A primeira vez que me fiz sócio foi em 1996. Há vinte e três anos.

Ia pela primeira vez praticar desporto no Sporting (Jiu-Jitsu, no velhinho Alvalade) e achei que tinha de ser. Era o orgulho.

Com o passar do tempo já achei que essa associação efectiva fez sentido… Já achei que não. A decisão flutua porque conheço demasiado bem a parte totalmente podre deste clube. E quando ela emerge, para mim, é insuportável. Como disse num post anterior há, ocasionalmente, uns fogachos que me animam. Mas sempre tive dificuldade em ‘seguir’. Sou individualista, pragmático e gosto de factos. Um feitio de merda.

Daí ter ficado agradavelmente surpreso nos últimos 5 anos. Sim, gostei muito da experiência social que foi BdC. Não era perfeita mas era, sinceramente, suficiente para mim. Decidi apoiar e não fazer parte do grupinho habitual que tentava destruir tudo — apontando e reduzindo, fosse o que fosse, aos mínimos detalhes. Gente que discutia pessoas e não ideias. Fartei-me de discutir com eles durante este período.

Mas era óbvio que quem está lá no fundo, nas bases, nas profundezas, mais cedo ou mais tarde, iria puxar para baixo quem tentou o corte epistemológico. É a natureza deles. Gostam de privilégios (10, 15, 20 votos! 🙂 ) Gostam de mordomias e odeiam a aproximação popular. Democracia? Antes a morte! Conheço muitos. Pessoalmente. São elitistas e não valem um chavelho enquanto pessoas.

É a génese do Sporting. A quinta. A coutada. O Country Club. Tirando uma ou outra pessoa excepcional e um ideal absolutamente magnífico (Esforço, Dedicação, Devoção e Glória) é isto que temos e é isto que o Sporting é. Já não tenho ilusões. E é este o meu problema. Eu sei o que ‘é’ o Sporting. Mas criei outro para mim mesmo. Para uso pessoal. Ao longo dos anos fui esculpindo a minha versão e fui ignorando todas as provas que tinha em primeira mão.

E depois fui pai há 8 anos… E o que é que eu fiz? Protegi o meu filho desta irracionalidade total que é ‘amar’ o Sporting (nem que seja o meu)? Não. Vesti-lhe uma verde e branca e siga para o franchise da academia no Saint Julian’s. Resultado desta bela merda de decisão? O miúdo é Sportinguista (ele ainda merece a maiúscula).

E agora? Deixo de ser sócio? Rasgo o cartão? E depois o que é que digo ao meu filho? “Olha, filho, o teu pai é um idiota que pensou (como aquele outro que foi presidente e agora foi expulso) que conseguia mudar a essência fundamental de um bando de inbreeders que tem a mania que são melhores do que os outros. Que são diferentes. Desculpas-me ter-te arrastado para esta porcaria e agora estares cheio de ilusões?”

Não sei o que fazer. Continuar parece-me utópico. Desistir? Bem, eu tenho defeito horrível… Odeio desistir. Odeio tanto que sou capaz de incorrer num erro durante anos só para não me dar por vencido. Mesmo que esteja. Não sei o que fazer. Desculpa, Afonso…

ESTE POST É DA AUTORIA DE… psfilipe
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]