Há quanto tempo dura a caça às bruxas no reino do Sporting? Eu não sei responder, pois perdi a conta ao número de anos através dos quais aquilo que nos liga efectivamente ao Clube foi sendo relegado para segundo plano. E, ontem, foi dado mais um passo, grave, no sentido de dizer-nos que o Sporting assenta numa guerra de egos, de ódios, de luta pelo poder que não é o de transformar o Clube de Portugal em algo cada vez maior.

No espaço de dois dias e ao invés de aproveitarmos a pequena onda de felicidade de dez dias repletos de vitórias ao nível das mais variadas modalidades, muitas delas importantes como a conquista da Taça de Portugal em Futsal, a confirmação da final four da Champions de Hóquei ou a vitória na meia final da Taça de Portugal em futebol, assistimos a mais um episódio de humilhação pública do Sporting e, pelo menos eu sinto-o, dos Sportinguistas.

Começou com os supostos SMS que o actual presidente, Frederico Varandas, terá enviado a Rafael Leão, onde nem faltou o fantástico “contaram-me” desse bandalho que dá pelo nome de André Ventura. É grave? Obviamente que o será se for provado. Obviamente que o será se o presidente do Lille resolver abrir a boca para, pelo menos, explicar o porquê de, fanfarrão, atirar que “tenho a certeza que o Lille nada pagará ao Sporting por Rafael Leão”. Será grave se se provar que algo como esse SMS contribuiu para que Frederico Varandas tivesse recuado naquilo que dava como garantia por alturas da campanha eleitoral: a razão do Sporting em todos os processos, à excepção do de Rui Patrício.

O troco tardou menos de 24h e, em vez de um SMS, entregou-se, de bandeja, os resultados de uma auditoria forense, pedida para averiguar a existência de crimes por parte da anterior direcção. A quem? Ao Record. Ao CM. À Cofina. O ponto de partida para o dia seguinte, o dia em que as 250 páginas dessa auditoria correm livremente pela web, mostrando ao mundo tudo e mais alguma coisa sobre os resultados apurados, mas não só. Odenados, comissões, rescisões, estratégia. O Sporting de pernas abertas ou de cu alçado, conforme gostarem mais!

E nada disto invalida que o conteúdo da auditoria seja grave. É. Muito. E deverá ser investigado até às últimas consequências, mesmo que o Sporting até possa ser conduzido a tribunal por divulgação de dados confidenciais.

Mas se o conteúdo é grave, não o é menos a demonstração de cabal falta de respeito pelos sócios e o renovado sentimento de incompetência gerado por esta acção!
Não deveriam estes resultados ser apresentados, em primeira mão, aos associados do Sporting através de uma AG de que esta direcção tanto medo parece ter? Ou, se havia essa vontade de apresentar resultados, não deveriam os mesmos ser divulgados pelos canais oficiais do clube e, inclusivamente, partilhados através de email e de sms, convidando os sócios a linkar-se à auditoria?
Como é que esta direcção consegue justificar o não poder divulgar o nome da Apollo e, agora, entregar um relatório sobre a vida do Sporting ao mundo?!?

“Acabou-se o circo!”, dizia ele…

Não acabou. Está longe de acabar. E jamais estará terminado enquanto o clube for visto como algo que deve ser governado tendo em vista interesses próprios. Enquanto tivermos “ilustres” figuras a apelidar de javardos outros Sportinguistas, termo pouco simpático, mas sintomático daquela que é a imagem do Sporting: uma pocilga. Uma pocilga onde cabem todos os javardos e javardinhos. Onde cabem todas as javardices que se dizem, que se fazem. Onde os adeptos anseiam por mais um motivo que os faça mergulhar no esterco e salpicar tudo à sua volta.