O Sporting apresentou uma queixa ao Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) e à Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) contra a Federação Portuguesa de Rugby (FPR) depois de, no passado sábado, o organismo ter atribuído medalhas apenas aos campeões nacionais na variante masculina, atitude que os responsáveis “leoninos” dizem ser um “claro desrespeito pela condição da mulher no desporto”.

A queixa foi enviada por email e a posição do Sporting é clara: o clube “leonino”, que no passado sábado se sagrou tricampeão nacional de râguebi feminino, quer que o IPDJ e a CIG sejam “exigentes” e não se fiquem “apenas por recomendações”, depois de a FPR ter tido um “comportamento misógino” que deve ser “erradicado do desporto português”.

No email a que o jornal Público teve acesso, os “leões” recordam que a “Constituição é clara” ao referir que “ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual” e que, “embora, o regime jurídico das federações desportivas não preveja a suspensão por incumprimento ao nível da igualdade de género”, o “estatuto de utilidade pública desportiva pode ser suspenso por despacho fundamentado do membro do Governo responsável pela área do desporto” no caso do “não cumprimento da legislação contra a dopagem no desporto, bem como da relativa ao combate à violência, à corrupção, ao racismo e à xenofobia.”

Em declarações ao Público, Rafael Lucas Pereira, responsável pela secção de râguebi do Sporting, acrescentou que a “denúncia é em nome de todas as mulheres e raparigas portuguesas que praticam desporto. Este comportamento é inaceitável nos tempos que correm. Aguardo com expectativa a opinião sobre este assunto dos patrocinadores da federação”.

Do lado da FPR, João Pereira de Faria lembrou que direcção actual foi eleita “há muito pouco tempo” e que “uma das situações” com que se deparou “foi com a não atribuição de medalhas no único escalão competitivo feminino”. “A situação até é caricata, porque estávamos a preparar a atribuição das medalhas às equipas, convidando-as para estar nos [torneios de] sevens do Algarve ou de Lisboa. Entrámos agora e estamos a assumir uma série de coisas que já se estavam a desenrolar. A comissão de gestão tinha dado indicações para não serem feitas as atribuições das medalhas invocando razões que não interessam agora. Não nos revemos nisso”, afirmou o vice-presidente federativo, que tomou posse a 11 de Abril.

Contactada pelo Público, a CIG confirmou que a queixa deu entrada nos serviços e que a mesma será objecto de análise pela divisão jurídica. “Só após o apuramento de toda a informação, a CIG estará em condições de se pronunciar”, acrescentou uma fonte.