O resultado da primeira mão complicava tudo, mas o golo de Bruno Fernandes fez acreditar que era possível seguir em frente, mesmo sem conseguir ligar uma jogada de ataque. Depois, veio o coelhinho…

É totalmente verdade que o Sporting foi prejudicado nas duas mãos da eliminatória, em Alvalade com uma dualidade de critérios gritante, em Espanha com uma incrível expulsão que matou a equipa quando parecia agarrar-se à vida com o golo de Bruno Fernandes caído do céu. Mas também é totalmente verdade que, no conjunto dos dois jogos e actuando, sempre, contra aquela que não é a principal equipa do Villarreal, o Sporting foi de uma pobreza de ideias assustadora.

E é nisto que eu estou. É nisto que estamos. Tipo Bruce Boss, a olhar para o caderno em branco, tentando escrever aquela canção que todas as pessoas gostem, mas que, raispartaestamerda, não sai. Só que em versão futebol que, vai para 17 anos, não consegue dar-nos uma época que nos faça felizes e que nos faça sorrir. E por muito que nos agarremos à modalidades, isso cansa.

Tal como cansa continuar a ver o Gudelj em campo (desculpem a insistência), sempre a chegar atrasado a todos e quaisquer lances. Tal como cansa entrar nos jogos sem chama, ontem com a agravante de estarmos em desvantagem e termos passado a primeira parte sem chegar à área adversária, aguentando vários assaltos à nossa antes do defesa amarelo enterrar e ter o azar de ser Bruno Fernandes a aproveitar esse deslize para ir direitinho em direcção à baliza e marcar mais um belíssimo golo. E cansa, ó se cansa, ser tratado pelos árbitros da ueFA como um parente pobre desta merda toda, seguindo-se uma incapacidade gritante de quem comanda as tropas para as reorganizar devidamente e para não fazer figurinhas como a de deixar jogadores eternamente a aquecer como se estivesse a preparar um prolongamento que, a partir do golo espanhol, jamais existiria.

Ninguém sabe o que estaria a passar pela cabeça de mister Marcel Keizer, mas deveria ter dado um nó semelhante ao que se deu no cérebro de Bas Dost que, na última jogada, optou por meter o pé onde devia meter a cabeça para fazer o golo que nos teria dado a possibilidade de, olhando para a folha em branco, ter criado um qualquer refrão engraçado. E tudo isto em vésperas de um momento que, diz-se, fará um ponto de situação sobre o estado da nação leonina e que eu temo que nos deixe exactamente na mesma: a atirar o caderno em branco contra a parede, porque há alturas em que cansa mesmo não perceber que raio de merda querem cantar.

I ain’t nothing but tired
Man, I’m just tired and bored with myself
Hey there baby, I could use just a little help
You can’t start a fire
You can’t start a fire without a spark