Eu gosto de andebol. Muito mais do que futebol.

Tive a sorte de acompanhar a selecção nacional de 2000 a 2014 em trabalho para a Antena 1. Nesse período acompanhei para a antena 1 todos os jogos oficiais e a maioria dos particulares. Estive no europeu da Croácia em 2000, no mundial de França em 2001, no europeu da Suécia em 2002, no mundial de Portugal em 2003, no europeu da Eslovénia em 2004. E no europeu de andebol da Suíça em 2006.Depois de 2006 nunca mais Portugal foi a nenhuma fase final. Já esteve perto várias vezes e não duvido que lá chegará em breve.

Gosto da modalidade e dos atletas. Tenho milhares de recordações de coisas boas que vivi esses anos todos, com jogadores, com treinadores, com dirigentes, com colegas. Festejei as vitórias, sofri com as derrotas e insultei os Nachevskis quando nos roubaram em Albertville uma meia final dum mundial.

Fiz milhares de km de viagens para todos os cantos da Europa. Aprendi a respeitar quem lê o jornal ao contrário. Começam da última página para a primeira para ler sobre andebol em primeiro lugar. Aprendi a respeitar quem demora quase 2 dias a chegar a Zaporizhia na Ucrânia em pleno inverno no início de Janeiro para fazer um jogo. Fiz a viagem com eles e sei o que custavam as 5 ou 6 horas de autocarro do aeroporto de Donetsk até Zaporizhia com 20 negativos cá fora. Viagens de 24 horas para chegar a qualquer lado eram o pão nosso de cada dia.

No andebol é normal os jornalistas viajarem com a selecção, até ficar nos mesmos hotéis e comer nos mesmos restaurantes. As partes respeitam-se e aprendem a conhecer-se. Comigo as coisas sempre funcionaram nessa base de respeito, que na verdade, é opinião pessoal, faz falta no resto. Lembro-me dos cigarros que gostava de fumar com o Luis Pinto no fim dos jogos. Muitas vezes com um frio de rachar. Já gostava muito de andebol, mas acompanhar a selecção durante anos seguidos fez de mim “viciado” na modalidade.

Apeteceu-me escrever isto hoje porque o Sporting conseguiu um feito histórico. Chegar aos 1/8 final da liga dos campeões é algo incrível. Muito boa gente nem imagina o que isso significa. A dificuldade que é atingir este nível.

Não é futebol, não interessa, Infelizmente é assim que a maioria pensa. Mas eu vi o jogo aqui no Gana e vibrei. Alguns, já jogavam no tempo em que os acompanhava na selecção. A única coisa que tenho pena é de não ter estado em Bucareste para narrar o momento…

Este texto pertence a Pedro Cid e foi apanhado no facebook