A poucas semanas do fecho do campeonato e com uma equipa que pouco mais pode aspirar nesta competição para além do (simpático) terceiro lugar, é altura de Frederico Varandas e a sua equipa (que tantas vezes nos garantiram já estar a trabalhar na próxima temporada) decidirem o futuro do treinador por si escolhido.

A promessa de futebol espectáculo, jogo de posse e muitos golos são agora memórias distantes da ilusão que tínhamos aquando a contratação do desconhecido holandês, que revolucionou o futebol do Sporting e, até certo momento, nos fez sonhar. Igualmente a garantia da aposta na prata da casa foi rapidamente substituída pela necessidade urgente de vitórias, num Sporting que vive em implosão constante e em que a estabilidade ficou definitivamente arredada. Dentro e fora das quatro linhas.

Ainda assim, Keizer já entregou um troféu ao nosso museu e disputará uma nova final (frente ao mesmo rival) no dia 25 de Maio, no Jamor. Se formos realistas, estes eram os únicos títulos que o Sporting poderia verdadeiramente aspirar desde Agosto do ano passado e o treinador (que chegou a meio da convulsão) parece estar num bom caminho para ser o primeiro técnico em muitos anos a vencer duas competições.

Nos clubes grandes, os títulos não são tudo se o futebol não acompanhar as conquistas. Mas nos clubes grandes que pouco vencem, os títulos devem ser o único e principal medidor de sucesso. Nesse sentido, Keizer pode bem tornar-se um dos mais bem sucedidos da última década.

A minha opinião é clara: montar um plantel digno da instituição Sporting Clube de Portugal, chamar para primeiro plano muitos dos craques da nossa formação, compor posições carenciadas com muita da prata da casa, contratar bem e caro, e fazer de tudo para manter alguns dos principais jogadores (desde logo Bruno Fernandes, Coates e Mathieu). Dando estas condições a Keizer, parece-me óbvio que devemos manter o técnico e dar-lhe mais e melhores condições de poder disputar uma prova de regularidade, respeitando as suas ideias e tendo clara consciência de que, mais uma vez, partimos de trás em relação aos principais rivais.

Marcel Keizer tem boas ideias e que, bem implementadas, acredito que se possam ser uma lufada de ar fresco no futebol português. Mas tem também um lado algo cobarde na forma de gestão do plantel e optou muitas vezes pelo resultado em prol daquilo em que diz acreditar. Nunca será um homem consensual, mas não me parece que nenhuma das soluções apontadas (mais por adeptos que por imprensa) lhe sejam superiores de alguma forma.

O Keizerball terá milhões de adeptos outra vez se fizer aquilo que prometeu: valorizar a formação do Sporting, dar espectáculo e convencer-nos de uma vez por todas que vale a pena pagar bilhetes para ver esta equipa jogar.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa