii) pela opção preferencial pela aposta na formação, salvo se for evidente que conseguimos melhor no mercado.

Sugiro assim uma solução que, tendo em conta as limitações financeiras, a necessidade de construir uma equipa que possa vir a lutar pelo título e o custo/benefício, tenda a optar por (i) ir preferencialmente ao mercado quando for preciso no imediato colmatar um lugar no 11 e (ii) ir preferencialmente à formação quando a ideia for colmatar um lugar no plantel. Temos ainda de ter em conta que temos a rodar jogadores da formação que tanto podem receber um lugar no plantel em 2019/2020 como podem mesmo entrar directamente no 11.

treino-academia-sporting-2019

PODEMOS AGORA IR ÀS COMPRAS.

1. DE QUE POSIÇÕES PRECISAMOS? Precisamos de 1 terceiro GR (porque ficamos só com 2). Precisamos de um lateral esquerdo para entrar directamente no 11; Precisamos de um 3.º central; Precisamos de um 6 directamente para o 11 e outro 6 como opção; Podemos precisar de mais um extremo ou avançado, para compor plantel;

Vamos assumir que são:
2 jogadores para entrar directamente no 11
4 jogadores para compor plantel
Vamos ainda pensar que temos Domingos Duarte, eventualmente (quem dera) Demiral, Palhinha, Ryan Gauld, Matheus Pereira e Gelson Dala (pelo menos estes) prontos a regressar em 2019/2020 e que deixámos para a próxima época ou, pelo menos, para o médio prazo, os “problemas” Coates (não defende a profundidade), Mathieu (já não é novo), André Pinto (não dá mais), Batta (com muito mercado e poucos pés), Nani (já não é novo), Freddy (não dá mais e já não é novo);

Feito este raciocínio:
DE directamente para o 11 – não sei quem possa ser, mas tem de ser top.
MDC directamente para o 11 – apostaria em Eustáquio, mas estou aberto a sugestões. Tem de ser top.
3.º GR – Temos o Stoijkovic e ficava com ele. Se não correr bem a nenhum dos dois no resto desta época, iria buscar um 1.º GR, mas só para 2019/2020, ou resgatar o Viviano, se estiver bem na SPAL.
2.º MDC – Alô, Bragança, Bruno Paz?
3.º Central – Eu queria o Demiral ou o Domingos Duarte, mas o Ilori parece-me boa aposta, rápido, boa saída de bola, boas características para o controle da profundidade, deve ter ganho músculo no Championship. Contra tenho apenas a forma como saiu. Outra alternativa é subir o Kiki ou, caso renove, o Tiago Djaló, porque é para compor plantel.
O 6.º – Subia de vez ou o Pedro Marques (temos o Dala, lembram-se?), ou o Bruno Paz. Apenas um deles, sendo que o outro podia continuar a vir treinar com os grandes.

Esta era, em suma, a abordagem que propunha. Substituir jogadores que não dão mais por jogadores que podem dar mais e têm tudo para dar mais, começar a construir uma equipa que pode ser campeã, sem perder ou até ganhando qualidade no imediato e reduzindo custos, mas assumindo que este ano o 1.º lugar é miragem e o 2.º só se nos correr muito bem e/ou correr mal aos outros. Mas com foco em construir a base de uma equipa campeã, que esta manifestamente não é.

E sobretudo, sem ir ao mercado fazer o que podemos fazer com prata da casa. Olhemos para Castaignos, Renan, André Pinto, Gudelj, Misic, Petrovic, Diaby, Marcelo, Bruno Gaspar e outros, e pensemos: para que raio fomos gastar dinheiro com eles? O que é que eles nos trouxeram que um miúdo qualquer da formação não possa trazer no imediato, sendo capaz de trazer em dobro ou no triplo ao fim de meia época? Qual a lógica? Se sabemos que quando contratamos para o plantel em regra não sai grande coisa, para que é que vamos contratar sem termos a certeza que é um Dost, um Mathieu, um Raphinha ou um Nani, quando temos os campeõezinhos à espera de uma oportunidade, como anos de clube e escolhidos a dedo ao longo de anos de selecção? Temos “tomates” para assumirmos esta empreitada? Somos capazes de dar a uma equipa assim condições para crescer? É o que veremos. Eu faria assim. Deixo-vos esta reflexão.

Comentário feito por Rui Moreira
*«eu ouvi o teu comentário» é servido sempre que o homem do balcão consiga distinguir uma boa posta por entre o barulho dos pratos