Jogo à luz do dia, Alvalade com uma das melhores casas da época, adeptos envolvidos, equipa a fazer um dos melhores jogos da temporada. Só faltou a goleada, que embateu por quatro vezes nos ferros

Vamos lá despachar a conversa do lance de Acuña, antes do golo de Raphinha que abriu o marcador: sim, o argentino fez falta. Estúpida, como grande parte das faltas que faz, e fora da área. O bandeirinha não assinalou, o árbitro não assinalou, o VAR não podia assinalar porque no seguimento da jogada o Guimarães chegou a recuperar a bola e isso invalida a intervenção do vídeo. E, já agora, aproveitamos para despachar a melhor oportunidade de golo do Guimarães, que chegou a Alvalade abdicando da sua referência ofensiva para baralhar com três homens rápidos e que, à passagem dos 15 minutos, viu Davidson não conseguir responder a um passe dessa figura mítica chamada Ola John.

A partir desse momento, só deu Sporting. Logo na resposta, Diaby disparou ao lado e deu o mote para o que se seguiu. Em quinze minutos, o Sporting acertaria três vezes nos ferros da baliza de Miguel Silva: Raphinha quase marcou um dos golos do ano; depois assistiu para uma bomba de ângulo apertado disparada por Bruno Fernandes; e ainda fez nova assistência para um desvio de cabeça de Luiz Phellype. Juntemos-lhe um livre de Mathieu para defesa do redes e um remate de Diaby para a defesa da tarde.

O Vitória de Guimarães parecia um boneco de feira colocado na roda da cigana, incapaz de travar os desenhos ofensivos dos Leões e ficando petrificado na barraquinha do tiro ao boneco. Quando, aos 38 minutos, Bruno Fernandes lançou Raphinha de forma soberba e o camisola 21 foi capaz de contornar o redes e, de ângulo complicado, disparar uma bomba que explodiu no fundo das redes, não havia a mínima dúvida da justiça que se fazia. E o segundo só não apareceu porque o remate de Luiz Phellype, mesmo em cima dos 45, voltou a embater na trave, e a bomba de Bruno Fernandes, destinada ao ângulo, saiu com a mira alguns centímetros desviada.

Logo a abrir o segundo tempo, Renan colocou longo em Raphinha que, junto à linha da direita, fez uma recepção perfeita, arrancou em direcção à área e cruzou rasteiro para a emenda de Luiz Phellype. Aos 50 minutos o Sporting aplicava o KO no adversário. Logo a seguir, Doumbia esticou a perna como se fosse o Marco Aurélio, roubou a bola, deixou-a em Bruno Fernandes e este estendeu a passadeira para a arrancada de Raphinha que quase deu um golaço com a bola cortada ao poste mais distante. E, sem tempo para respirar, os vimaranenses viam Acuña mostrar os maiores ovos do mundo, meter em Bruno Fernandes, este fazer um passe de futebol de praia para o menina Raphinha voltar a embalar, devolvendo a bola ao camisola 8 que remataria com a bola a passar tão perto do poste que no intervalo apenas caberia a garrafa de futebol champanhe que se abriria para festejar esse golo.

Depois os Leões baixaram o ritmo, voltou a perder-se a oportunidade de dar mais minutos aos miúdos, mas o mais marcante da partida é que, entre os 15 minutos da primeira parte e os 15 da segunda, o Sporting fez uma das melhores, senão a melhor exibição da época, respondendo à presença de 44 mil adeptos na bancadas, muitos deles vindos dos 110 Núcleos leoninos espalhados pelo mundo e apenas focados na oportunidade de celebrarem estar a ver o seu Sporting ao vivo e a cores. Tudo isto à luz do dia, coisa cada vez mais rara e que nos causa tanta saudade como já causava uma tarde destas, passada entre o Pavilhão e o Estádio. Uma tarde de total Sporting. Uma tarde de total football.