Nos últimos dias, muito se tem falado de um possível interromper da modalidade Ciclismo por parte do Sporting Clube de Portugal. Tudo começou numa notícia do jornal O Jogo, onde se falava dos cortes previstos para as modalidades e, certamente, esse será um dos temas em debate na AG do próximo dia 29.

E já que falamos em ciclismo, recuamos a Novembro de 2018. O Sporting entrava entrava na sua quarta temporada e apresentava Marco Chagas como conselheiro do Ciclismo. Curiosamente, em entrevista ao mesmo jornal, Chagas assumia que 2019 seria determinante para aferir se o projeto, ligado ao Tavira, iria ter continuidade.

«Aceitei este convite da Direção porque entendo poder contribuir para uma maior ligação entre o Sporting e o Clube de Ciclismo de Tavira. Estando toda a estrutura e parte técnica sediadas em Tavira, sentiu-se um distanciamento grande. Havia um elemento da Direção anterior a fazer a ponte, mas não tinha conhecimento e ele próprio admitiu isso. Quero saber como funciona a equipa.»
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«Estando nesta parceria importante, que vai para o quarto ano, notou-se alguma ausência do Sporting enquanto Direção; em determinados momentos deveriam ter estado mais presentes. Incluo a Volta a Portugal. Não pode ser só uma presença simbólica. Outros clubes têm o presidente a acompanhar – os atletas sentem-no. Fora do clube, sou crítico quanto ao Sporting e aqui aponto críticas à parceria Sporting-Tavira. Não sou um sportinguista doente.»
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«Este ano (2019) será muito importante. Estamos a perceber o que pode ser melhorado para esta parceria continuar. Dirigentes das modalidades do Sporting já se reuniram com o Tavira. Mesmo que a associação com o Tavira e o apoio da cidade não seja o que gostaríamos… é o possível para já.»
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«O Tavira tem uma enorme tradição [equipa do mundo há mais tempo em atividade ininterrupta na modalidade] e peso no ciclismo, mesmo vindo de uma dimensão pequena. Não faço futurologia, mas até pelo respeito pelas pessoas daquela terra e pelo fundador [Brito da Mana], vamos fazer tudo para alcançar o máximo de vitórias. Ao longo do ano decidir-se-á o futuro.»

Entretanto, na passada sexta-feira, em declarações à Rádio Renascença, Vidal Freitas, diretor desportivo do Sporting-Tavira garantia nada saber sobre a intenção de os leões acabarem com a parceria estabelecida com o clube algarvio.

“Não tenho a informação se o Sporting quer renovar a parceria. Sei é que ela acaba a 31 de Dezembro. Mas até pode ser o Clube de Ciclismo [de Tavira] a não querer renovar, atenção! Não tem que obrigatoriamente ser o Sporting a não querer”, começa por referir Vidal Fitas, em Bola Branca, deixando entender que o acordo também pode romper-se pelo lado do emblema algarvio, o que, nesse caso, nada teria a ver com “desinvestimento”. “Se uma das partes não quiser renovar a parceria, nenhuma das outras deve ficar chateada”, acrescenta o dirigente da histórica equipa do pelotão nacional.

Analisando todas estas declarações, chegamos a um conclusão que, creio, será a de todos os Sportinguistas: a parceria não funcionou. Seja por falta de investimento, seja por falta de qualidade, seja por aquilo que for, a equipa não conseguiu uma vitória de relevo. Não me parece, no entanto, que isso obrigue a extinguir uma modalidade que faz parte da história do clube, que merece o carinho dos Sportinguistas e que é uma das que mais facilmente leva as camisolas verde e brancas a todo o país. Se é altura de repensar todo o projecto e toda a parceria, porque não equacionar algo sustentado e pensado ao nível da formação?

Dúvidas que ficam no ar e que merecem uma explicação clara na próxima Assembleia Geral.