Num jogo que cedo se percebeu que nada decidia, tentou condicionar-se o jogo seguinte, entre as mesmas equipas, numa prova que ambas querem seriamente conquistar. Não poderia haver melhor desfecho para o campeonato da mentira

Quando, no final, Sérgio Conceição tem o desplante de interromper quem o entrevista para passar a mensagem de que não entende o porquê de Corona ter sido expulso, tu sorris. Ironicamente, claro, mas na tua cabeça passa rapidamente a ideia de que, efectivamente, não fazia parte do plano esse vermelho.

A ideia, bem pelo contrário, era provocar Acuña, tentando que, depois da expulsão ridícula de Borja, o Sporting avançasse para o Jamor impedido de utilizar as duas opções principais para a lateral esquerda da defesa, num buraco que se juntaria à ausência de Ristovski, do lado contrário. Acontece que Acuña teve a capacidade de perceber tudo o que se passava e tudo o que estava em jogo e aguentou-se (e, mesmo assim, não escapou ao amarelo).

Antes, aos 17 minutos, já Borja tinha sido posto na rua. Não há quem seja capaz de justificar o porquê da expulsão, mas Veríssimo decidiu passar do amarelo para o vermelho depois de consultar o VAR. O Sporting teve que baixar Acuña, Bruno Fernandes teve que passar do meio para a esquerda, alternando com Diaby, mas, mesmo assim, a equipa equilibrou-se e teve em campo homens que, jogando melhor ou pior, foram capazes de dar tudo o que tinham em busca de uma vitória.

Luiz Phellype colocou-nos em vantagem, Bruno Fernandes levou uma ombrada na boca por parte do Militão que nem amarelo mereceu, tal como Filipe escapou à expulsão pela falta feita sobre Diaby (imagino a cara do Ristovski a ver aquilo pela televisão…). Estávamos no Dragão, mas parecia que tínhamos voltado às Antas.

Depois veio o golo o empate, numa bola parada, veio a paragem cerebral do Keizer que, em inferioridade numérica e a precisar de pressionar alto e esticar o jogo, coloca Bas Dost no lugar de Phellype, e vem o golo da vitória portista, novamente num canto, novamente em mais um momento impagável de arbitragem que nem com as linhas tecnológicas foi capaz de ver o fora de jogo de Herrera.

Ponto final perfeito para aquele que é cantado como o campeonato da mentira e no qual, dentro de três meses, estaremos novamente a jogar. Resta saber se, até lá, nos deixam pelo menos tentar ganhar uma Taça de Portugal e uma Supertaça.