De acordo com o site ECO, o Sporting está a ultimar um acordo de empréstimo com o fundo Apollo no valor de 65 milhões de euros, com uma taxa de juro inferior a dois dígitos, e com base na titularização das receitas de direitos televisivos da NOS. É a solução imediata para ultrapassar os problemas de tesouraria da SAD, que identificou necessidades de 41 milhões de euros até junho, sob pena de falhar pagamentos a fornecedores e, assim, pôr em causa o ‘fairplay’ financeiro e vir a ser impedido de se inscrever nas competições europeias já no final de março.

Há dias, no âmbito de uma operação de mercado, a SAD do Sporting foi obrigado a comunicar ao mercado o estado das suas contas, e a situação de emergência financeira: Naquele documento, Frederico Varandas revelou que a SAD sportinguista pretendia concluir dentro de semanas uma “operação de titularização de créditos detidos pela Sporting SAD relativos ao contrato de cedência de direitos de transmissão televisiva dos jogos disputados pela equipa principal de futebol estabelecido entre a Sporting SAD e a NOS“. Neste momento, disse à TVI24 Francisco Salgado Zenha, administrador financeiro da SAD, o Sporting tem cerca de 70% dos mais de 500 milhões de euros de contrato a dez anos com aquela operadora.

Assessorado pela StormHarbour, uma casa de investimento internacional liderada pelo português António Caçorino, o Sporting está a tentar várias soluções: Uma delas, segundo o ECO Insider (newsletter de acesso reservado a assinantes) de sexta-feira, é um acordo com um investidor americano de ascendência paquistanesa e que já tem investimentos no desporto. Mas para entrar no capital da SAD. Antes, de acordo com fontes de mercado contactadas pelo ECO, a gestão do clube, liderada por Varandas e por Francisco Salgado Zenha, quer resolver um problema imediato de tesouraria e de reestruturação de dívida.

O ECO questionou o administrador financeiro do Sporting, mas não foi possível obter quaisquer esclarecimentos até à publicação desta notícia e o fundo Apollo também não fez quaisquer declarações sobre este tema.

O Sporting, recorde-se, tem dois níveis de problemas: as dívidas a fornecedores, nomeadamente a clubes terceiros, e a dívida à banca. Os dois bancos credores do Sporting, o BCP e o Novo Banco, estão disponíveis para ‘vender’ a dívida e os chamados VMOC (um palavrão que quer dizer Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) – no valor de 135 milhões de euros – de forma global a um desconto único e irrepetível. Quanto? Na ordem dos 70%.

Uma fonte que conhece os detalhes do acordo entre o Sporting e o Apollo – fundo que comprou as antigas seguradoras Tranquilidade Açoreana – garante que tem as mesmas características da operação que foi feita com a SAD do Porto. “É um acordo fechado, que servirá para pagar dívidas e para reestruturar o balanço da SAD”. Mas não foi possível clarificar se o pagamento de dívidas envolve também a liquidação das dívidas bancárias. No caso do F.CPorto, houve uma antecipação de receita de 100 milhões de euros.

Outra fonte do mercado financeiro garante que a venda de titularização de créditos relativos a direitos televisivos pode ser uma boa operação para um fundo internacional. “As yields deverão ser muito favoráveis, entre os 4,5% e os 6%, e para um banco que não tenha exposição ao Sporting, o risco é limitado”. O BCP e o Novo Banco, recorde-se, tem o crédito ao Sporting classificado como NPE, ou Non-Performing Exposure. E para quem quer saber mais sobre estas responsabilidades, pode consultar aqui este relatório.

Além da despesa corrente, como os salários, o Sporting tem um ‘waiver’, leia-se mais tempo, para pagar ao BCP e ao Novo Banco uma dívida entre os 35 e os 40 milhões de euros, decorrente do não cumprimento de um contrato passado, que obrigava, por exemplo, o Sporting a pagar uma percentagem das transferências de jogadores. Miguel Maya e António Ramalho são dois concorrentes que estão a trabalhar em sindicato. Ou o Sporting resolve de uma vez a dívida global, leia-se o crédito e aqueles títulos convertíveis em ações, e aproveita o desconto, ou vai ter de pagar tudo até ao último euro.

Uma fonte de um banco credor revelou ao ECO que não há qualquer condição para um aumento da exposição de risco ao Sporting. Nem a qualquer outro clube, já agora. E se não aparecer uma proposta global de recompra daquelas responsabilidades, os dois bancos vão exigir o pagamento dos empréstimos ao valor nominal. Ou comunicar ao supervisor que este cliente está em dívida e falhou o pagamento.