1 – Como nasceu o teu Sportinguismo e quais os momentos do Sporting com que mais vibraste, Malcolm? Descreve um deles.
Tenho de recuar aos primeiros anos de infância em que nas peladinhas que começavam de manha e acabavam à noite os mais velhos escolhiam e equipa e os mais novos não tinham outro remédio senão jogar à baliza. Recordo do grande Yazalde escolher aqui o Damas que passava dias de gloria a impedir que o adversário chegasse primeiro aos 10 e depois aos 20… Depois foi um processo que se foi consolidando, desde o acompanhar o Yazalde caminhando pela via férrea entre Vizela e Guimarães para ver os jogos do cronico ou os relatos das goleadas no hóquei ou a selecção de hóquei com o cinco maravilha ou a cidade desportiva prometida por João Rocha ou …

Não consigo decidir entre dois, a conquista do Carlos Lopes em LA, que num café na cidade onde passava férias (Povoa Varzim) dei comigo agarrado a desconhecidos, chorando de alegria pelo primeiro ouro olímpico Português, ou o fim do Jejum em 2000, em que passei a noite, em Braga, cidade onde na altura vivia, festejando com milhares de Sportinguista que nunca pensei que existissem nessa cidade.

2 – Como tens visto o Sporting desde que te lembras de ser Sportinguista, ou seja, qual a tua opinião sobre o passado e o presente do clube?
“O essencial não é triunfar, mas batalhar.” Coubertin
Passei os 80s em que efectivamente éramos enormes, diferenciávamo-nos pela ambição e grandeza, diferenciávamo-nos pelo ecletismo e pelo desportivismo, depois chegou a fase do conformismo, suportado pela ideia do somos diferentes e isso basta, da desistência de lutar pelos ideais olímpicos, subjugados pelo pântano em que se transformou o desporto a todos os níveis. Nos últimos anos em que assisti a uma tentativa de batalhar pelos nossos ideais, em assumir a nossa diferença, temo, temo não, tenho a certeza, que o conformismo está de regresso.

3- Qual a tua perspectiva de futuro do clube? Como gostarias que fosse?
Para falar do futuro, tenho necessariamente de falar no passado recente, depois de uma vez mais, a exemplo do sucedido na década de 70 e 80 ter assistido a um Clube pioneiro, na primeira metade desta década e em poucos anos patrocinamos medidas que paulatinamente tem revolucionado o desporto em Portugal, mas não só. O desporto nos dias que correm já nada tem a ver com o desporto do início desta década, estas revoluções demoram anos, décadas para ser totalmente assimiladas e implementadas. Contribuímos com orgulho para o muito que já se fez e tenho a noção que muito ainda está por fazer, mas as revoluções fazem sangue e vitimas e tenho a certeza que o Clube foi vitima do seu pioneirismo e regressou à letargia e à subjugação de tempos que pelo a mim, não provocam saudade.

4 – Se fosses candidato quais as principais medidas que aplicavas (Financeiras-Projecto Desportivo -Futebol e Modalidades)? O que achas do sistema eleitoral ? Quais seriam as tuas bandeiras como candidata?
a) Viver de acordo com o proporcionado pelos orçamentos e batalhar pela vitoria, em todos os palcos, incluindo obviamente o desportivo – Citius, Altius, Fortius
b) Desproporcionado, um voto um sócio, com um interregno de uma eleição para ter direito a votar.
c) Nunca desistir de lutar, podem castigar, podem censurar, mas nunca, em momento algum calariam a ideia e ou a busca pela verdade.

5 – O que achas dos denominados notáveis ou ilustres e o que farias em relação às claques?
Desculpem a linguagem, os ilustres os notáveis, foram quem conduziu o clube durante décadas para o abismo, pelo que tenho de ser curto e grosso, que vão para a grande puta que os pariu.
Já quanto às claque recordo o pioneirismo do nosso clube na sua criação e implementação em Portugal, necessariamente não podem ser um negocio mas preferia mil vezes ter as claques integradas no clube em detrimento daqueles grupinhos e grupelhos que abundam no nosso clube, stromps, cinquentenários, conselho leonino e por ai fora que ninguém sabe para que servem, pelo menos as claques tem um propósito … apoiar o clube e contribuir para o espectáculo.

6 – Que medidas aplicarias em relação à melhoria do futebol nacional em todas as suas áreas (arbitragem -ligas -campeonato – mais ou menos clubes, no fundo organização do futebol nacional)?
I – Sobre a arbitragem intensificação das novas tecnologias, a linha de golo, as imagens no estadio, a justificação em directo das decisões, tudo aquilo que possa melhorar e que seja autorizado pela IBoard

II – Sobre a regulamentação da arbitragem – avaliações e relatórios públicos, possibilidade de contraditório dos árbitros avaliados e caso de reversão das avaliações com penalização para os avaliadores. Toda esta malta recebe uma montanha de dinheiro será de bom tom que sejam profissionais naquilo que é suposto fazer.

III – Sobre o campeonato, somos um país demasiado pequeno para tantas equipas, redução para 12 no final das 22 jornadas apurava-se o campeão de Inverno, vulgo Taça da Liga com apuramento para a Liga Europa do vencedor. De seguida dois grupos de 6, portanto 10 Jornadas para apurar o Campeão e os restantes qualificados para as competições europeias, no segundo grupo disputava-se a permanência/despromoção. Planteis poderiam ser mais curtos, logo mais económicos e com uma carga de jogos menor, mais capazes de enfrentar as noites europeias.

7 – Qual o teu jogo mais marcante como Sportinguista? E qual o teu onze ideal, incluindo um técnico?
Jogos foram vários e como não consigo decidir por um e porque considero o Atletismo um jogo, tenho de escolher a vitoria do Carlos em LA. Definitivamente, foi o “jogo” que mais me marcou.

Damas
C.Xavier, Luisinho, A.Cruz e R.Jorge
Figo, Douglas, Duscher,Balakov
Sá Pinto e Jordão
Treinador estava tentado a colocar o Prof Moniz Pereira, como como é de futebol que estamos a falar talvez M.Jozic, que fez milagres com uma equipa de “putos”, muita pena de não ter ficado mais tempo.

8 – Malcolm, supõe que estás a falar às massas Sportinguistas num momento importante. Qual seria a tua mensagem?
Fácil, fácil como diria alguém … As víboras sempre estiveram presentes, depois apareceram de todos os lados os lacraus, mas os verdadeiros perigos vêm dos escorpiões, como que dando razão à fábula.

*às sextas, o Sonhador convida um tasqueiro para a mesa do canto e coloca-lhe uma mão cheia e meia de perguntas às quais não vale dizer talvez

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